Após a porta fechar-se, corri até ela a fim de trancá-la o máximo possível. Rondei a casa inteira para certificar-me de que todas as janelas estavam fechadas. Meu desespero causa-me dificuldade de respirar e meu peito sobe e desce rapidamente.
Estou decidida a ligar imediatamente para o locador e entregar as chaves a ele. Não posso ficar aqui por mais nenhum segundo.
Procuro meu celular exasperada e quando o encontro em cima da mesinha do meu quarto, em frente à janela, disco, com as mãos tremulas, o telefone do homem. Após quatro toques ele atende.
"Quem é? " Sua voz está bastante rouca, talvez tivesse acordado-o.
"Evangeline. Evangeline Evans. " Digo com pressa.
"Mas que p... Você sabe que horas são? " Ouço um bocejo do outro lado da linha. "São sete e pouco da manhã. O que quer, hein? "
"Desculpe, mas eu vou embora hoje mesmo e preciso que venha aqui para eu entregar as chaves e receber o reembolso dos dois meses pagos. "
"Olha só, Evangeline, eu não 'tô na cidade e volto no fim de semana para ver como está, mas antes que isso não consigo. Além do mais, posso saber o que aconteceu? " Ele soa um pouco alterado.
Encaro o casebre através da janela buscando algo incomum.
"Eu... Eu recebi uma visita hoje, pouco mais de vinte minutos atrás..." Ele me corta.
"Ah, não se preocupe, não me importo que convide outras pessoas para te ver." Sua neutralidade e indiferença fazem raiva borbulhar dentro de mim.
"Não é isso..." tento completar, mas ele me interrompe novamente.
"Tudo bem, tenha uma boa semana. " Ele despede-se e desliga o telefone.
Continuo imóvel com indignação estampada em meu semblante. Aperto meus dedos em volta do celular tentando me controlar para não o arremessar contra a parede.
Imbecil.
Obviamente xingo-o mais do que isso e dou-me por vencida ao sentar na cadeira. Meus olhos não conseguem deslocar-se do casebre. Não há nada diferente ou movimentações estranhas.
Talvez o vulto que vi antes fosse fruto da minha imaginação sonolenta e o rapaz não morasse ali, mas isso não descarta o fato de ele saber meu nome. Tento buscar inúmeras respostas para conformar-me, porém nada adianta.
Passo a manhã inteira praticamente imóvel naquela cadeira. Quando percebo ser meio-dia, levanto-me e dirijo-me a cozinha. Ficar parada e pensando em coisas negativas só irá aumentar minhas paranoias.
Quero sair da casa e alugar algum outro lugar mais próximo à cidade, mas sem o reembolso, não tenho condições para fazê-lo.
Preparo um miojo em poucos minutos e sento-me no sofá da sala com um prato e garfo em mãos. Ligo a televisão velha e zapeio os canais em busca de algo para me distrair. Infelizmente há apenas três canais: um sobre venda de bois e cavalos, outro com uma missa ao vivo e o terceiro passa um filme qualquer bastante antigo. Demoro um pouco para identificar, mas logo noto que se trata de "Psicose" e mudo imediatamente para o canal de venda de animais.
Ao terminar minha refeição, apoio a louça na mesinha de centro e puxo minhas pernas contra meu peito. A sala está escurinha por conta das cortinas fechadas. Apoio minha testa nos joelhos e lentamente adormeço pensando em olhos azulados e cabelos escuros.
Acordo sobressaltada com um estrondo e levo um tempo para assimilar o barulho a imagem de uma briga que passa na TV. Minhas mãos, que estavam atadas ao redor das minhas pernas impedindo qualquer movimento, deslocam-se até meu rosto, esfregando meus olhos e limpando a baba do meu queixo. Estico as pernas e coloco minha cabeça para trás dando tempo ao meu corpo para acordar direito.
A sala está mais escura do que antes de ter dormido e várias batidinhas leves no vidro as janelas acordam-me por completo. Meus músculos relaxam ao entender que está chovendo e respiro profundamente. Minha ansiedade faz-me ficar atenta a qualquer som.
Uma luz invade a sala por meio dos furinhos na cortina e em seguida um trovão reverbera causando-me arrepios. O tempo esfriou um pouco e minha t-shirt branca velha e minha legging preta não é o suficiente para me aquecer.
Ajeito-me no sofá e penteio meu cabelo com os dedos antes de fazer um coque que se assemelha a um ninho de corruíra. Algumas mexas mais claras, que contrastam com o restante, escapam e caem sobre meu rosto – sendo colocadas, em seguida, atrás de minhas orelhas.
Fico de pé e minhas pernas começam a formigar imediatamente, fazendo com que eu caia de bunda no sofá. Bufo e levanto-me conseguindo, com sucesso caminhar. Passo pela pequena mesa de jantar, a qual é rodeada apenas por quarto cadeira, para chegar a escada, mas antes de qualquer coisa, estaco no lugar em que estou.
Sinto um arrepio mais forte do que alguma vez senti e meus olhos começam a umedecer-se. Minha respiração está bastante pesada e meu corpo inteiro treme de medo.
Em cima da mesa está o tubo de álcool.
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Beijocas!
-S.
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THE HOUSE - PT
Horror(ANTIGA "DEMON") - Fanfic Harry Styles Evangeline Evans, uma jovem pintora, decide passar suas féria de verão distante de tudo e todos que conhece, em uma pequena praia isolada a procura de inspiração para seus novos quadros. A data de sua próxima e...