Pedro, o sanguíneo

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4 - Pedro, o sanguíneo

Pedro, o sanguíneo
Pedro é, provavelmente, o personagem mais querido do Novo Testamento. A
razão é muito simples. Como é totalmente extrovertido, seus defeitos são visíveis
a todos. Ele tropeça de modo impetuoso pelas páginas dos Evangelhos, deixando
à mostra a carne crua do sanguíneo. Em um momento é amável e alegre; no
outro, assusta com suas atitudes. Sem dúvida alguma, é o homem mais sanguíneo
da Bíblia. Examinemos as qualidades desse temperamento.
O sanguíneo é caloroso, amável e simpático. Atrai as pessoas como se fosse
um ímã. Tem bom papo, é otimista e despreocupado, “é a vida da festa”! É
generoso, compassivo, adapta-se ao ambiente e ajusta-se aos sentimentos
alheios. Porém, como os outros temperamentos, tem seus defeitos. Em geral tem
pouca força de vontade; emocionalmente é instável e explosivo, irrequieto e
egoísta. Na mocidade, é considerado “aquele que vai ser mais bem-sucedido”,
raramente, entretanto, alcança o que dele se espera. Tem grande dificuldade em
seguir detalhadamente as instruções e quase nunca fica quieto. No fundo dessa
capa de ousadia, ele é muitas vezes inseguro e temeroso. Os sanguíneos são bons
vendedores, oradores, atores e, não raro, tornam-se líderes.
O apóstolo Pedro é, com exceção do Senhor Jesus Cristo, o homem que mais
sobressai nos Evangelhos e ocupa situação relevante nos primeiros dez capítulos
de Atos. Ele falava mais do que os outros discípulos e conversava com maior
frequência com o Senhor. Nenhum discípulo, a não ser Judas, o Iscariotes, teve
reprovação mais severa, e nenhum outro discípulo ousou, como ele, repreender o
Senhor. Por outro lado, nenhum discípulo testemunhou, como Pedro, tanto
respeito e amor por Cristo e nenhum outro recebeu louvor tão pessoal do
Salvador.
Pedro tinha o carisma que atrai as pessoas, sejam elas daquele primeiro
século, sejam os leitores do século XXI. Sem dúvida, Pedro exibia calor,
intensidade e ação dinâmica. Essa qualidade sanguínea é provavelmente a razão
pela qual Hipócrates concluiu ser esse temperamento causado por “sangue
quente”. Alexander Whyte disse dele:
A pior doença do coração humano é a frieza. Bem, Pedro tinha muitos
defeitos, porém jamais coração frio. As falhas de Pedro estavam todas
justamente no calor de seu coração. Tinha a mente vibrante, era impulsivo
demais, cheio de entusiasmo. Seu coração quente sempre lhe subia à boca
e muitas vezes ele falava quando deveria ter ficado quieto.
Pedro era transparente e nunca deixava seus amigos em dúvida quanto ao que
pensava — ele lhes falava tudo! Essa tendência tão extrovertida torna seu
temperamento o mais fácil de escolher para estudo na Bíblia.
O único que encontra dificuldade em diagnosticar um temperamento
sanguíneo é o próprio sanguíneo. Ele raramente analisa seus pensamentos e suas
ações, apenas irrompe com impulsividade e se lança de uma crise a outra.
Muitos sanguíneos têm provocado gargalhadas nos amigos ao declarar: “Não
consigo determinar meu temperamento”. O sanguíneo é o único que não sabe.
Evidentemente, ele tem pouca habilidade analítica e não é dado à introspecção
ou ao autoexame.
Pedro deixa a impressão de ter sido um homem de grande estatura física,
quando caminha vigorosamente pelas páginas dos primeiros cinco livros do Novo
Testamento. Não temos, é claro, como saber ao certo, porque não há uma
descrição física do apóstolo. Em geral, os sanguíneos impetuosos que “fazem a
história em lugar de escrevê-la” são homens de grande porte; Pedro devia ser
assim. Não importa qual a circunstância, ele sempre sobressaía — nascera para
ser líder!
O relato bíblico sobre Pedro é bem completo, o que faz dele um excelente
exemplo para nosso estudo. É fácil diagnosticar suas qualidades e seus defeitos e,
em Atos, temos detalhes que demonstram como o Espírito Santo o fortaleceu em
suas fraquezas. Em lugar de experimentar a frustração comum à maioria dos
sanguíneos, Pedro foi de tal forma encorajado quando experimentou a plenitude
do Espírito que se destaca como um dos sanguíneos mais bem-sucedidos de que
temos conhecimento. Ele não só foi o homem de maior influência na igreja dos
primeiros tempos como continua um desafio para os cristãos; um exemplo do
que o Espírito Santo pode fazer com uma vida entregue a ele.

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