Capítulo 6

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Julie

Exatamente às nove horas chego ao prédio de Simon, em Chelsea, carregando minha sacola Tesco cheia de ingredientes para o melhor jantar que Simon já comeu na vida. Sorrio comigo mesma quando passo direto pelo porteiro, que está distraído ao telefone, e entro no elevador. Certamente não há razão para ser anunciada. Tenho certeza que Simon já deve ter deixado avisado que sua noiva pode subir a hora que quiser. Meu sorriso se alarga mais quase como se eu tivesse dormido com um cabide na boca, quando me lembro desse fato ainda inacreditável.

Estou noiva de Simon Bennett!

Já nem me lembro da desavença de hoje de manhã, afinal, fui mesmo um tanto imprudente e Simon tinha razão de ficar zangado, afinal, imagine se eu tivesse sido pega com a boca na botija para não usar outra expressão mais explícita?

Além do mais, ele tinha se desculpado no cemitério, até me deu flores!

Flores!

Quando na vida eu podia imaginar que Simon Bennett me daria flores? E quem liga que ele as tenha afanado de um túmulo? O que vale é a intenção.

E a pobre Natasha ficou extremamente impressionada quando contei que minha bolsa apareceu do nada em frente ao túmulo de uma tal Peggy Sue Cartland, falecida em 1917.

— Nossa, estou toda arrepiada — Ela exclamou com os olhos azuis arregalados. — Você tem mesmo o dom!

Eu sorri complacente, dando de ombros.

— Eu não pedi por ele, na verdade é um fardo...

E Natasha me elegeu sua nova melhor amiga e até me chamou para ir ao seu apartamento no fim do expediente, "podemos ler os livros sobre manifestações espíritas que tenho em casa, você vai amar", sugeriu. O que eu declinei dizendo que, depois daquele dia cheio de manifestações, estava exausta e precisava ir para casa descansar meu espírito fatigado.

E corri mesmo pra casa, apenas para tomar banho, vestir minha melhor lingerie da Victoria's Secret e até tirar uma foto no espelho e mandar para o Simon.

Sério, ele ia responder que para uma Angel só faltava as asas! Ou foi o que fantasiei, enquanto colocava um casaco da Burberry da Holly por cima, me achando muito atrevida. Obviamente não foi muito divertido fazer compras no supermercado usando apenas um casaco pesado (não dava para tirá-lo já que estava usando apenas as pequenas peças cor de rosa por baixo) mas não podia arriscar que na geladeira de Simon não tivesse os ingredientes para meu jantar espetacular. Era nosso primeiro jantar de verdade e queria que ficasse para sempre na memória. Seria algo que contaríamos a nossos netos daqui a cinquenta anos "ah eu surpreendi seu avô no nosso primeiro jantar como noivos de verdade, cozinhando um delicioso Linguini com camarão, tudo isso usando somente uma lingerie sexy". Ou talvez deixasse a parte da lingerie sexy de fora. Assim como toda a sacanagem que espero que vá rolar esta noite depois do jantar. Ok, talvez antes. E durante.

Satisfeita comigo mesma, pego o celular no bolso, para ver se Simon respondeu sobre meu nude e, para meu espanto, o celular está desligado.

— Merda, está descarregado! — Coloco-o na bolsa de novo e saio do elevador. Toco a campainha e faço minha melhor expressão sensual, segurando o casaco fechado, que vou afastar assim que Simon abrir a porta e...

— Deve ser a comida chinesa que pedi — escuto a voz de Simon atrás da porta e franzo a testa. Ele pediu comida chinesa pra gente?

E, espere... com quem ele estava falando...?

A porta se abre e Simon aparece diante de mim me encarando como se eu fosse um dos fantasmas de Natasha.

— Julie? — Ele fica tão surpreso que por um momento eu me sinto zonza de tão confusa.

Um Noivado Nada DiscretoOnde histórias criam vida. Descubra agora