Capítulo 3 - Ponta da Agulha

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Cris se virou para Rebeca, o suor frio escorria de sua testa, seu olhar parecia aterrorizado. Ela se aproximou lentamente do corpo, visivelmente ressentida e insegura com o que havia acontecido. Cris ainda estava com a arma apontada na direção onde o tiro havia saído. A fumaça saía do cano da arma e contrastava com a bizarra cena. Seus olhos cinzentos estavam vidrados, aterrorizados.

— É como se fosse um filme de terror... — Disse ele com a voz embargada. — Do mais antigo e bizarro...

Cris abaixou a arma e olhou para Rebeca, que olhava assustada para toda a cena. O bar havia virado um caos. Na parte de cima, a pequena mureta que separava o segundo andar do chão havia sido quebrada. As cadeiras e mesas estavam no chão. No canto esquerdo, um casal havia levantado assustado, derrubando o copo de cerveja e deixando o líquido todo escorrer pelo chão. Perto dos pés de Cris, o sangue se mostrava recente e com um cheiro forte.

Na extremidade do bar, onde o homem gordo havia sido levado, seus companheiros de motociclismo tentavam estancar o sangue e manter seu "chefe" acordado. Cris se encaminhou até o local, guardando a arma no coldre e tirando o cabelo do rosto. O homem havia perdido a cor. Seu peito estava completamente arranhado e o pescoço dilacerado. Era um milagre ainda estar resistindo aos fortes ferimentos. Cris se ajoelhou perto dele e começou a averiguar a lesão;

— É um milagre ele ainda estar vivo. — Disse.

— Chucky sempre foi um cara forte. — Disse um dos motoqueiros de cabelo encaracolado. — Ei, irmão — Disse ele olhando para o homem. — Vai ficar tudo bem.

De longe o barulho da sirene da polícia era eminente, o carro cortava as ruas em tremenda velocidade e em questões de segundos o som ficou próximo o suficiente. Dois policiais saltaram do carro. Um deles, um homem branco de olhos castanhos, completamente careca e o outro um homem gordo, com diversas rugas de expressão pelo rosto e cabelos grisalhos.

— Meu Deus do céu... — Disse o homem careca. — O que houve por aqui??

— É dificil de explicar, Matt. — Falou Cris.

— Aposto que foi você que fez isso. — Disse o homem gordo, ríspido. — A gente precisa se ver na delegacia, Cristopher. Olhe isso aqui! — Disse ele rondando o local, averiguando a situação. — Dano a propriedade privada, um homem baleado, e morto! E o outro gravemente ferido no outro canto. Você tem muita coisa para explicar.

Cris olhou para cima e respirou fundo. Matt já havia saído de perto da porta de entrada e foi verificar o estado de Chucky, enquanto chamava a ambulância em seu rádio;

— Vamos ter tempo o suficiente para conversar, Sheldon. — Disse Cris.

— Espero que tenha mesmo. — Falou ele. — Isso não vai ficar no famoso "elas por elas".

Matt se levantou do local que estava e se afastou de Chucky, se encaminhando em direção ao Cris e puxando ele para o canto.

— O que houve aqui? — Disse ele botando a mão na cintura.

— Se eu te contar você não vai acreditar. — Disse Cris, botando a mão no rosto e subindo para o cabelo, com um semblante preocupado.

— Se você não me contar eu não vou saber o que aconteceu. — Falou ele.

— Pode ser na delegacia?

— Claro que pode.

— Dentro da sala. — Enfatizou Cris.

Matt olhou para os lados. Visualizou o semblante de nojo e rejeição de Sheldon, que averiguava a situação e conversava com Rebeca, que se limitava a dar informações para ele.

APOCALIPSE SAGA - LIVRO 1: The CureOnde histórias criam vida. Descubra agora