Capítulo II

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   Lorde Caldbeck demorou muito para replicar, e Catherine temeu que de repente tivesse mudado de ideia sobre o casamento. Mas, por fim, ele murmurou:

   - Que alívio!

   Ela arregalou os olhos, espantada. Se o nobre se sentira ansioso por sua resposta, não demonstrara nem um pouco. Apontou para a porta ao ouvir do lado de fora o barulho de baús e caixas sendo arrastados.

   - Quando quer realizar a cerimônia, milorde? Creio que... não poderei ficar aqui por muito mais tempo.

   - O mais depressa possível. Já consegui uma licença especial. Talvez a senhorita precise fazer algumas compras. Tem um vestido branco?

   Catherine o encarou com ar apalermado.

   - Como?

   - Um vestido de noiva. Gostaria de vê-la trajando branco. – fez uma breve pausa e perguntou. – Creio que seria apropriado, não?

   Com o rosto em fogo, ela respondeu:

   - Claro que sim! Ou por acaso pensa...

   Caldbeck ergueu a mão pedindo que não continuasse a frase.

   - Como a senhorita, eu gosto de ser franco e honesto. E, voltando à pergunta anterior, tem ou não um vestido branco?

   - Sim, e quase novo. Para quando quer a cerimônia?

   Catherine detestava se sentir tão humilde e tímida na frente do conde. Como ele conseguia deixa-la assim, sem mesmo erguer a voz? Era um mistério.

   - hoje à tarde às quatro horas. Já combinei tudo com o vigário. Se desejar a presença de alguns convidados em especial, dê-me os nomes já, e mandarei meu secretario enviar convites. Inclusive tomei a liberdade de convida amigos seus para um jantar em minha casa de Londres.

   A raiva voltou a possuir Catherine, que pôs as mãos nos quadris.

   - Espere um minuto! Tomou à dianteira e convidou amigos meus para um jantar nupcial? Como podia ter tanta certeza de que eu iria aceitar a sua proposta?

   Caldbeck fitou-a com seriedade.

   - tinha pouca escolha, Kate. Você não nasceu para uma vida difícil de privações, e lamentaria se tal acontecesse. Imaginei que gostaria de ter seus amigos perto e se despedir, porque logo retornaremos a Yorkshire.

   Dessa vez Catherine percebeu um tom mais ameno na voz do conde. Talvez fosse mais sensível do que ela imaginara. Ante a súbita demonstração de simpatia, sentiu um nó na garganta, e apenas aquiesceu com um gesto.

   - Ótimo! Ficará em minha casa, é evidente. Diga a sua criada que faça suas malas, e mandarei meu lacaio transportá-las.

   Com os lábios cerrados, Catherine voltou a acenar, concordando, enquanto se esforçava para não chorar. Caldbeck tomou-lhe a mão e levou-a aos lábios.

   De repente, como se pensasse melhor, puxou-a para si e, sem lhe dar tempo mão de reagir, beijou-a na boca.

   Catherine sentiu a pressão do tórax rijo de encontro aos seios, e do rosto bem escanhoado contra sua face. P calor do beijo a percorreu da cabeça aos pés e, sem pensar, entregou-se ao abraço. Braços fortes a seguravam com força, fazendo-a perceber que o nobre não era de todo despojado de emoção.

   As pernas musculosas pressionaram as de Catherine e, quando ela começava a perde a noção de tempo e espaço, Caldbeck a soltou, tocando-a no rosto com dedos leves.

Indomável CondessaOnde histórias criam vida. Descubra agora