Capítulo 8

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O próprio inferno

A multidão inteira foi dividida entre pessoas desesperadas sem saber o que fazer e pessoas ansiosas em ajudar o garoto. Deixo minha bandeja cair ao chão e rapidamente vou em direção ao corpo carbonizado do menino enquanto toda a fila faz o mesmo. Corro em direção à origem de todos os gritos abafados e pedidos de socorro. Logo surge um aglomerado de rostos em volta do pilar em que Collin estava caído próximo.

— Alguém chama Hecbert ou alguma ondina, precisamos de ajuda aqui.— A voz de Violet se sobressaía em meio aos murmúrios vindo da aglomeração. Me aproximo mais um pouco na tentativa de localizar Collin entre todas aquelas armaduras.

Quando enfim o alcanço noto que ele estava desacordado. Seus cabelos ainda exalavam uma curta e fina fumaça, seu pequeno terno estava completamente chamuscado no local em que a bola de fogo o antingiu, ele não tremia, nem se quer conseguia exprimir alguma coisa.

Sinto meu rosto empalidecer e meu sangue parar de circular por um momento. Não poderia ver outra pessoa morrer sem poder fazer nada, não hoje.

— CHAMEM O DIRETOR.— Grito reforçando o pedido de Violet e instantaneamente noto quatro garotos com armaduras deixando a multidão enquanto correm em direção à praça.

Me abaixo no exato lugar em que a cabeça de Collin estava e então tento tocar seu pescoço na esperança de sentir alguma pulsão – Se tem uma coisa que aprendi em todos esses anos vivenciando acidentes letais e tendo de conviver com diversas pessoas era entender quando uma pessoa partia ou quando ainda lutava pela vida. Espero alguns minutos enquanto meu corpo ainda lidava com todo o nervosismo que sentia. Lentamente consigo localizar leves flexões no local em que meus dedos estavam. Ele ainda estava vivo.

— Ele tem pulsação.— Informo Violet encarando seus olhos intensamente claros. Ela parecia estranhamente controlada diante da situação mesmo visualizando o corpo queimado do garoto logo à sua frente. Algo naquela coragem me lembrava de Ashley, da maneira como permanecia centrada mesmo presenciando uma morte cruel.

— Ótimo! Agora se afaste. Vamos levá-lo à ala hospitalar.— Ela diz com uma voz de comando. Obedeço.

— Mas ele não pode morrer não é?— Ouço a voz de Thomas em algum lugar pela multidão atrás de mim.— Digo, ele morre mas volta ao cemitério mágico e tudo fica bem de novo.— Sua voz carregava um tom de urgência e preocupação.

— Essa regra não vale para o Fogo Divino.— A voz de Sig se arrasta de forma quase inaudível.— Na verdade eu nunca presenciei nada assim antes. Nunca vi ele reagir dessa forma, o fogo.

— Mas Collin disse que qualquer um de nós que morrer aqui dentro voltará ao cemitério.— Interrompo a conversa atrás de mim enquanto me toco de que estávamos em uma lugar em que praticamente tudo era possível.— Talvez seja só isso que precisamos fazer, levar ele a terra sagrada.

— Não Jack, o Fogo Divino é a única coisa na qual nem mesmo nós elementares temos controle.— Sig engole o seco.— Se...se Collin morrer por causa dele, não teremos como trazé-lo de volta.— Ele abaixa a cabeça em direção à Collin, que permanecia intacto, sem demonstrar o menor sinal de vida.

— Venham, me ajudem a colocar ele na maca.— Violet ordena assim que os quatro garotos voltam de onde estavam. Eles haviam trazido um pequena maca consigo e logo atrás Hecbert os seguia em um ritmo totalmente desenfreado.

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