06 - Fado

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Que pérfido Fado és tu
Ventos que ao contrário sopras
Esse Fado que é dor
Das plantas fazes mortas


Dizes tu que a vida é como é
Ou foi o Olimpo a destinar
As preces que em vão dizes
No teu coração acabam por morar


Pois nenhum Deus está para ouvir
Têm eles o poder para te mudar
Só sei que quero estar onde não queres
Só sei que das minhas lágrimas fazes mar


Aquele mar salgado de ondas calmas
Com pedras que de tristeza boiam
Onde tu, ó Fado, nadas
Onde bates em gotas que a mim molham


Sabes de cor cada passo meu,
Fazes o que para mim é obscuro,
Um livro ardente desde o seu início,
Onde as cinzas que restam são memórias.


O teu vento já me leva nas dores da minha alma
Faz-me chorar e respirar e não respirar
E me matar na minha mente
Algo que em antecedente morria no teu mar


Sou fogo ardente no que escreves
Sou fogo ardente no que ouves
Calei-me um dia para sempre
Pensei um dia em ti

Morro na tua ordem meu Fado
Que por preguiça me queres espirar
A menos que aquele que te vê
Me der forças para o meu coração superar

Quando eu desaparecer
Quero ver as flores do mundo
E num vento ao sol ardente
Sentar-me no teu fundo

Porque este Fado já não me encanta
Só apenas o teu coração
Quando me aquecia na tua manta
Arrefecia por minha mão

Vida DesentendidaOnde histórias criam vida. Descubra agora