Capítulo 2

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Ainda em seu trabalho, Emma acabou guardando as luvas esquecidas no balcão. Pensara em entregar pessoalmente, caso a Sra. M.Locksley aparecesse na loja para buscá-las. As horas se passaram vagarosamente durante aquele dia e Emma não conseguia esquecer da imagem daquela mulher.

Finalmente o sinal soou, informando-lhe que seu turno chegara ao fim. Caminhou até o vestuário e ao abrir seu armário se deparou com o par de luvas, ficou encarando-as por alguns minutos ali mesmo, então aproximou lentamente e pôde sentir o perfume que ainda estava ali presente. Resolveu levá-las para o seu apartamento para decidir o que iria fazer com elas.

No caminho de volta para a casa, veio-lhe um pensamento no qual se perdeu por uns instantes. Ao chegar, Emma subiu correndo os três lances da escada até seu apartamento. Lembrara que tinha marcado de sair com seus amigos. Tomou seu banho, trocou de roupa, pondo um vestido, colocou no pescoço uma corrente que ganhara do seu namorado, Killian. Penteou seus cabelos fazendo-os ficarem mais alinhados e finalizou depositando em pouca quantidade o seu perfume preferido.

O longo toque de campainha soou. Ela apertou o botão para abrir e Killian subiu a escada sorrindo.

— August ligou?

— Não. — disse ela.

— Espero que ele não deixe de ir.

— Você vai ter que trabalhar neste sábado? — perguntou dando passagem para ele entrar em seu apartamento.

— Acredito que não. Você está livre?

— Estou livre na sexta — disse em um suspiro — Sábado é dia de fechar tarde a loja.

Killian sorriu.

— É uma conspiração. — ele pegou a mão dela e puxou os braços para que envolvessem sua cintura — Desde quando começou a trabalhar nessa loja não temos muito tempo juntos, mas quem sabe no domingo?

— Sim, podemos aproveitar no domingo. — ela soltou seus braços da cintura do Killian. Aquilo a fazia ter vergonha e se sentir tola.

Ela tentara ter um caso com o Killian três ou quatro vezes no decorrer do ano em que o conheceu, embora com resultados negativos; Killian disse que preferia esperar até que ela gostasse mais dele. Ele queria se casar com ela, e ela foi a primeira garota que ele pediu em casamento. Ela sabia que ele a pediria de novo antes de partirem para a Europa em uma viagem para comemorar o aniversário de namoro, mas ela não o amava bastante para casar-se com ele.

A campainha da porta tocou novamente e ela pulou do sofá indo em direção a janela para confirmar se eram seus amigos.

— São eles? — perguntou Killian.

— Sim — respondeu — Estamos descendo — falou em bom tom para que eles escutassem.

— Podemos ir?

— Claro, deixe-me pegar minha bolsa.

Logo mais ambos desceram as escadas e foram de encontro aos seus amigos. Na rua, começaram a andar em direção ao bar escolhido por eles. Killian caminhava junto com Graham, que olhava apenas algumas vezes para Emma, como se quisesse ver se ainda continuava ali. August segurava-a pelo braço para ajudá-la a passar nos trechos escorregadios e cheios de lama. Desciam a Third Avenue, enquanto Killian falava sobre a ida deles à Europa no próximo verão. Emma sentiu um aperto de vergonha, sendo deixada para trás junto com seu amigo.

— Qual o problema? — August perguntou.

— Nada. — respondeu exacerbada.

— Está com frio? — insistiu em querer saber o que a incomodava.

— Não. De jeito nenhum.

Na verdade ela estava com frio e ao mesmo tempo contrariada, de um modo geral. Minutos depois já estavam no bar procurando lugares vazios para sentarem juntos, ao se acomodarem próximo do balcão, logo pediram suas bebidas e começaram a conversar.

— Não toma vinho? — Emma perguntou diretamente ao August.

