Capítulo 03

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— Tá brincando! — Priscila era (provavelmente) a pessoa mais animada no pátio da escola durante aquele  intervalo.

— Ei, calma!— Pediu Natasha olhando ao redor para conferir se Priscila havia chamado a atenção de muitas pessoas por ali.

— Oh — Priscila levou as mãos à boca percebendo sua agitação desnecessária. —Desculpa. — Sussurrou ela.— Mas me conta o resto!— Sua agitação fora toda paras as mãos que ela agitava como se acompanhasse o sorteio da loteria.

— Não tem "resto". A história foi essa.— Natasha contava à amiga os detalhes do seu incidente de no trabalho que lhe permitiu conhecer Estephan, "O garoto das vestes despojadas" como Priscila o chamava.

— Só isso? Ele só passou no seu caixa e foi embora? 

— Sim, passou no meu caixa e disse o nome dele, depois foi embora. Você queria que ele fizesse mais o quê exatamente?

— Bom...— Priscila dizia num tom como se quisesse se redimir antecipadamente pelo que iria dizer— De repente pedir seu telefone não iria matar ele, ia?— Natasha revirou os olhos sorrindo. Pegando seu suco de caixinha.

— Eu tava no meu local de trabalho.

— E daí? É contra as leis de trabalho arrumar um garoto legal pra sair qualquer dia desses?

— Olha, eu não tô com cabeça  pra essas coisa e você sabe disso. — Natasha agora tomava um suco de caixinha e procurava não encarar Priscila diretamente pra não ser desmascarada.

— Ah é? — Priscila dizia obviamente descrente. — Pois a mim você não engana garotinha.— Ela obstruía o canudinho da bebida de Natasha apertando-o com os dedos.— Você me fala desse garoto desde a primeira vez que ele apareceu naquele supermercado.

— Ei, para com isso!— Disse Natasha afastando sua bebida da amiga.— E eu não falo dele desde que ele apareceu lá.

— Ah não, mas fala sempre que ele aparece.

— Cala a boca!— O sinal tocou e era hora de voltar à sala de aula.

O resto da manhã foi bem monótono, isso porque as aulas que se seguiram eram de filosofia com o Professor Hugo, que gostava tanto de dar aulas quanto seus alunos gostavam de assisti-la. Hugo era baixinho e gorducho, já passava dos 50 anos de idade e era conhecido na escola inteira como "Sr. Sonífero", bastava ele entrar na sala que os bocejos começavam aqui e ali, já podem imaginar como eram suas aulas. A última aula do dia foi regida por Christopher, professor de história que ensinou sobre o as revoluções industriais, com tanta animação quanto o Sr. Sonífero. Natasha era a única praticamente a não se render ao sono durante essas aulas, sempre fora uma aluna exemplar e suas notas não eram menos que excelentes.

Já em casa, Natasha estava estirada na cama em seu quarto, fitando o teto. Pensamentos involuntários visitavam sua mente de quando em quando. A garota olhou o céu pela janela do seu quarto e encarou as nuvens ao longe, uma em particular lhe lembrou os cabelos de Estephan. A garota riu e agradeceu mentalmente por Priscila não ter acesso a informação de que Natasha via traços do garoto nas nuvens. Não muito longe dali, lá estava ele, indo pra lá e pra cá com um avental surrado, carregando caixas e arrumando mesas.

Estephan trabalhava em um restaurante mexicano que havia inaugurado há pouco tempo, "El Sombrero". Era garçom, mas como também era novato suas funções como empregado eram basicamente as de um faz-tudo. Ele ia ao supermercado comprar ingredientes, à feira também, era ele quem lavava os banheiros e arrumava as mesas. O trabalho era puxado, mas o garoto não se importava.

O Possível Significado do "Talvez"Onde histórias criam vida. Descubra agora