Capítulo 3

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Capítulo III – Proprietário de terras

Com a abertura dos portos pelo Príncipe Regente Dom João, em 1808, os preços internacionais dos produtos nacionais melhoraram muito, como a madeira, a cana de açúcar e outros, pois os ingleses pagavam, a princípio, mais que os portugueses pelos nossos produtos exportados, além de aumentarem a quantidade de produtos agora negociados com a Inglaterra. Os ingleses sabiam os preços praticados pelos portugueses, então começaram a pagar um valor melhor aos produtos brasileiros como forma de quebrar a hegemonia dos portugueses. Um ano depois, os preços pagos pelos ingleses já eram menores, mas os portugueses perderam a hegemonia dos produtos brasileiros. Esta concorrência desleal praticada pelos ingleses era contumaz. Posteriormente, algumas outras nações potentes praticaram a mesma regra para com as outras nações pequenas e pobres, exploradas e dependentes. A Lei de Mercado é perversa, sempre houve e sempre haverá exploradores e explorados, a consciência do homem nunca conseguiu se livrar do egoísmo, do acúmulo de riqueza por poucos em detrimento de muitos ficarem à mingua dos benefícios da riqueza da terra. Esta consciência de acúmulo de riqueza vem do tempo em que o homem ainda não era classificado como "Homo Sapiens", éramos simplesmente hominídeos, onde tínhamos a grande preocupação de subsistência. Lutávamos contra os outros animais mortíferos para vivermos. E depois de alguns milhares de anos, praticamos estas armas mortíferas contra nós mesmos, os desprovidos de recursos intelectuais e financeiros contra os possuidores. Em razão dessa Lei de Mercado, hoje vemos países muito ricos e grande maioria muito pobres. Dentro de uma mesma nação, temos poucos homens ricos e a grande maioria pobres, desprovidos dos frutos da natureza e do trabalho do homem. A perversidade e o egoísmo geram a miserabilidade do homem, já dizia Leo Huberman, em a "História da Riqueza do Homem".

Após vários meses fixado no Rio de Janeiro, Joaquim Prado percebeu que seus negócios não estavam tão prósperos como na antiga Lisboa tanto pela limitação e parcialidade dos membros da Corte Portuguesa, vieram somente um quinto da Corte, quanto pelos poucos recursos financeiros que eles conseguiram trazer na premência da viagem. Para ele, se a os lucros auferidos forem de pouca monta, não havia o porquê perder tempo, deveria procurar outra atividade que trouxesse o maior lucro possível, pois se considerava um grande mercador e negociador. Diante deste quadro restritivo, Joaquim Prado se convenceu em buscar outras oportunidades de negócio, diferentes da que praticava: o comércio de produtos importados que eram vendidos aos cortesãos. Assim, deixou a cargo de seu pai e sua família darem continuidade aos negócios da família e prosperarem. Destarte, partiu para uma viagem de reconhecimento à Província de São Paulo, onde ouvira dizer que a região era próspera e rica, onde estava concentrado o maior número de homens ricos do Brasil. Assim que chegou à província, fez várias visitas às diversas regiões desta para conhecimento e identificou a região de Vila de São Carlos como mais próspera, mais produtiva e de maior potencial para montar um negócio rendoso. Além de estar próxima à Capital da Província, a Cidade de São Paulo. A economia da região era baseada na monocultura da Cana de Açúcar e sua produção total era voltada para a exportação à Metrópole Portugal, mas, com a abertura dos portos, sua exportação deveria crescer mais, principalmente para a Inglaterra, grande consumidora deste produto, assim como para outras nações. O lucro auferido pelos engenhos era muito grande, estes senhores eram donos de grandes propriedades de terra e sua base de produção era escravocrata. À época, o preço dos escravos era relativamente baixo por causa de grande ingresso deles no mercado nacional. Mentalmente fez vários cálculos financeiros alternativos e decidiu fincar-se na Vila de São Carlos. Em seguida, foi em busca de localizar e comprar terras boas para a produção da cana de açúcar, claro que em condições financeiras favoráveis. Informou-se sobre os tipos de terra e qual era a melhor para esta plantação. Pesquisou muitas propriedades à venda e, depois de muita investigação, conheceu um comerciante na praça da igreja da Vila de São Carlos que comentou sobre três proprietários, que eram parentes entre si e que estavam se desfazendo das terras por problemas de dívidas. Todas as três propriedades eram próximas, aliás eram circunvizinhas, na região do Taquaral e, diante de seu conhecimento prévio desta problemática condição de devedores por parte dos vendedores, conseguiu jogar o preço bem abaixo do valor de mercado à época e fechou o negócio da aquisição. Comprou aproximadamente duzentos alqueires de terra, com muitas nascentes de água e eram praticamente planas. As fazendas já eram utilizadas parcialmente para o cultivo da Cana de Açúcar que só corroborou para suas aquisições.

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⏰ Última atualização: Jul 26, 2019 ⏰

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