— Eu só tomo cerveja. O resto me faz vomitar. — respondeu dando um gole de leve em sua bebida que acabara de chegar.

— O vinho me deixa travessa, mas no bom sentido. — Emma sorriu.

— Bebo pra esquecer que devo me levantar para trabalhar. — disse o Killian reclamando.

— Este é o seu problema. Você deveria beber porque se lembra que tem um emprego. — disse Graham.

— Você tem um emprego. — Emma direcionou seu olhar para seu amigo.

— Você chama de emprego? Eu chamo de ilusão. — respondeu enquanto dava algumas risadas com Killian.

— Pagam a você. O dinheiro é uma ilusão? — August perguntou.

— Meu irmãozinho, o filósofo idiota. — bufou.

— Onde você esta trabalhando? — Emma perguntou para August.

— Você não sabia? August trabalha no New York Times. — Killian respondeu imediatamente.

— Está brincando?

— É um emprego. Eu realmente quero escrever, ser roteirista, por isso sou cinéfilo, era o que eu realmente gostaria de fazer.

— Todos são escritores. Emma, antes que eu fique bêbado e esqueça — Graham tirou uma câmera da bolsa e passou para Emma.

— Você consertou! — disse radiante.

— Eu te falei que era fácil.

— Obrigada, Graham, estava com saudades. — Emma começou a mexer na câmera.

— Então você esta tirando fotos? — August perguntou interessado.

— Se emociona mais pela câmera que viajar comigo à Europa. — disse Killian

— Mulheres. — Graham notava a felicidade da Emma ao ter sua câmera de volta.

Emma direciona a câmera para eles e tira algumas fotos para guardar de lembrança.

Com o passar das horas, todos já estavam à caminho das suas casas. Killian e Graham já estavam embriagados.

— Killian, cuidado você.... — Emma tentou alertá-lo sobre o caminho que ele estava percorrendo e acabou derrubando uma bicicleta.

— Inacreditável, a Associação Anticidadão sabe que vocês estão soltos? — Killian disse se referindo à alguns estranhos que olhavam para ele com desdém.

— Deveria vir ao Times jantar algum dia, trabalho à noite. Meu amigo é editor de fotografia e gosta de ensinar. Posso lhe apresentar. — August disse entusiasmado.

— Sério? Eu adoraria. — Emma deu um breve sorriso, olhou para Killian e Graham que estavam cambaleando, mantendo o apoio um no outro para conseguirem andar melhor.

~*~

Emma ajudou Killian a subir as escadas do seu apartamento com uma certa dificuldade. Deixara ele tomar seu banho, logo em seguida Killian deitou-se na cama e caiu em um sono profundo. Mais uma vez seus pensamentos foram direcionados para a mulher que almejava tanto desde o dia em que a viu. Em uma atitude súbita, Emma pegou sua bolsa que usara para trabalhar e pegou as luvas que estavam guardadas nela. Pegou um cartão simples que tinha, junto com um envelope e uma caneta, que a manteve suspensa sobre o cartão, pensando no que poderia escrever: "Você é magnífica" ou até mesmo "Gostaria de sair comigo em um dia qualquer?", acabou por escrever a mensagem impessoal e inexpressiva: "Saudações especiais da Frankenberg's". E acrescentou seu número da seção 654-A, em vez da sua assinatura. Hesitou por alguns minutos na hora de descer e depositar o envelope na caixa de correios que tinha do outro lado da sua rua. Perdeu a coragem ao ver sua mão segurando o cartão que estava inserido pela metade. O que aconteceria? O que importaria à mulher? As suas sobrancelhas talvez se erguessem um pouco confusa, ela olharia o cartão por um instante, em seguida esqueceria ao ver seu par de luvas pretas. Mesmo com tantos receios, Emma acabou inserindo o cartão de vez no envelope e desceu as escadas e depositou na caixa de correios.

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⏰ Last updated: Feb 25, 2019 ⏰

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