Talvez a morte seja vocês.

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Meu nome é Anders, tenho 17 anos, e estou me preparando para o velório de uma amiga.

Anne...

Anne, era considerada uma pessoa alegre, uma pessoa "otimista"; Mas pensando bem, algo que todos nós não conseguimos entender profundamente até hoje, é que todos temos uma máscara.

Anne, era aquela garota que não tinha vergonha ou medo de receber um não da sociedade, aquela garota que ao cair, se levantava rapidamente e fazia algo melhor e mais perfeito que o plano original! Mas com o tempo, as pessoas se abrem para você e com o tempo, elas retiram por 100% suas máscaras.

E assim foi dito, como assim foi feito. Ela me revelou marcas horrendas! E junto a ela, pessoas nas quais eu considerava e achava conhecer se revelaram como monstros!

...

Recebi uma ligação de Anne ontem as duas da madrugada... como de costume ela chorava e implorava para que eu lhe dissesse um jeito para acabar com tudo aquilo. As minhas palavras eram: "Se acalme! Um novo dia irá surgir! E assim poderemos fugir para o nosso mundo!", com isso sua respiração começou a acalmar e após isso ela me respondeu: "Você está certa... um novo dia irá surgir! Eu te amo, minha, nos vemos por aí!".

E como de costume, após ela desligar, coloquei o celular na cômoda e tentei voltar a dormir, mas... algo me incomodava, suas primeiras palavras foram tão desesperadas, e as últimas, tão... calmas.
Chegou um ponto na qual não me aguentei! Eu tinha que ligar! Então, liguei, mas não fui atendida. Então , mais uma vez! Mais uma! E outra! E... outra... Eu não esperava que meus pensamentos estivessem totalmente certos ao pensarem em... suicídio!

E as duas e cinquenta e sete, daquela madrugada, foi confirmada a morte de Anne...

...

Estou em meu banheiro, e olho fixo para o colar q Anne me deu. É um colar simples, mas o seu encanto ainda é visível! Ele é prata, com um pingente do símbolo infinito que é aberto, ele não se fecha.
Anne, dizia que o infinito não existia, e que o infinito era apenas uma palavra criada para identificar o inimaginável! E realçar o como somos pequenos no universo.

Apenas, peguei o colar e o coloquei, e com ele, eu usava uma blusa rosa totalmente ridícula. Mas por que eu estaria usando ela? Simples, uma promessa. Dizíamos que quem morresse primeiro usaria uma roupa chamativa, rosa, no velório da outra. Mas eu nunca pensei que esse dia chegaria tão cedo.

Entrei no meu carro e dirigi até o cemitério. Já são duas horas da tarde e o corpo de Anne será enterrado agora. Avisto os seus pais e vou até eles. Chegando lá sua mãe começa a chorar e a me abraçar, me causando repulsa com o seu toque.

- Poderia, por favor, me soltar? - Digo sem ter a menor paciência do mundo. - Como vocês conseguem?
- Conseguimos o que, querida? Não estou entendendo.
- Como conseguem ser tão fingidos? Eu não consigo entender! Vocês fizeram isso com sua filha!

Eu não entendo! Como o ser humano consegue ser tão desprezível?!

- Olha, querida... Nós não fizemos nada! Ela tomou as pílulas! Não nós!

Eles desprezaram a filha deles, a fizeram se sentir um lixo, e ainda tem a coragem de dizer que a culpa não é deles?!

- Vocês a envenenaram! Não literalmente, mas com palavras! Com discursos de ódio! Com julgamentos e desrespeito! Mataram a mulher que eu amava, apenas por ela me amar também!
Então, por isso... talvez a morte seja vocês.

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