Seis

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Há um caminho em Spring Creek que leva sempre para o norte

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Há um caminho em Spring Creek que leva sempre para o norte. Fazia anos que David Mcmillan deixara de cuidar dele e, por consequência, o capim o havia tomado e ocultado dos olhos de todos. A maioria dos que andavam pelo rancho naqueles dias sequer tinham conhecimento da antiga estrada, mas Jill se lembrava. Assim como Collin. E ambos sabiam bem onde a trilha iria dar.

A casa estava ainda mais arruinada do que Jill se recordava. Muitos anos antes ali viveram seus avós e ali crescera seu pai. Aquela fora a primeira sede do rancho, e o riacho próximo que borbulhava alegremente por seu leito de pedras até desaguar no lago era a razão de toda aquela vastidão de terras pertencentes à família Mcmillan se chamar Spring Creek.

David costumava levar seus filhos gêmeos quando eram crianças para brincar no balanço do antigo carvalho que já não existia no jardim da casinha modesta. Ele lhes contava histórias de sua infância difícil, época em que quase tudo o que a família possuía era economizado para que fosse reinvestido na propriedade. Abraham, seu pai, havia montado o rancho como se fosse uma colcha de retalhos, anexando um pedaço de terra após o outro cada vez que um de seus vizinhos queria se mudar para a cidade e o procurava para fazer negócios. Ele fora chamado de louco na época, mas sua visão se provou correta ao longo dos anos e não demorou para que os Mcmillan tivessem dinheiro suficiente para construir uma casa melhor, deixando aquela às margens do lago abandonada.

Collin estava sentado nos degraus de entrada da varanda da antiga sede, encarando a imensidão da água à sua frente, os olhos cheios de uma melancolia profunda.

Jill prendera Honey em uma macieira junto ao cavalo que tinha levado o irmão até ali e, em silêncio, sentou-se ao seu lado. Por um instante nada aconteceu, até que Collin suspirou fundo e encostou a cabeça no ombro da irmã.

Ela queria pedir perdão. Estava desesperada pensando que ele também a estivesse culpando, a acusando de ter brincado com seus sentimentos e os de Barb, mas não. Jill só precisou tocar nele para sentir que sua tristeza não tinha a ver com arrependimento pela noite que passara com a ex. Collin lamentava porque o momento estava fadado a não durar.

Nenhuma palavra foi necessária entre os dois por pelo menos meia hora depois daquilo, tempo em que ficaram sentados naqueles degraus, Collin pensando em tudo o que tinha acontecido nas últimas vinte e quatro horas e Jill concentrada em fazê-lo sentir-se amado e querido, o que era a única coisa que ela podia fazer.

— Vamos voltar. – ele finalmente disse, quebrando o silêncio e se colocando de pé para oferecer a mão à irmã e a puxar para que também se levantasse – A gente precisa comer alguma coisa.

— Você chegou a tomar café antes de sair? – ela quis saber espanando as mãos sujas de poeira e o encarando preocupada. Já havia passado do meio dia afinal. Collin meneou a cabeça e se entregou enquanto eles caminhavam na direção dos cavalos.

— Não. – respondeu sem tentar esconder nenhum dos fatos da irmã – Nem pensei nisso. Quando acordei e vi que Barb tinha ido embora sem nem se despedir... Eu só quis um pouco de espaço e decidi vir pra cá.

Quando O Destino For TeuOnde histórias criam vida. Descubra agora