Á primeira vista

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Uma noite turbulenta, estava me sentindo exausta. Caminhei lentamente pelo corredor observando a movimentação das pessoas fantasiadas. Ri sozinha ao balançar a cabeça. Cheguei ao sanitário e aguardei na fila a minha vez. Olhei para um grupo de garotas que estavam a se maquiar em frente ao espelho, todas eufóricas para a primeira noite de carnaval, pensei. Senti meu celular vibrar no bolso de trás da calça. O atendi e caminhei em direção a cabine do banheiro que liberou.

_ Oi Julia? – me ajeitei enquanto segurava o telefone no pescoço, e sentei – 

 _ Estou na recepção te esperando. 

 _ Ok, eu chego aí em alguns minutos, me espera. 

 _ Ok, beijo.

Assim que terminei, levantei, fechei a calça e logo sai caminhando em direção ao lavabo, lavei as mãos e ao me olhar no espelho percebi um celular sobre a pia. Olhei em volta e notei as cabines abertas, não tinha mais ninguém ali. Sequei as mãos olhando para o telefone. Eu deveria pegá-lo, pensei. 

 _ Não, alguém vai voltar buscar. – pensei alto –Assim que sai e caminhei alguns passos. 

 _ E se a dona não voltar, pode ser que alguém que encontrar não devolva.Voltei, e o peguei, percebi que estava desligado. Tentei ligar mas foi em vão, provavelmente sem bateria. Bem, a pessoa que o perdeu provavelmente o procure na recepção. De qualquer forma se alguém o encontrasse deixaria comigo.

_ Oi Julia.

_ Oi Lis.

_ Tenho 15 minutos. Um café?

Caminhamos para o salão a direita, e nos sentamos em frente ao balcão.

_ Dois cafés por favor.

_ Então Lis já pegou sua fantasia?

_ Julia meu amor, eu já disse, esse ano sem fantasias, estou trabalhando. _ Gata, você é a dona, você faz seus horários.

_ O quê? – risos – Eu sou a filha dos donos.

_ E qual a diferença?

_ A diferença que não temos funcionários suficientes, não posso deixar a recepção.

_ Mas é carnaval.

_ Por isso mesmo, a pousada está lotada, minha mãe está no salão de festas cuidando do baile, meu pai cuidando do bar, fiquei com a recepção da pousada, não vai rolar.

 _ Sinto tanto por você amiga.

 _ Eu sinto muito mais, acredite.

_ Trocou de telefone? 

Disse ela ao me ver rodando o celular na mão.

 _ Ah, não, eu achei ele no banheiro.

_ Sério, deixa eu ver. – ela pegou das minhas mãos - É um Iphone X, a pessoa que o perdeu deve estar louca atrás, vai rastrear.

_ A pessoa no caso uma mulher, eu encontrei no banheiro feminino, pensei em deixar lá, afinal ela poderia voltar, mas também podia cair em mãos erradas, e talvez a pessoa que o encontrasse não devolvesse.

_ Tentou ligar?

 _ Sim, mas está sem bateria, acredito que vão procurar na recepção.

_ Que bom que está com você. Bem amiga, toma o celular.  - ela levantou-se – eu vou pra casa me arrumar, porque hoje eu vou pular carnaval, e quem sabe o que pode acontecer essa noite. – risos –

_ Só posso dizer, se divirta por mim, e claro se cuida, se proteja.

_ Pode deixar, eu aproveito a noite por nós duas. 

Um Amor de Carnaval (Lésbico) - CompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora