D.R.O.: Devil Rises Online

3 - O Reino de Shamballa

24 dias depois…

Passaram-se dias e eu estava na selva, ainda. Mas durante esse tempo que eu passei na floresta, a vida me ensinou a ser estratégico. Aprendi a caçar, a emboscar e a me defender e a cada dia, eu ia aprimorando. E o meu nível aumentava. Porém chegou em um momento em que eu fiquei desesperançoso. A floresta era imensa, parecia que eu estava andando em círculos, e comecei a ficar nervoso. Só que uma coisa que eu lembrei na hora me fez prosseguir. Era uma fala da minha mãe, que dizia: "Você consegue, meu filho. A vida te traz muitas coisas boas e muitas coisas ruins, então, se você não continuar a se esforçar, não chegará em seu objetivo. É por isso que eu sempre digo a você que objetivo e sonho são duas palavras distintas com significados distintos. O sonho é aquilo que você espera que aconteça, já o objetivo é aquilo em que você pretende buscar com suas próprias mãos! Então siga seu objetivo." Foi a partir dessas palavras que eu continuei, porque eu sabia o objetivo que eu coloquei em minha cabeça, mas como sempre, cada objetivo possui seus obstáculos e, dentre esses muros, possui o seu abrigo de descanso.

Então, com essa lembrança, eu continuei em frente. Eu caçava, matando aves de quatro asas, que era o mais comum que eu encontrava, criaturas parecidas com javalis, porém com seis patas e cachorros-demônios, que tinham uma pelagem de cor negra e olhos vermelhos sedentos por sangue. Esses cachorros feitos pelo demônio eram as criaturas normais mais fortes que existiam no D.R.O.,  só que eu matava com facilidade os cães infernais desde quando o Devil Rises estava para celular. Pois é… eu estava no nível quarenta e cinco! Dando mais detalhes sobre a batalha que tive contra o cachorro-demônio, eu estava andando em linha reta quando eu avistei a criatura em meio a alguns arbustos altos da floresta em que eu estava. Ele olhou para mim com feição de assassino, rosnando contra mim, enquanto eu o observava com frieza. Então, eu empunhei a minha espada élfica de cor verde maior do que meu corpo e andei na direção dele, sem baixar a minha guarda. Consecutivamente, o cachorro do submundo andava em minha direção, também. E corremos ao mesmo tempo! Ele pulou para cima de mim, com a intenção de me derrubar, mas esquivei do ataque. Daí, quando desviei do ataque, eu comecei a sentir aquela sensação de possessão sob meu corpo… eu não sentia a movimentação do avatar… eu apenas… observava o meu corpo avançando em direção a cabeça do cão-demônio! Ele pulou e ficou em cima do monstro e com a minha espada, fincou no crânio da criatura, jogou no chão e decapitou, ficando assim, a cabeça do bicho separada de seu corpo. Quando a batalha terminou, eu recuperei o controle sob meu corpo. Eu me questionava ainda mais sobre essa situação: "Seria mesmo um erro na mecânica do jogo? Ou seria um outro subconsciente?". Antes, eu pensava que era apenas um problema no game, portanto eu comecei a sentir que havia alguma outra coisa dentro de mim que não se completava. Eu não sabia, ao certo se era um outro subconsciente mesmo ou se era uma coisa diferente como o instinto.

Enquanto andava, eu olhava todas as coisas ao meu redor, parecia tão real… sentia o vento fresco em meu rosto, as folhas das árvores e dos arbustos, o solo gelado quando tocava com as mãos, sentia o gosto das frutas e até das carnes das criaturas que eu matava para me alimentar, a água também era algo espetacular, o gosto doce e suave que descia pela minha garganta… eu estava tão próximo do mundo virtual, que eu não sabia ao certo se era para ficar preocupado ou não.

No meio do meu percurso, eu escutei uma voz que chamava pelo nome LordFerris, no caso, eu. Então fiquei parado observando todos os lados, até acima de mim por precaução e comecei a andar com passos lentos em alerta e eu perguntei: "Quem está aí?". Após a pergunta que fiz, o ser respondeu: "Estou bem aqui, LordFerris...". Era a voz de uma mulher… uma voz calma e serena, como se não estivesse com medo de, absolutamente nada na floresta. No entanto, fui eu que me assustei quando a vi (é o que acontece com muitos garotos que nunca namoraram). Era uma mulher bonita de rosto e de corpo e meus olhos ficaram arregalados com tamanha beleza dessa mulher. Eu fui me aproximando dela e ela dizia: "Não tenha medo! Eu não mordo.". E eu continuei caminhando em sua direção. Ela me pediu para sentar e fiz o que a moça mandou. A bela mulher começou a falar comigo, afirmando que ela iria me ajudar a sair da floresta e iria me levar para um reino.

Pelo meu jeito curioso de ser, eu quis saber mais sobre esse reino e ela me explicou: "O reino chama-se Shamballa…" e algo me veio à cabeça… eu conhecia esse lugar quando eu jogava o Devil Rises no celular. Foi o local onde eu conheci o Legado, o meu amigo que eu não sabia o nome real. Ela continuou explicando para mim e fingi que eu não sabia sobre o Reino de Shamballa, pois seria indelicadeza de minha parte parar a explanação dela. Porém ela me disse algo que eu fiquei encucado: "Nesse exato momento, LordFerris, Shamballa está sob ataque de Trolls e Ogros.". Eu fiquei surpreso com a situação, porque o reino era altamente seguro! E eu queria saber como ela sabia disso e como resposta, a mulher disse: "Eu sou a Oráculo da Floresta.". Eu paralisei na hora porque no mundo do D.R.O. existe um Oráculo, só não sabia que era uma mulher e também foi a primeira vez que a conheci. Muitos jogadores não conheciam a Oráculo, eu não sabia se o Legado já a conhecia. Eu agradeci a ela pela hospedagem e eu ia saindo, quando ela me parou, dizendo que iria me ajudar a sair da floresta. A linda moça me deu uma poção. Ela disse que era de teletransporte. Me falou também da funcionalidade da poção: "Esse líquido mágico só funciona se você pensar em um lugar que queiras ir. Então pense com cautela. Foi bom ter ajudado você e, aliás, salve esse mundo LordFerris. A vida de todos depende de você.". Ela desapareceu na minha frente. E comecei a me questionar: "Como ela sabia que eu deveria salvar esses jogadores? E como assim 'salvar esse mundo'?". Depois disso, eu parei de me perguntar e concentrei o meu pensamento no lugar onde eu queria ir que, no meu caso, era chegar no reino. Portanto fechei meus olhos, enquanto na minha mente surgia a imagem de Shamballa, bebi a poção. Quando tomei, o meu corpo todo foi sugado por alguma coisa, como se fosse o efeito do líquido mágico e, após essa experiência louca, apareci… no Reino de Shamballa.