7 - A Irmã de Serpe

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Nunca pensei que me acordaria bem depois de um sonho conturbado como esse. Me sentia mais tranquilo, com minha mente mais vazia, com meu corpo mais forte e resistente. Foi basicamente uma aprendizagem para mim, só que dentro de um sonho. Já que eu estava em paz comigo mesmo, adiantei o meu lado e chamei o Serpe e o Legado para podermos continuar a jornada em busca de "Aillin Kavanagh: O Anjo Caído" como eles dizem.

Alguns metros da caverna de onde estávamos abrigados, paramos para procurar alimento. Legado pediu para nos separarmos, ou seja, Legado e Serpe foram para um lado e eu para o outro. Que divisão perfeita, não é mesmo? Enquanto eu coletava suprimentos alimentares, estava escutando uma conversa que parecia ser entre Serpe e Legado, que diziam algo sobre uma garota chamada Diaochan. Findei indo até eles para saber quem era ela.

- O que vocês dois tanto conversam? - Perguntei curioso.
- LordFerris... você escutou a conversa! Que audição incrível você tem!
- Agradecido. Agora quero saber: quem é Diaochan?
- É a minha irmã. - Responde Serpe.

Fiquei sem entender durante um momento. "Por que eles nunca disseram nada sobre essa tal de Diaochan?" Comecei a manter a calma e pedi para me contarem mais sobre ela e o Serpe contou a história.

- "Há muito tempo, minha mãe conheceu o meu pai. Os nomes deles eram Neace e Blackburn. Eles acabaram se apaixonando e após uns anos, ela engravidou dele. Eram dois bebês, um era eu e o outro era ela. Depois de nove meses, minha mãe deu a luz a nós dois e meu pai... Só ficou por um momento e ele acabou sumindo e nunca mais o vimos, ou seja, minha mãe tivera que cuidar de nós dois sozinha. Ela colocou o meu nome de Serpe e o da minha irmã de Diaochan. Éramos muito unidos, brincávamos no quintal da minha antiga casa. Eram tempos felizes, porém aconteceu uma coisa inesperada. Diaochan havia entrado em casa, afirmando que ia comer alguma coisa que nossa mãe tinha feito. Ela sabia, porque o olfato dela era muito apurado, já que era uma das habilidades dela. Mas aí, a minha casa começou a entrar em chamas! Eu não sabia o que fazer, uma parte de mim não me deixava ir, mas a outra implorava para salvá-las. Então eu decidi correr em direção a casa, mas já era tarde demais. A minha casa explodiu. Ela foi totalmente destruída... havia apenas os destroços e eu fui até lá. Revirei pedaço por pedaço da minha velha casa e acabei por encontrar o corpo da minha mãe. Estava carbonizado, sem vida... mas o estranho de tudo isso era que o corpo de Diaochan não estava dentro dos escombros. E foi aí que me questionei se ela estava viva ou não. Essa é a história e eu quero acreditar que ela está desaparecida. E estou nessa jornada com vocês para poder encontrá-la." - Explica Serpe, caindo uma lágrima de seu olho.

Após ele contar sua história com a Diaochan, analisei a última parte que ele dizia "... uma parte de mim não me deixava ir, mas a outra implorava para salvá-las." Isso fez lembrar de mim. Portanto, fiquei comovido com suas palavras e concluí:

- Vamos achar a sua irmã, custe o custar. Então, suponho que precisemos dar um desvio no nosso caminho! Legado, você é um feiticeiro, o maior desse mundo. Você tem algum jeito de encontrá-la o mais rápido possível?

- Bom... fico lisonjeado pelo elogio, Senhor LordFerris, mas eu não tenho a habilidade de rastrear um ser humano ou não humano. - Afirma Legado.

- Tudo bem, então. Vamos pelo jeito difícil!

Uma das coisas que eu não havia falado antes, mas eu tinha mais uma habilidade especial. Percepção de Espaço era o nome desse dom. Como o próprio nome diz, consigo analisar cada quilômetro de área de qualquer terreno em que estivéssemos pisando. Claro, esse poder tem um limite de expansão, porém mais que suficiente para uma batalha territorial, já que isso ocorria até demais no mundo do D.R.O..

Quando usei o meu poder, senti alguma presença, que me parecia familiar. Portanto, pedi para os dois se abaixarem e fazerem o máximo de silêncio, coisa que era meio difícil ter com eles dois ao meu lado, mas fazer o que, se eles não estivessem ao meu lado, como eu iria salvar o mundo do Devil Rises Online? É impossível vencer uma guerra sozinho, não é mesmo?

O barulho de passos estava se aproximando de nós quando, de repente, o som do caminhar silenciou e, consecutivamente, um barulho de corpo sendo fincado surgiu. Eu pedi para os dois ficarem abaixados, afirmando que eu ia dar uma olhada no que estava acontecendo. Estava caído no chão o corpo de um ogro e, como consequência, fui analisar. O corpo estava com uma perfuração que ia da parte de cima da barriga para as costas, praticamente aberto, já sem vida.

Novamente, sons de passos se iniciaram. E, é claro, eu sou "vida louca", ou seja, perguntei quem estava circulando nós três. Obviamente, não havia me respondido, mas eu sabia que esse alguém estava nos rodeando como se estivesse com medo ou talvez preparando para um ataque surpresa. Bom, então resolvi por ativar de novo minha habilidade de Percepção de Espaço. E tem mais uma coisa que eu acabei me esquecendo de complementar sobre esse poder. Quando eu o ativo, uma espécie de onda para varredura do terreno aparece, porém somente diante aquele que tem esse poder, os corpos são detectados. Os jogadores vivos são identificados na coloração vermelha, os mortos na cor roxa e as criaturas na cor branca. No caso desse ocorrido, só tinha três corpos de cor vermelha na área. "De quem era esse terceiro corpo?"

Este corpo começou a se mover, em sentido horário, rodeando-nos novamente. Para que não desconfiasse que eu tinha o poder de Percepção, fiquei andando em direção ao local onde o ser havia se escondido. O ser acelerou o passo, bem atrás de mim, porém o "ligeirinho" não teve sucesso. Me virei rapidamente, segurei com a minha mão em seu pescoço e joguei contra o chão. Pela minha surpresa, era uma garota. Até então, não sabia ao certo quem era, mas pedi para ficar calma e depois a desculpei por tê-la arremessada no gramado da floresta. Portanto, falei para os dois que estava seguro e, quando se levantaram, Serpe a olhou e começou a lacrimejar, respondendo:

- É ela... ela é a minha irmã.

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