Capítulo II – Instalando-se no Rio de Janeiro
Joaquim Prado vivia em Lisboa com seus pais e irmãos. Era um comerciante arguto, com muita afinidade junto à Corte do Príncipe Regente, Dom João. Comercializava diversos produtos, tais como: tecidos e especiarias, a seda e o cendal, perfumes e objetos exóticos provindos de diversos lugares, principalmente das Índias e Egito. Sua clientela, a Corte Portuguesa, era muito exigente e compulsiva, consumia muito de seus produtos tanto pelo exotismo quanto pela novidade sempre alegada e apregoada no momento da compra.
Joaquim Prado era muito habilidoso, falastrão, um sofista. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra e não exerceu a profissão de advogado pelo seu modo de ser, não passava credibilidade forense e, também, porque a sua atividade preferida, ser comerciante, era mais rendosa e este fator era muito considerado por ele. O acúmulo de dinheiro era fator preponderante, diria até que era a principal preocupação e incentivo psicológico. Todo e qualquer movimento e ação era em busca de aumentar sua riqueza. Os Prados eram uma família tradicional e rica de Lisboa, proprietária de vários prédios, enriquecida com a comercialização de produtos importados, sempre com margens de lucro exorbitantes. Os Prados compravam seus produtos e mercadorias diretamente dos Capitães dos navios. Compravam depois de regatear bastante os preços e vendiam estes produtos com altíssimas margens de lucro. Compravam somente aqueles produtos que sabiam que teriam as vendas certas e grandes lucro, assim como produtos de novidade que vislumbrassem serem de interesse de seus clientes. Eram produtos muito demandados pelos cortesãos e cortesãs. Eram produtos de luxúria, de status. Seus clientes da Corte eram verdadeiros consumidores compulsivos.
Joaquim Prado possuía uma clientela fixa e fiel de mais de quinhentos Cortesãos, entre homens e mulheres. Sua clientela costumava pagar seus preços pelos produtos comprados, sem muita discussão, pois Joaquim Prado costumava dizer que quem pechinchava não tinha finesse, não tinha valores de realeza, não tinha valores divinos. E muitos dos seus clientes acreditavam nesta besteira e saíam afirmando, aos quatro ventos, esta postura de não pechinchar para não perder as virtudes da realeza. Assim era a verborragia de Joaquim Prado, um sofista da classe realeza, sublime, magnificência.
Joaquim Prado conheceu sua esposa, Catarina de Pádua, ainda na Universidade, onde ela cursava o primeiro ano da Faculdade de Direito e trabalhava como funcionária no Departamento da Faculdade, exercendo a função de atendimento ao aluno, enquanto que ele estava saindo da Faculdade. Depois de muita lábia em cima dela, Joaquim Prado conseguiu marcar um encontro casual, em uma festa de aniversário dada pelos pais de um aluno.
Catarina de Pádua tinha um rosto muito lindo, ela era muito admirada e comentada pelos alunos, no curso que estudava, por sua beleza física, tanto pela beleza de seu rosto marcante quanto pelos contornos de seu corpo bem moldurado, portanto os rapazes sempre se aproximavam dela para enamorarem-se. Catarina de Pádua não se mostrava interessada por estes rapazes tanto pela juventude deles quanto por sua mãe sempre dizer que ela precisava terminar o curso para depois namorar, caso contrário seria uma mulher só para parir filhos de algum homem estúpido e arrogante. Catarina de Pádua ouvia sempre os conselhos de sua mãe e os seguia, pois os exemplos deste tipo de relacionamentos de casal era muito costumeiro, muito generalizado. Na corte portuguesa havia milhares de casais em que as mulheres eram desprezadas, mal-amadas e, portanto, depressivas, gordas e fofoqueiras. Parecia até que era condição "sine qua non" as fofoqueiras serem enquadradas como frutos de relacionamentos de casamento malsucedidos, pois não eram frutos do amor, mas de acordos financeiros e comerciais entre famílias. Catarina tinha especial atenção para esta condição dos casamentos realizados, das mulheres lisbonenses.
Catarina não queria ser uma mulher normal que tivesse subordinação ao seu marido, sem personalidade, sem vontade própria, muito pelo contrário, queria deixar sua marca, ser respeitada em seu trabalho, por sua competência, por alguma coisa que fizesse e fosse reconhecida por seu talento.
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A Saga da Família Prado
Fiction HistoriqueO livro retrata a história da Família Prado vindo para o Brasil juntamente com a Família Real, em 1808. Como o negócio dos Prados era comercializar produtos exóticos junto à corte portuguesa, somente um quinto desta corte conseguiu embarcar para o B...