The Run And Go (cap 5)

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Tragédia...

Uma palavra complexa, oito letras, quatro sílabas e um sentimento.

Para uma criança que começou a vida há pouco tempo, era só mais uma palavra que ele ainda estava aprendendo o significado.

'Agora é o clímax da história
Que dá aos demônios e anjos um propósito
Eles voam ao redor, enquanto estamos caminhando
E moldando nossas emoções só para agradá-los
Eu estou frio, você consegue ouvir?
Eu vou voar, sem esperança, sem medo.'

23 de agosto de 1999, aos seus 10 anos, Tyler ainda descobria o mundo. Uma criança curiosa e afetuosa, mal sabia como mundo funcionava. Mas o mal rondava sobre ele desde se entendia por gente. Não sabia distinguir ao certo o que era o mal pra ele.

"Quem irá nos proteger?
Estamos todos condenados ao túmulo
Por que a demora?"

Algo sussurava entre os ouvidos de Tyler.

"Vá, você precisa acabar com o sofrimento das pessoas. Acabe. Só você pode fazer isso." As vozes se duplicaram. "Tyler, só você pode salvá-los."

"Como se sente em relação aos sonhos, Tyler?" Um homem que parecia ser seu psicólogo se senta no sofá a frente do garoto. "Mal, me sinto apavorado." Ele responde.

"A que ponto? Digo, você tem medo deles?" Diz seu psicólogo, Andrew.

"Tenho, eu sinto cada um deles me tocarem quando fecho meus olhos."

Tudo o que ele poderia dizer é que se sente preso pelas vozes da cabeça dizendo o que deveria fazer.

"Um deles diz que eu estaria melhor morto." Aquelas palavras saiam da boca de Tyler com dificuldade.

"Quem disse isso à você, Tyler?"

"O homem da minha cabeça." Suspira "Ele me controla."

Era visível o caos na cabeça do menino Tyler. Uma pequena criança com uma mente perturbada.

Desde que o homem que não possuía um rosto apareceu na vida do garoto ele não se sentia pertencente ao mundo.

"Por que você falou de mim pra ele?" Tyler vê a silhueta de um homem parado na porta do seu quarto.

"Me desculpe. Mas eu não aguento você e essas vozes me mandando fazer coisas ruins." Tyler se senta na cama. "Você me dá medo. Essas vozes não me deixam em paz."

"Eu estou aqui pelo meu objetivo pessoal, levar você junto com os meus."

"Eu não quero ir, eu não irei com você." O garoto tentava olhar para sombra no escuro que tirava seu sono.

"Você não irá para os sonhos de outra pessoa?" Perguntou o menino Tyler. "Você não irá pra cabeça de outra pessoa?"

"A guerra o conduz. Você precisa lutar, lutar contra ele." Uma voz diferente se comunica com o garoto.

"Quem é você?"

"Não dê ouvidos, você precisa ir. Hesite em lutar, você é fraco e impotente."

"ME DEIXA EM PAZ!" Suplicava o garoto.

...

Tyler conhecia Chris desde os 8 anos, e todos os dias ia visitá-lo. Era constante a presença de Tyler na casa de Chris Salih.

Naquele mesmo dia pela tarde, Tyler faria sua trajetória até a casa do amigo como de costume.

A chuva começou a aparecer. O garotinho que estava com sua roupa favorita pulando pelas poças chega na casa do amigo de infância. Ao ver as portas da frente semi abertas percebeu que algo estava errado por ali.

"Chris?" Ele adentrou na casa.

Barulhos e gritos eram ouvidos do andar de cima.

O garoto serenamente andou até os gritos desesperados. Era impossivel de se acreditar no que seus olhos viam mas era real. A cena do padrasto de Chris ameaçando o enteado e a esposa. Ele segurava um revólver na mão direita. O homem estava absolutamente bêbado.

Sem reação o garoto vê tudo completamente paralisado. O homem apontava a arma pra cabeça do seu melhor amigo.

Aquele homem ali parado com a arma na mão, para todos, era conhecido como um homem honesto e gentil que brincava todo dia com Tyler e Chris mas neste momento era só um cara problemático e homicida.

"Não faz nada com o meu filho." Implorava a mãe de Chris.

Tyler precisava fazer algo antes que fosse tarde demais.

E assim, pegou um martelo nas ferramentas e bateu contra os ombros do homem.

Ele gritou de dor percebendo a presença de Tyler acaba soltando a arma no chão.

Sem pensar duas vezes Tyler pega o revólver apontando para o rosto do homem.

"Mata! Mata! Mata ele agora." Vozes na cabeça de Tyler suplicavam.

Era possível ouvir o barulho do tiro em um raio de meio quilômetro. O corpo caiu no chão ensanguentado. A bala atingiu a região direita do crânio do homem.

A roupa favorita de Tyler agora estava com uma cor vermelha do sangue que escorria do corpo do homem que acabou de matar.

Ele matou um homem. Aquilo era pra ter acontecido? O que aconteceria se Tyler não tivesse detido aquele homem? Talvez Chris não estaria no mundo pra contar história.

Correndo sem ao menos olhar pra trás, Tyler saiu apavorado da residência fugindo de lá o mais rápido possível. Ele corria em meio a chuva que o molhava por inteiro. Sua cabeça estava à mil. As vozes conversavam na sua cabeça. O estômago de Tyler embrulhava, sentia um gosto ruim na boca. Ele só queria apenas fugir dali.

"Eu não queria fazer aquilo. Eles me obrigaram...eles me obrigaram." Ele dizia pra si.

When The Light Goes Out (Joshler)Onde histórias criam vida. Descubra agora