__ Tudo aconteceu a quatro anos atrás. Eu tinha um irmão... Um irmão gêmeo.4 Anos Antes.
__ Vem Dylan, corre. Pega a bola.
Dylan era meu irmão gêmeo, tínhamos quatorze anos na época. Estávamos nas férias de verão daquele ano, e como adolescentes, queríamos nos divertir enquanto estávamos com a nossa avó. Sempre fomos pessoas que acreditávamos muito em Deus, mesmo não tendo uma religião definida. Só acreditávamos e pronto. Dylan então, ele cria em Deus de uma maneira tão forte que me deixava extasiado, ele tinha uma fé que me comovia.
Naquele dia em especial, estávamos brincando no quintal da casa de campo da minha avó, do quintal dava para ver a enorme floresta atrás da casa, foram incontáveis as vezes que exploramos o local, e naquele dia Dylan inventou de querer ir tomar banho na cachoeira.
__ Vamos Dan...__ Ele insistiu tanto.
__ Haaa não Dylan, você nem sabe nadar. É melhor não, vamos deixar para ir com um adulto.__ Eu só não queria ir.__ Quando o papai chegar, nós iremos.__ Nunca fui muito sensato, mas sempre tive medo de me machucar.
__ Mas papai só vai chegar pela tarde.__ Dylan sempre foi teimoso.__ Por favor!__ Parece uma criança birrenta.
__ É melhor não! Vou para o quarto ouvir música.__ E assim eu fiz.
__ Então tá, vou continuar brincando com a bola.__ Foi um erro deixa-lo sozinho.
Eu não devia ter saído de perto dele, deveria tê-lo protegido, sei que sou apenas dois minutos mais velho, mas deveria fazer o que os irmãos mais velhos fazem. Deveria ter cuidado do Dylan e garantido que ele não iria lá sozinho. Mas não foi possível.
Dylan foi para o riacho sozinho, e aquilo não era uma boa ideia, não vi ele saindo, e vovó por estar ocupada, também não. Minutos depois, senti uma agonia no peito, e quando olhei, Dylan já não estava, a única coisa que conseguir fazer foi sair correndo.
O riacho era um pouco distante, e só cheguei ao local uns dez minutos após ter saído de casa, comecei a gritar seu nome, até ver ele de longe... se afogando....
Pulei na água.__ Fica calmo, vou te tirar daqui...__ Porque ele tinha que ser tão teimoso?
Dylan já tinha bebido muita água, e estava desacordado, toda aquela situação me deixou ainda mais preocupado, eu já sabia nadar, e aquilo me ajudou a tira-lo vivo da água, mas ele estava mal, eu tinha noção disso. Eu não sabia como ajuda-lo, e estava desesperado. O puxei até em casa, e vovó ao nos ver, correu para me ajudar. Com a orientação de uma socorrista pelo telefone, fiz manobras de rcp e logo ele cuspiu água para fora, mas não acordou. Dylan foi levado para o hospital do município as presas, e lá ele piorou, teve duas paradas cardiorrespiratória. Ele estava morrendo.
Fiquei com minha avó enquanto meus pais estavam com Dylan no hospital. Minha avó não queria me desanimar, mais eu sabia, sentia que ele não estava bem. Eu estava perdendo meu irmão.
Estava em meu quarto, quando ouvi...
__ Como assim o Dylan esta em coma induzido? Como vou contar para o Dan? Eu sei Lauren, eu sei. Tudo bem. Vou está aqui.__ Desligou o telefone.
__ Vovó, aconteceu algo com o Dylan?__ Apareci na cozinha.
__ Oi Dan, estava aí a muito tempo?__ Sua preocupação era quase palpável.
__ Me responde vó, o que aconteceu com o Dylan? Ele morreu?
__ Não meu amor...ele.__ Ela era tão forte.__ Dylan está esta em coma induzido, eles deixaram seu irmão assim para ver se ele melhora.__ Droga.
As lágrimas caíram. Me sentia confuso, com medo e sabia que em partes, Dylan está naquela situação era culpa minha. Eu deveria ter contado para a vovó que ele queria ir para o riacho. Eu sabia o que estava acontecendo, sabia que ele estava partindo, eu sentia.
Dylan foi transferido para o hospital do centro de Nova York, onde morávamos, então tive que voltar para a cidade, vovó foi junto, para ficar comigo já que mamãe estava exausta de ficar com Dylan no hospital, assim como papai.
Passaram-se duas semanas, e as coisas só pioraram, lembro que tive aquela ideia. A ideia mais ridícula da minha vida. "Se o Dylan confia nele, eu também confio..." pensei assim antes de começar a falar sozinho.
Não sei quanto tempo passei orando e apresentando propostas que pareciam plausíveis para que a tal divindade criadora deixasse meu irmão viver. E quando já não tinha mais palavras, apenas chorava, meu coração estava quebrado. E quando meu corpo cansou, conseguir dormir. Naquela noite, sonhei com Dylan, ele caminhava para longe depois de acenar para mim. Ele saiu caminhando, e eu não pude fazer nada. E foi quando me assustei, de longe deu para ouvi o choro e os passos da minha avó! Fingi que estava dormindo para não ter que ser alvo de pena dela novamente, então ela chegou na porta do meu quarto, e sussurrou algo.
__"Eu sinto muito..."
Aquilo foi a dica para dizer que naquela madrugada o Dylan havia partido, naquela madrugada, ele não resistiu, e eu não aguentei.
Eu só queria que meu irmão ficasse bom, só queria que o Deus em que ele tanto acreditava pudesse ajuda-lo, e Ele não ajudou.__" Estamos aqui pela última vez com o doce e amável Dylan O'Conner. Que ele descanse em paz, ele era um garoto brilhante.
Minha mente estava longe. Meu pai estava abraçado a minha mãe, minha avó segurava minha mão, e eu? Eu estava sendo enterrado com meu irmão.
__ Últimas palavras com Daniel O'Conner...
Levantei e caminhei bem devagar para perto do caixão. Porque logo comigo, porque com o Dylan?
__ Oi, lembra quando você disse que seríamos nós dois contra o mundo? Eu acreditei! E agora? Agora sou eu sozinho, você sacaneou comigo.__ Minha respiração falhou.__ Prometo me olhar todo dia no espelho, só pra te ver, eu te amo... muito. Lembra da minha bandana que você tanto gostava?__ Tirei da mochila que carregava.__ Pode levar com você! Sinto te dizer, mais seu Deus não existe.
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Ouçam o hino da cantora Gabriela Gomes: Meu Pai é Bom.
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Escolhi te Esperar/LIVRO 1 (ATUALIZANDO)
Romansa(ATUALIZANDO) O que você faria se tudo ao seu redor parecesse desmoronar, e a pessoa que você ama morresse em sua frente, se ela partisse e você não pudesse fazer nada? Essa é uma pergunta difícil de responder, e a escolha de Daniel foi se fechar...