MR. WAYNE - CONTO

Revelação

O dia estava cansativo demais. Eram trabalho atrás de trabalho e me sentia explorado já que tudo quem tinha que revisar ou refazer era eu. Hoje completava dois meses de trabalho na WayneTech e dois meses de envolvimento com Bruce.

De uns tempos para cá venho recebendo olhares estranhos e piadinhas sobre eu andar muito com o Bruce. A gente se limitava somente em se encontrar no estacionamento no subsolo e ir para sua casa no outro lado da cidade, tomávamos qualquer tipo de cuidado, mas éramos sempre vistos de alguma forma.

Por conta de achismos ou favoritismos eu sempre cobria trabalhos dos outros, fazia o que me mandavam coisas que não eram da minha função e tinha que ser duas vezes melhor do que eu era e isso era desgastante porque eu quase não comia, não dormia por preocupação e vinha recebendo algumas ligações estranhas. Eu não contava isso para ninguém, mas eu estava entrando em um colapso nervoso. Até Bruce tinha notada que eu andava muito cansado nas horas dos nossos encontros casuais e dizia que iria me levar numa nutricionista.

Por fim quando era minha hora de almoço e finalmente tive tempo para almoçar, a secretária do Sr. Wayne veio em minha direção fazendo aquele barulho estridente com seus saltos.

- O Sr. Wayne está lhe aguardando na sala. – se virou e saiu batendo novamente aqueles malditos saltos no chão.

Eu joguei o embrulho do Subway que tinha comprado em cima da mesa que estava com uma cara maravilhosa. Dobrei as mangas da minha camisa branca já que estava reta por conta de todas às vezes a secretária do Wayne endireitá-las quando nos esbarrávamos na portaria. A mulher era insuportável, mas fazia um trabalho impecável.

Quando me levantei e rumei entre aquela bagunça de funcionários, o silêncio foi imediato e os olhares se direcionaram para mim, também cochichos o que pioravam a situação o que me fez respirar fundo e ir reto ao portão do inferno. Eram assim que eles chamavam o grande escritório do Sr. Wayne.

Entrei na sala e o encontro sentado na sua bela cadeira usando os óculos na ponta do nariz olhando seu notebook e sem o paletó deixando mais aparente seus músculos embaixo daquela roupa. Eu balancei a cabeça jogando qualquer tipo de pensamento sórdido para longe. Ele me viu e retirou os óculos e fechou o computador e apoiou os braços na cadeira e relaxou e não tirava os olhos de cima de mim.

- Boa tarde, Sr. Melvin. – disse naquele tom sereno e olhar atento. – Sente. – ordenou.

- Boa tarde, Sr. Wayne. – sentei e o encarei. – Algum problema?

- Eu que te pergunto. – disse apertando os olhos me observando. – Você pensa que eu não notei que você anda sem comer, sem vontade para nada, cansado? ...

- Eu fiz meu trabalho correndo para almoçar e quando consegui o senhor me chamou. – disse pensando no meu lanche e na ousadia dele.

- Você está querendo dizer que eu estou lhe atrapalhando no seu almoço? – arqueou a sobrancelha com leves arranhões e esperou minha resposta.