Capítulo 7

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Julie

Não, eu não matei Barbara Bailey.

Embora tenha passado momentos de puro terror, enquanto Simon ligava para a emergência. Eu só conseguia tremer e balbuciar sem parar "Eu a matei! Vou ser presa! Ai meu Deus, vou ter que usar aquela roupa laranja horrível, laranja não é minha cor!"

Eu realmente estava fora mim já imaginando se Simon iria me visitar na cadeia e como suportaria sobreviver sendo a vadia de alguma detenta barra-pesada em troca de cigarros. Cheguei a pensar em correr e jogar o resto do linguini com camarão no lixo, eliminando assim as provas do meu crime. E poderia aproveitar e fugir pela saída de serviço, pegar um trem para Amsterdã e de lá para a Sibéria. Então a emergência chegou e levou Barbara, enquanto Simon explicava que ela tinha sofrido uma intoxicação devido a sua alergia a camarão. E lá se foi minha chance de fuga para a Sibéria, pois Simon, ainda abalado, pediu que eu me acalmasse e fosse embora para casa, enquanto ele iria acompanhar Barbara ao hospital.

— Tem certeza que não a matei? — Ainda questionei em dúvidas, enquanto o acompanhava para fora do prédio.

— Não, a emergência chegou a tempo ela ficará bem, ok? Vá pra casa eu te ligo depois. — Ele me colocou dentro de um taxi e partiu junto com Barbara para o hospital.

E passei quase a noite inteira acordada esperando que enviasse notícias. Cheguei a cogitar a possibilidade de ir fazendo as malas enquanto isso e, por via das dúvidas, aproveitei a insônia também para pesquisar possíveis rotas de fuga pela internet. Já eram quase quatro da manhã quando Simon me mandou uma mensagem de texto dizendo que Barbara estava bem e ele estava voltando para casa.

Ufa!

Agora estou sentada a minha mesa, depois de ter chegado mais de uma hora atrasada, afinal, não ouvi o despertador tocar depois de dormir só de madrugada. Ainda estou bocejando e tomando a sexta xícara de café, tentando lembrar o que foi que Erin me pediu para fazer, depois de me dar uma bronca de meia hora pelo atraso.

Estou morrendo de vontade de ir até o vigésimo andar falar com Simon, apesar de saber que não é uma boa ideia.

— Julie, está dormindo? — Me sobressalto ao ouvir a voz de Erin e quando abro os olhos ela está do meu lado, batendo seus sapatos no chão com um olhar irritado.

Merda, eu tinha mesmo adormecido sentada.

Pisco para disfarçar e abro minha agenda.

— Claro que não, estava... meditando.

— Meditando?

— Sim, devia fazer isso também. Faz muito bem para o equilíbrio emocional.

— Você acha apropriado meditar no horário de trabalho?

— Foi só por um minuto! Olha, já estou verificando meus afazeres... — Tarde demais percebo que Erin está estendendo a mão e, como num pesadelo, noto que a minha agenda está aberta na página onde fiz minhas anotações sobre Simon ontem. E sem que eu consiga impedir, ela a apanha e começa a averiguar.

— Vamos ver o que temos aqui.

Prendo a respiração começando a sentir dor de barriga e me perguntando se rabisquei o suficiente as palavras noivado, boquete e orgasmo.

Eu espero que sim!

— Hum, que projeto é esse? — Ela me encara por um momento e volta a atenção às anotações "Pontos a discutir com SB para o bom andamento do projeto N"?

Ela vira a atenção para mim de novo.

— Não temos nenhum projeto N! E quem diabos é SB?

— É, eu... — Droga, não consigo pensar em nada!

Um Noivado Nada DiscretoOnde histórias criam vida. Descubra agora