Capítulo 9

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Julie

A vida podia ser perfeita sim.

Eu tinha um emprego bacana (ok, minha chefe me odiava, mas fala sério, quem é que se dava bem com o chefe? Tenho certeza que eu era só mais uma nas estatísticas), tinha saúde (sim, isso é importante, embora a gente não pare para pensar neste departamento até que algo dê errado, por exemplo, quando quebrei o osso cúbito... ops, esqueci que é uma história inventada. Enfim...), tenho bons amigos (quer dizer, não tenho tantos amigos assim, mas Nancy e Holly são ótimas companheiras de apartamento. Por exemplo, Holly é podre de rica e tem um closet maravilhoso cheio de roupas de grife que sempre me empresta, ou eu posso pegar emprestado sem ela saber, dá no mesmo. É só não manchar e devolver direitinho para o lugar. E Nancy me conseguiu o emprego na DBS, embora ache que isso teve a ver com o fato de eu ter atrasado o aluguel por alguns meses. E sem contar que ela sempre lava a minha roupa.) e, claro, o melhor de tudo: eu tenho um noivo incrível!

Simon Bennett é meu noivo e não me canso de gritar aos quatro ventos nos últimos dias!

Certo, não é bem assim, ainda tem o lance da discrição e tudo o mais, então quando digo gritar quero dizer que escrevo em caps lock no meu perfil fake que criei no instagram para colocar fotos do meu noivo tiradas em momentos que ele não está vendo. Claro que eu presto atenção para não deixar seu rosto aparecer (as fotos dele dormindo são as melhores. Tem uma no banho também). E quer saber? a @Noiva_do_Simon já tem vários seguidores! OK, talvez eu tenha arriscado colocando esse nome sugestivo, mas quem é que vai ligar o nome à pessoa, como dizem? Não estou infringindo nenhuma regra, tenho certeza. E, obviamente, Simon não faz ideia de nada. Porque se souber ele me mata. Simples assim.

E eu quero manter a paz que se instalou em nossa vida depois de toda a confusão dos primeiros dias de noivado. E o que eu posso dizer? A coisas estão mesmo dando certo agora! Finalmente!

Eu conto as horas todo dia esperando Natasha me ligar e pedir para ir até a sala de Simon para mais uma reunião do "Projeto N". Ignoro a cara feia de Erin e corro para me trancar na sala do CEO da empresa onde a gente passa pelo menos umas duas horas balançando sua mesa numa atividade bem sacana. Ou usamos o sofá. Ou o tapete. Ou a cadeira, enfim... Natasha tem ouvido tantos gemidos que está convicta que os espíritos a odeiam ou algo do tipo. A coitada anda mais perturbada que o habitual. Até comecei a ficar com pena e tentei me conter, mas sabe, é bem difícil fazer a linha silenciosa com Simon Bennett.

Para recompensá-la eu fui almoçar com ela no cemitério e até fingi que li o tal livro dos espíritos.

Simon me perguntou o que estava acontecendo com Natasha, pois chegou ao escritório e a flagrou ajoelhada em frente a sua mesa com os braços erguidos enquanto sussurrava "Ó queridos espíritos, estou aqui, podem sussurrar agora" e fui obrigada a contar o que tinha feito. Simon ficou puto e disse que a partir daquele dia estava cancelando nossas reuniões do projeto N. Obviamente essa resolução durou apenas umas doze horas porque no dia seguinte ele me chamou novamente.

A verdade é que somos um caso perdido, eu me pergunto se algum dia irei me cansar disso. Porque, além de toda atividade na empresa, a gente ainda ia para seu apartamento à noite para mais algumas horas de atividade extra. Infelizmente, só havia uma única coisa que me deixava um tanto incomodada. Depois de a gente transar até eu perder as forças, sempre acabava dormindo para ser acordada algum tempo depois com Simon pedindo para me arrumar porque ia me levar pra casa.

Quando aconteceu na primeira noite que passei lá, estranhei que estivesse me mandando embora dizendo que "precisava trabalhar".

— Você trabalha à noite na sua casa também?

Um Noivado Nada DiscretoOnde histórias criam vida. Descubra agora