Uma semana se passou, e o dia da aula de educação física chegou, e eu não estava nem um pouco preparada para me atirar de uma escada nos braços frios e ignorantes daquele garoto frio e ignorante. Mas era necessário.
A professora gritou comigo por uns vinte minutos. Como aquela mulher me enchia o saco! Não tenho capacidade de aguentar o "mimimi" dela. A aula começou, e ele já estava posicionado abaixo da escada, sendo que eu nem havia subido ainda.
- Vejamos se eu sou confiável, não é, Senhorita idiota?
- Afe... Vamos acabar logo com isso.
- Já está pronta para terminar o que havia começado, senhorita Laura? - disse a professora impaciente- Comece logo!
Na minha cabeça, eu já imaginava a cena: eu, de cara no chão, com os dentes quebrados, sangrando, e todos ao meu redor rindo horrores de mim. E é claro, o "príncipe" se cagando de rir. Eu já estava sentindo meu estômago embrulhar, e minha visão ficar turva.
Eu tenho um sério problema de ansiedade, causado por traumas na infância. E eu tenho muita tontura quando estou sob muita pressão. E aquela situação era a perfeita para eu dar um belo de um desmaio.
Mesmo assim, eu me forcei subir na escada. Porém quando eu pisei no primeiro degrau, senti meu corpo amolecendo. Então...
Eu apaguei. Nem senti o impacto do meu corpo chocando-se com o chão de concreto da quadra. E nem consegui ver os meus colegas rindo de mim. Se bem que isso foi um ganho.
Acordei numa maca, com uma enfermeira medindo meu pulso.
- Ah, que bom que acordou! - ela disse sorrindo.
Por algum motivo não senti dor em nenhum lugar, senão no pulso, que estava vermelho, e doendo para caramba.
- O que aconteceu? - frase clichê.
- Você desmaiou durante a aula de educação física!
Disso eu já sabia, tia...
- Teria te machucado muito se tivesse batido a cabeça no chão. Sorte a sua de ter um namorado tão lindo e carinhoso.
- N-namorado? Eu não tenho namorado?
- Ué... Aquele garoto que te trouxe no colo até aqui, não era seu namorado?
- Quem me trouxe até aqui?
- Ah, um menino chamado Ethan.
- Não conheço ninguém com esse nome...
- Ah, que pena. Ele foi tão carinhoso com você. Estava tão preocupado... Veio com você nos braços, que nem cena de filme.
Quem seria esse tal Ethan? Eu nunca ouvi esse nome aqui na escola. Devia ser o Henry, sei lá. Ela deve ter confundido os nomes.
Quando me senti melhor, a enfermeira, que por acaso se chamava Esther, me liberou para voltar para a sala. Quando cheguei lá, minha mochila já estava ajeitada, com minha roupa de educação física dobrada dentro e meu material também. Henry é tão atencioso...
Mas espera... Henry tinha faltado hoje... Quem fez isso?
Aquilo tudo estava muito estranho para mim. Tirando o Henry, eu sei que ninguém mais naquela escola iria fazer esse tipo de coisa por mim. E quem era Ethan? Claro que não era o insuportável daquele menino...
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