Três

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Era um final preguiçoso de tarde

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Era um final preguiçoso de tarde. Jill zapeava pelos canais de tevê em seu quarto, entediada e sonolenta, quando seu telefone tocou. Barb estava saíndo de Denton com as duas lasanhas que havia encomendado na Nonna e não iria demorar a chegar.

Tentando fazer o mínimo de barulho possível para não atrapalhar o irmão, Jill desceu as escadas e foi à cozinha arrumar a mesa e deixar tudo pronto para que quando a amiga chegasse fosse só necessário servir o jantar. Collin continuava sentado na mesma posição de antes, com o violão apoiado em um dos joelhos e um caderno onde tomava notas sobre um dos braços da poltrona. Ele não havia comentado nada, mas Jill sabia. O tal dueto que mencionoara mais cedo, o mesmo que a gravadora estava fazendo pressão para que acontecesse, tinha que ter a ver com Jennifer.

Assim como Collin, Jennifer era uma cantora country bastante famosa e muito querida na região central do país. Fora ela quem o ajudara no início da carreira, o incluindo dentro dos círculos mais exclusivos de Nashville. E quando os dois anunciaram que estavam colocando um ponto final na relação após quase quatro anos juntos, Collin se viu no centro das atenções por algo que não era sua música, coisa que ele odiava. Não era à toa que estava tão relutante a voltar a colaborar com a ex.

Jill achou que seria silenciosa o suficiente para passar por ele na sala de estar sem ser percebida, mas ele levantou a cabeça no instante em que ouviu o piso de madeira ranger.

— Barb está vindo. – ela o avisou e ele balançou a cabeça anuindo antes de engolir em seco.

Jill não deveria ter insistido naquele jantar. Já não bastava a pressão dos fãs, da gravadora para que se acertasse com Jennifer, os rumores de que o término com ela acontecera por ele estar pegando pesado com o álcool, e Jill ainda havia levado Barb para o meio do redemoinho. Podia ter se passado quase uma década, mas parecia que Collin ainda não havia superado a decisão de Barb. Isso estava claro em cada gesto nervoso que ela reparara desde que ele havia ficado frente a frente com a ex.

Mais do que ver, Jill sentia a ansiedade do irmão gêmeo como se fosse a sua própria. Ele podia ter uma habilidade ímpar para encaixar palavras em estrofes, mas o mesmo não acontecia em frases, e ela sabia que ele lutava consigo mesmo e com o medo de falar besteira na frente de Barb, ainda se culpando por não ter sido capaz de fazê-la mudar de ideia no passado.

Enquanto colocava pratos e talheres para três na mesa que acomodava dez na sala de jantar, Jill se perguntou se Collin conseguiria se manter indiferente até o final daquela noite ou se não seria melhor cancelar tudo. Sim, era cruel, principalmente porque ela sabia que, apesar de ser capaz de cantar para multidões, pessoalmente o irmão era um introvertido nato. Mas ela precisava obrigá-lo a encarar a situação uma última vez antes de desistir completamente da ideia de ter nos papéis de melhor amiga e cunhada a mesma pessoa.

Barb buzinou quando chegou e Jill suspirou fundo, tomando coragem para executar seu plano.

— Collin? – ela chamou, tentando soar o mais casual possível – Pode ajudar Barb a trazer as coisas pra dentro?

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