Eu sabia que Deus estava no controle. Depois de tudo que passei, não era agora que eu iria deixar uma oportunidade dessas passar. Estudar no Canadá sempre foi meu sonho, e agora que ele está prestes a se concretizar, devo deixar o passado pra trás e seguir rumo as minhas conquistas.
— Tudo pronto? — ouço um bater na porta. Mamãe está encostada no batente, com uma cara aflita.
— Mãe. — de imediato, me aproximo dela pronta para um abraço e me aconchego nos braços de mamãe. Posso sentir uma lágrima cair na minha bochecha, me segurei para não chorar, mas estava sendo um martírio.
Nos afastamos e ela coloca as duas mãos em meus ombros, fazendo-me encara-la.
— Me prometa que você nunca irá se afastar de Deus e que “aquilo”, jamais vai acontecer de novo. — era mais uma súplica do que um pedido.
— Prometo.
Ela fechou os olhos, me puxou para seus braços maternos e ficamos assim por longos minutos.
— Eu te amo, minha menina. Só estou deixando ir porque a doutora permitiu e disse que era o melhor a se fazer.
É verdade. A Psicóloga Hellen, permitiu a minha ida por achar certo eu continuar a minha vida longe do meu habitual, já que os pesadelos continuam me assombrando e respirar novos ares, me fará bem, além de eu conhecer outros lugares e concretizar meu sonho de tempos atrás.
— Vamos? — papai parou no corredor, mamãe e eu o olhamos. Ele se aproximou e nos abraçamos, depois recebi um beijo dele no topo da cabeça e fomos para fora do cômodo, descendo as escadas até a sala e saindo da casa.
Entramos no carro, indo em direção a Dutra, com destino a BR-116. Eu morava na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo. Seria uma longa jornada até chegarmos no Aeroporto de Guarulhos. Mas, aproveito para dar uma olhada na Bíblia Sagrada e dar uma apreciada na palavra, já que meus pais conversavam entre si e eu sempre prefiri o silêncio junto de um bom livro.
"Ensina-me o teu caminho, Senhor,
para que eu ande na tua verdade;
dá-me um coração inteiramente fiel,
para que eu tema o teu. Salmos 86:11".Amém Jesus! O meu caminho está em tuas mãos e tenho a plena certeza que o Senhor está indo comigo nessa jornada aonde eu não sei ao certo o que tens preparado pra mim, mas confio em teu amor e cuidado.
— Mia, chegamos! — olho para o enorme aeroporto e meu pai entra nos estacionamento, depois descemos todos do carro e seguimos para dentro da arquitetura enorme.
Chegando no embarque, espero pelo avião. Estava ansiosa e um pouco nervosa. Eu não conhecia mais ninguém, além do tio Gabriel que é o melhor amigo do meu pai, mas a sua família sempre se manteve em segredo. Talvez, pelo fato de serem bastante vistos pela sociedade, já que o tio é presidente da Morelles Corporations, uma empresa canadense que trabalha no ramo esportivo. Mas, os filhos dele nunca sequer apareceram, apenas o mais velho, Samuel, herdeiro da empresa. De resto, todos se mantém as escondidas.
— Thiago, eu sei que é você! — duas mãos cobrem meus olhos.
— Você também, hein? Nem me deixa zoar pela última vez.
— Última vez? — me viro para encara-lo com uma careta confusa.
Ele dá de ombros.
— O Canadá é legal demais para você querer voltar. Pode ser essa a última vez que nos vimos. — pisco os olhos, sentindo um aperto no peito, seria esse um sinal? — Mia, estou brincando. — Thiago está prestes a colocar a mão no meu braço quando o impeço, batendo nela. — Mia…?
Milena!
— Oi? — de volta a realidade, olho para meu irmão que está preocupado. Ele crava os seus olhos nos meus e percebo os seus músculos ficando rígidos. — Thi… ago? — ele me abraça de repente. Sua barba por fazer me faz cócegas. Ele é bem mais alto do que eu, me sinto uma prisioneira em seus braços fortes. Ele me aperta e deposita um beijo na minha cabeça, fazendo-me levantar o olhar pra ele.
— Te amo, maninha.
De repente, àquela preocupação toda some e sorrimos um para o outro, como dois grandes irmãos inseparáveis.
— Também te amo, irmãozão.
"Caros passageiros do Vôo 547 com destino ao Canadá, queiram se preparar para o embarque."
Assim que ouço o anúncio, procuro meus pais, acompanhada de meu irmão, para me despedir deles. Ando pelo aeroporto e os dois estão à minha espera no embarque, o que me dá menos tempo com eles, mas - infelizmente - não posso faltar com a minha palavra.
Eu disse que ia, então aqui vou indo.
Mamãe estava em lágrimas e papai optou por uma pose séria e confiante, o que me deixou menos preocupada, mesmo sabendo que no fundo ele estava sofrendo com a minha viagem.
— Está pronta? — ele se aproxima de mim.
— Um pouco. Confio em Deus. — garanti, ansiosa. Papai sorriu de leve, suas covinhas apareceram, o que deixou seu rosto mais jovem.
— Eu sei que confia.
— Não vá filha! — mamãe se agarrou no meu braço e me puxou para um abraço, quase morri sufocada se não fosse pela ajuda de Thiago.
— Mãe... por favor. — ele arqueia a sobrancelha pra ela.
— Menino. — ela pega na orelha dele.
— Aí mãe! — ele choraminga.
— Como você pode deixar a sua irmãzinha ir? Você é o protetor dela, porque simplesmente aceitou, hein? — ela está brava.
Mãe... são apenas 4 anos. Pelo amor de Deus!
— Cecília? – papai engrossa a voz e quando ele faz isso, todo mundo se silencia. Ele pode ser um pastor gentil e amável, mas sabia muito bem se tornar sério e temível.
— Oi, amor? — inocentemente, mamãe respondeu. Mas eu sei que ela estremeceu por dentro. Ela às vezes, extrapola um pouco, por isso que papai sempre tem que contornar a situação.
Ele estreitou os olhos e ela se encolheu no lugar, ficando calada.
— Eu amo vocês. — puxo minha família para um abraço.
Não era um _adeus_, mas eu sabia que tudo iria dar certo, porque Deus é comigo.
— Tchau! — entro no avião, acenando para minha família. Eles ficam ali, parados no aeroporto, me observando partir. Lanço um beijo e eles correspondem. Mamar se desaba em lágrimas nos braços de meu pai.
Quando o avião sobe, já estou acomodada na poltrona e agora… era apenas uma questão de tempo para eu chegar ao meu destino. Juntei as mãos em oração e orei baixinho.
Senhor... seja feita a sua vontade. Amém!
♡ Olha quem voltou!!! Esse capítulo saiu pequeno, mas consegui finalmente. Perdoem-me pela demora, mas o bloqueio criativo me atingiu e tentei lutar contra ele todos os dias. Esse capítulo ainda não saiu do jeito que eu queria, mas aos poucos vou o melhorando, o importante é que a história voltou a fluir e vocês não precisarão esperar tanto tempo assim.
Espero que tenham gostado. Não esqueçam! Votem e comentam, para me dar mais motivação de escrever e saber se estão gostando ou não.
Beijos mais amores! ♡
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Só Pode Ser Brincadeira!? (Parado)
EspiritualMilena Hathaway Rodrigues não é uma simples garota. Seus pais são cristãos, assim como ela e a sua fé em Deus é o seu maior tesouro. Mas, nem tudo são um mar de rosas para nossa protagonista, ainda mais quando - subitamente - ela decide se declarar...