Que pérfido Fado és tu
Ventos que ao contrário sopras
Esse Fado que é dor
Das plantas fazes mortas
Dizes tu que a vida é como é
Ou foi o Olimpo a destinar
As preces que em vão dizes
No teu coração acabam por morar
Pois nenhum Deus está para ouvir
Têm eles o poder para te mudar
Só sei que quero estar onde não queres
Só sei que das minhas lágrimas fazes mar
Aquele mar salgado de ondas calmas
Com pedras que de tristeza boiam
Onde tu, ó Fado, nadas
Onde bates em gotas que a mim molham
Sabes de cor cada passo meu,
Fazes o que para mim é obscuro,
Um livro ardente desde o seu início,
Onde as cinzas que restam são memórias.
O teu vento já me leva nas dores da minha alma
Faz-me chorar e respirar e não respirar
E me matar na minha mente
Algo que em antecedente morria no teu mar
Sou fogo ardente no que escreves
Sou fogo ardente no que ouves
Calei-me um dia para sempre
Pensei um dia em tiMorro na tua ordem meu Fado
Que por preguiça me queres espirar
A menos que aquele que te vê
Me der forças para o meu coração superarQuando eu desaparecer
Quero ver as flores do mundo
E num vento ao sol ardente
Sentar-me no teu fundoPorque este Fado já não me encanta
Só apenas o teu coração
Quando me aquecia na tua manta
Arrefecia por minha mão
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Vida Desentendida
PoetryPara aqueles que sentem um mundo por descobrir. Para aqueles que do negro exploram rosas pretas. Para quem quer pensar e sentir, mesmo no caos do desentendimento.