PRÓLOGO

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Yorkshire, Inglaterra, 

Novembro de 1783

   O menino permanecia estático, uma das mãos apertando a do pai, a outra caída ao longo do corpo, o punho fechado, de maneira rígida. O temporal fustigava o guarda-chuva que o pai segurava sobre suas cabeças, enquanto o som abafado da terra molha que cobria o caixão misturava-se às palavras do vigário.

   O garoto cerrou os dentes, esforçando-se para não tremer. Não iria chorar. Estava orgulhoso por fazer parte do grupo de homens que assistiam à cerimônia fúnebre. Já que fora considerado adulto o suficiente para esta ali, não iria estragar tudo prorrompendo em lágrimas. Entretanto o que restava de infantil em seu íntimo desejava dar meia volta e sair correndo para casa a fim de esconder o rosto nas saias da ama que lá esperava, e, entre soluços, dar vazão à sua dor.

    - Do pó viemos e ao pó retornaremos...

   O menino ousou erguer o rosto para fitar o pai, cujas feições pareciam esculpidas em pedra. Não notou lágrimas, nada traia os pensamentos ou sentimentos do homem, porém a mão grande e forte apertou a do filho com firmeza.

   O garoto respirou fundo e tratou de se controlar. Seu pai era forte, e ele também seria. Os homens não choravam. Com gesto furtivo, limpou as lágrimas que teimavam em cair sobre seu rosto.

   O vigário terminou a leitura e deu um passo à frente, a fim de dirigir algumas palavras de consolo aos presentes. Em seguida, o pai do menino virou-se e levou-o consigo, para longe da sepultura da mulher que fora o porto seguro de suas vidas.

Indomável CondessaOnde histórias criam vida. Descubra agora