Os bonitos olhos se abriram para contemplar os raios do sol que entrou pela janela do quarto. Maria Laura suspirou fundo e espreguiçou o corpo languido, imaginando o quão incrível era o amanhecer naquele lugar. Levantou os olhos, que pairaram sobre a coxa de cama macia, estilo imperial, que de certa forma, remetia as origens da bonita mansão imperial. Sem dúvidas, se tratando do Solar, ela era a pessoa mais orgulhosa em tê-la.
O lugar, havia sido um presente do antigo rei para sua então segunda esposa, e ex-amante: Maria Izabel. Desde então, com o passar dos anos, ali havia se tornado uma espécie de tradição para casais apaixonados, em busca de um espaço para a celebração de casamentos. Solar havia se tornado a propriedade mais bonita e histórica de toda a cidade, comprado às duras penas pelo bisavô de Maria Laura como um último golpe de investimento antes da grande crise imobiliária. E dera certo. Desde então, os Montenegro haviam se tornado os verdadeiros gigantes do ramo de imóveis na pequena cidade de Novo Horizonte, e ficaram conhecidíssimos por suas ações filantrópicas, ganhando até mesmo homenagens de vários agentes importantes na política da cidade. Com isso, a família Montenegro havia se tornado os grandes patrocinadores do leilão anual de caridade beneficente. Um evento que angariava fundos em prol do orfanato da cidade, costumeiramente realizado ali mesmo nas dependências do Solar.
Naquela manhã, Maria Laura colocou os pés para fora da cama, pegou o celular e se assustou com o horário.
Acabaria se atrasando para o café da manhã!
Algo problemático já que sua mãe sempre criteriosa e perfeccionista, fazia questão de sentarem a mesa pontualmente. Caminhou apressada pelo longo e suntuoso quarto, reparando nos sons de natureza que se instaurava do lado de fora.Asseada, descia as escadas lustrosas de mármore puro estranhando o clima calmo e até deserto, mas ela sabia que aquela tranquilidade aparente era apenas uma fachada. No interior do salão, deveriam haver um tumulto de atividades enquanto sua mãe e os empregados terminavam a decoração para o baile de caridade que aconteceria dali uma noite.
E eu deveria ter acordado mais cedo para estar aqui ao menos assessorando... — pensou, sem de fato se importar.
Sentiu uma grande satisfação invadi-la ao ver jarros de cristais repletos de flores naturais enfileirados perfeitamente perto da porta de entrada. Como sempre, havia naquele gesto um certo requinte de superioridade que somente Vera Montenegro, sua mãe, aplicaria.
Um bip e uma mensagem brilhante na tela do celular. Eram Luíza e Clara, a chamando para ir até ao clube de tênis logo após o café da manhã. Maria Laura ponderou e percebeu que aquela seria uma boa oportunidade para matarem a saudade, já que sua recente viagem feita pela Europa havia durado mais tempo do que o esperado. Olhou ao redor e se sentiu novamente intrigada por ainda não ter visto ninguém, mas logo se animou ao escutar um leve barulho vindo do jardim.
Estariam os pais tomando café da manhã por lá?
No caminho, um grande espelho provençal refletiu sua imagem. Parou e se avaliou antes de sair porta a fora. Sempre muito vaidosa, gostava do que via graças aos esforços diários na academia. Estava sempre bem acostumada a escutar diversos elogios sobre sua beleza e comentários tendenciosos sobre seu corpo. Era o que contribuía para que fosse alguém extremamente envaidecida e segura de si.
Olhou para fora e viu ao longe o pátio onde se situavam os estábulos e as garagens. Lá estava completamente lotado de carros, dentre eles as vans da floricultura e do buffet. A casa estava com aquela atmosfera de tumulto e de frenesi que comumente em todos aqueles longos anos de baile, ocorriam. Apesar de notar um ar estranho, olhou com atenção para tudo e julgou que invariavelmente, tudo corria perfeitamente bem. Até o tempo parecia estar colaborando!
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Uma Doce Lição
RomansaLinda, rica e mimada, bastava erguer um dedo e o mundo se curva a seus pés. Esta é a definição perfeita de Maria Laura Braganza, que a muito carrega o orgulho de seu sobrenome, justamente por pertencer à linhagem da família imperial do Brasil. Graç...