As gêmeas

35 2 0
                                    

Capítulo 2 - Anônimo 

Nos primeiros meses das bebês, a velha bruxa queria pôr fim às pequenas. Mas vou confessar: eu as queria para mim. Sem nada para fazer, decidi protegê-las.

 Magda percebeu que havia forças maiores protegendo as pequenas.

Se passaram 10 anos.

As duas gêmeas, lindas e ainda sem nomes, brincavam no jardim de uma casa no meio da floresta, bem distante do reino. A bruxa era sábia e recebia vários clientes à procura de remédios, poções, feitiços e outros serviços.

Era uma tarde tranquila quando Magda, que havia saído em uma de suas viagens de negócios, voltou para casa.

— Magda! Magda! — gritavam as gêmeas ao vê-la.

— Oi, pequeninas!

— Por que não temos nomes como você? — perguntou a mais curiosa.

— É verdade! — exclamou a outra.

— Já está na hora de vocês terem nomes. Aguardem até amanhã — disse Magda, sabendo que dar nomes às meninas poderia transferir certos poderes para elas.

— Eba! — comemoraram as duas, saindo animadas.

Do quarto, ouvia-se as gêmeas escolhendo vários nomes. Elas eram muito espertas para crianças de 10 anos. Magda nunca deu muita atenção para as duas, limitando-se a alimentá-las. Elas sempre se viraram sozinhas.

Amanheceu, e as meninas já estavam à mesa esperando o café que Magda preparava. Devoraram a comida com tanta rapidez que chamou a atenção da bruxa.

— Estão ansiosas — comentou Magda.

— Sim! — responderam as duas ao mesmo tempo.

Magda puxou uma das garotas para o colo e começou a falar:

— Seu nome será Milena — disse, acariciando os cabelos da menina. — Você é curiosa, carinhosa e atenciosa.

Depois, puxou a outra:

— E você se chamará Samyra. Seu jeito sério, mas ao mesmo tempo gentil e tímido, me faz lembrar que você é a mais nova. Também foi quem deu mais trabalho para sua falecida mãe.

Magda havia mentido sobre a mãe das pequenas, alegando que ela havia morrido após o parto.

Os olhos das duas brilharam ao ouvir seus nomes. Passaram a tarde sonhando acordadas, viajando em suas imaginações.



Milena – 10 anos de idade

Passei a tarde com minha irmã no jardim, mas, quando começou a chover forte, corremos para dentro da casa.

— Olha, Samyra, o que eu encontrei! — exclamei, mostrando algo.

Samyra me olhou assustada.

— O que é isso, Milena?

— Não sei, vamos descobrir.

Abrimos uma porta escondida atrás de um pequeno quadro e encontramos vários livros antigos e empoeirados. Samyra me olhou de forma repreensiva; nós já sabíamos o que era: um dos livros que Magda usava de vez em quando, e toda a casa brilhava quando ela fazia isso.

— Vamos ver o que tem aqui — sugeri.

— Milena, acho que não deveríamos fazer isso — retrucou Samyra.

Ignorei o comentário dela por alguns minutos e comecei a folhear o livro. As palavras eram bem mais difíceis do que eu imaginava.

Passamos a tarde lendo. Havíamos aprendido a ler com um senhor que sempre vinha à procura de Magda quando ela não estava. Samyra e eu aproveitávamos essas visitas para bombardear o velho de perguntas, e ele acabou nos ensinando. Sempre líamos antes de dormir os livros de receitas que Magda nos dava para acender a lareira. Fazíamos isso escondidas.

NUNCA MAGOE UMA BRUXA Onde histórias criam vida. Descubra agora