Londres, Inglaterra,
Outubro de 1810
- fez o que?!
Catherine Maury inclinou-se sobre a escrivaninha do tio, os punhos cerrados, uma expressão ultrajada no rosto.
O homem a sua frente piscou diversas vezes.
- Não precisa gritar. Não sou surdo.
- Quem dera eu fosse! Creio que não ouvi direito.
- Claro que ouviu. Eu disse que aceitei em seu nome o pedido de casamento de lorde Caldebeck.
Catherine se aprumou e encarou-o sem conseguir acreditar no que ouvira.
- Mais, tio Ambrose, por quê? Afora o fato de que não desejo casar com ninguém, mal conheço esse homem! Dancei comele algumas vezes, nos bailes desta temporada, mas nunca revelou nenhum interesse especial a meu respeito. Nem mesmo ouvi dizer que estava à procura de uma esposa.
- Caldbeck é conhecido por ocultar seus pensamentos, e nunca se sabe o que tem em mente, mas possui um título de conde e uma enorme fortuna. O homem é um enigma.
- Diria um autômato – replicou Catherine com um sorriso irônico.
A jovem se afastou da escrivaninha do tio com brusquidão, arrancou o chapéu gracioso e o atirou em cima de uma cadeira do outro lado da sala. Os cabelos ruivos caíram-lhe livremente sobre os ombros, e ela passou a mao pelos fios sedosos numa vã tentativa de arrumá-los.
- Lorde Caldbeck deve ser feito de Pedro! Nunca da uma gargalhada ou mesmo um sorriso, nunca... – Ela percorreu a biblioteca de um canto para o outro, dando pontapés na barra do vestido de montaria, e voltou à escrivaninha. - O que–estava pensando, tio? Não tem o direito...
O rosto de Ambrose Maury tingiu-se de rubro, e ele se defendeu.
- Ao contrário. Como seu tutor, é meu dever falar em seu nome. Será um ótimo enlace. Caldbeck é muito rico e fez uma oferta bastante vantajosa. Eu a aceitei e pronto!
Catherine, que conhecia muito bem o tio, deu mais alguns passos pela sala e voltou-se para fitá-lo outra vez, semicerrando os olhos azuis.
- Que tipo de oferta?
Ambrose Maury pareceu pouco à vontade e enxugou o suor do rosto.
- Ora, Catherine! Precisa entender certas coisas.
- que coisas? E que oferta? Quero saber de tudo!
Evitando fita-la, seu tio murmurou:
- Nesses últimos tempos, não tive sorte com os investimentos que fiz.
- Ah! E lorde Caldebeck esta oferecendo um acordo generoso. Começo a entender, mas o senhor precisa entender que não me casarei! Nunca! Dentro de seis meses receberei minha herança e não mais dependerei da sua hospitalidade. Não pode esperar até lá para se livrar de mim?
- Catherine, eu não posso esperar seis dias, quanto mais seis meses.
Ela pareceu ponderar sobre o que ouvira e arregalou os olhos.
- Então, está totalmente falido?
- Não compreendo por que precisa sempre ser tão direta, mas é verdade. De fato, não tenho um tostão. Caldbeck irá acerta toas as minhas dividas, pagar as hipotecas e me dar dinheiro suficiente para viver na América.
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Indomável Condessa
Roman d'amourSer forçada a ir para o altar não era um bom prenúncio para o casamento... Porém, como seus problemas financeiros a levaram para os braços do enigmatico conde de Caldbeck, Catherine Maury resolveu tirar o maior proveito possível da situação. Charles...