CAPÍTULO IV

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   Catherine despertou no leito com cortinado, ao som de água e sentindo perfume de lavanda. Tudo indicava que Sally estava lhe preparando o banho. Que estranho! Ela não pedira nada. Girou na cama e fez uma careta, porque se sentia muito dolorida.

   Não era de admirar, pensou. Passara grande parte da noite gemendo e se agitando com as carícias hábeis do marido, ou sentindo o peso de seu corpo musculoso, que se movia de modo ritmado e que a fizera alcançar picos de êxtase e paixão.

   Sorriu consigo mesma. Por mais fria que fosse sua aparência em sociedade, Caldbeck era um vulcão entre as quatro paredes do quarto! Já não se sentia curiosa a respeito de sexo.

   Sentou-se na cama e, com cuidado, afastou os lençóis, revelando uma larga mancha de sangue sobre a brancura do linho. Sim, por certo agora a criadagem já não teria dúvidas de que o casamento do amo fora consumado. Como poderia enfrentar o olhar de Sally essa manhã?

   E o que acontecera com sua camisola? Encontrou-a ao pé da cama. Caldbeck devia tê-la posto ali quando se levantara pela manhã. Catherine segurou o travesseiro ao lado e aspirou seu perfume. Ainda podia sentir a fragrância amadeirada dos cabelos do marido, e isso a fez estremecer de prazer.

   Enfiou a camisola pela cabeça e apoiou os pés sobre o tapete. Ao ouvir o rumor, Sally voltou-se, exibindo um largo sorriso.

   - Bom dia, milady. Hardraw me informou que desejava seu danho assim que acordasse.

   Hardraw? Sim, lembrou Catherine, o criado particular de Caldbeck. Sem dúvida fora o marido quem dera a ordem. Um leve aborrecimento a possuiu. Quem o conde pensava que era para decretar a que horas devia se banhar? Tratou de controlar a irritação porque, afinal, naquele momento, um banho não seria nada mal.

   Entrou na banheira, ficou com a água até o queixo e deixou-se envolver pelo calor delicioso, até que o aroma das ervas e sais desfez seu mau humor.

   Uma hora mais tarde, calma e relaxada, Catherine entrou na sala de jantar, onde encontrou o marido terminando o café. O conde levantou-se ao vê-la.

   - Bom dia. Dormiu bem?

   O habitual olhar frio encontrou o rosto corado de Catherine, que decidiu ser simpática.

   - Sim, e obrigada pelo banho. Foi muita consideração de sua parte.

   - Sou sempre um cavalheiro.

   Dessa vez ela imaginou um traço de ironia nas palavras de Caldbeck, mas com ele era impossível afirmar qualquer coisa.

   O marido passou o olhar pelo seu vestido de montaria e perguntou:

   - Vejo que se preparou para ondar a cavalo hoje. Tem certeza?

   Dessa vez Catherine sentiu as faces em fogo, e gaguejou:

   - Acho que... sim. Costumo mantar de lado.

- Que sorte!

De novo o leve tom de ironia, que a fez franzir as sobrancelhas. Sim, Caldbeck estava zombando dela.

- Sem dúvida – replicou, em tom sarcástico.

Mas é claro que o conde fingiu não perceber.

- Bem, depois que tomar seu desjejum, podemos cavalgar milady.

Saíram para a manhã outonal e fria, Catherine montando a égua castanha de sua propriedade, e Caldbeck em um alazão cinzento. As colinas se destacavam de encontro ao céu de anil, descortinando bosques nos tons quentes de outono, do amarelo ao ferrugem, onde, aqui e ali, surgiam ovelhas saltitantes.

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⏰ Última atualização: Aug 28, 2019 ⏰

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