Ultimamente tenho pensado mais nele, no homem que me criou, no meu pai. Não consigo ficar afastada dele tanto tempo. É como se me arrancassem algo importante da minha rotina. Sinto falta de ser pequena e de tê-lo sempre por perto.
Sinto falta do colo dele, de quando ele brincava comigo, de quando ele me levava onde eu quisesse.
[sinto falta de tudo]... Até de casa...
-Querida, queres vir dar um passeio? - perguntou-me ele naquele dia.
-Sim, papá. Onde vamos?
-Surpresa, meu anjo. Surpresa.
E lá me levava ele pela mão e, eu, sentia-me segura apesar de ser só uma mão, mas não era um mão qualquer, era a mão do meu pai.
Mas os tempos foram mudando e eu fui crescendo.
-Filha, queres vir hoje com o pai?
-Não, pai. Tenho coisas combinadas com as minhas amigas.
-Mas, filha, é uma viagem surpresa!
-Pai, já não sou nenhuma criança.E, hoje, arrependo-me de não ter ido a todas aquelas viagens surpresas.
Seria a melhor delas todas, seria a viagem surpresa com a mão do meu pai.
A mão suave e segura do meu pai.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma mente disturbada prestes a ser contemplada
RomanceNo contemplamento da minha mente perante a tentativa da publicação dum pequeno conjunto de histórias anteriores denominada de "Atmosfera", publico agora um novo, também contendo histórias dessa anterior, mas com diferentes ângulos daquilo que pode s...