As três primeiras aulas passaram muito devagar, e eu estava faminta. O intervalo começou, e eu e Henry fomos até a cantina.
- Laurita... Vou comprar uns salgadinhos para a gente, ok? Procura um cantinho legal...
- Ok, vai lá...
Olhei ao meu redor, procurando um espaço com poucas pessoas, no meio daquela multidão. Finalmente, achei uma mesa vazia. Me dirigi até a mesa. Mais a frente, vi novamente aquele menino. Ele me olhou, com cinismo, como se quisesse a mesa para ele. Só que eu não ia ceder para ele...
Sai correndo e ele também. Sentamos ao mesmo tempo na mesa.
- Sai! - eu disse.
- Saia você, eu cheguei aqui primeiro.
- Ah tá... Agora nós temos cinco anos de idade... Você viu que eu ia sentar aqui e saiu correndo.
- E cheguei antes. Azar o seu se você é lerda. Vaza!
- Cara, você tirou o dia para me atormentar. Já não bastasse ser da mesma turma, da mesma escola? Eu ter que ver tua cara todos os dias? Ainda quer me tirar daqui?
- Ah, como você fala... Meu tímpano vai explodir... Fica com a droga da sua mesa...
- Humpf...
Ele saiu andando para longe da mesa, cedendo-a para mim. Me senti orgulhosa por ter vencido. Mas ele estava em fúria. Bom, ele que implicou comigo...
Henry chegou.
- Porque ele estava aqui?
- Ele queria se sentar aqui. Mas eu venci!
- Parabéns! Está colocando sua moral em primeiro lugar! Do jeito que seu querido amigo aqui te ensinou...
- Convencido... Mas é verdade... - sorrio- Bom, vamos comer logo? Eu estou faminta!
O intervalo terminou sem muita demora. Então, os alunos voltaram para as salas, para assistirem às últimas aulas. O tempo passou devagar, e a gente já estava farto daquilo tudo. A escola é um saco...
O sinal bate, e mais uma vez a multidão entope os corredores do colégio. Primeiro dia de aula de um longo ano. Se no primeiro dia eu já queria terminar logo com aquilo tudo, imagina no final do ano. Vou estar morta...
Alguém esbarra em mim e derruba minhas coisas.
- Ou! Não vai me ajudar a catar minhas coisas caídas?
A pessoa se vira e eu vejo que é aquele mesmo menino. Cara, esse moleque está me perseguindo, só pode!
- Pega para você! - ele respondeu, arrogante como sempre.
Reviro os olhos.
- Grande Bully você é...
- Posso fazer pior, será que aguentaria?
- Há. Tá se achando muito, cara. Você desistiria antes mesmo de tentar...
- Tá combinado então...
E ele se virou e continuou seu caminho, deixando minhas coisas no chão. Henry me ajudou a pegar.
- Tem certeza que não quer que eu dê uma lição nele?
- Tenho, Henry... Eu posso me virar sozinha, ok?
- So quero que você não se machuque...
- Não vou me machucar... - sorrio.
