HORAS (IN)CERTAS?

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                                                                                                                                                                                  2

                 A viajem durou cerca de uma hora, mas para Elliott Smith apenas alguns instantes. Durante todo o trajeto permaneceu absorto em seus pensamentos, se esforçando para não criar teorias que prejudicassem seu julgamento. As informações descritas no telegrama vagavam por  sua mente. Talvez esse fosse o caso mais importante de sua vida. Durante um bom tempo, Smith pensou haver entendido a mente do Darach. Um sentimento de impotência então paira em sua mente. O fato de ter fracassado em levar a justiça o homem certo feria seu orgulho. Ele era sem dúvida um dos melhores psiquiatras forenses de toda a Inglaterra. Imagine o que aconteceria com sua reputação quando os jornais e tabloides estivessem anunciando que Elliott Smith havia condenado o homem errado. Em meio a este turbilhão de sentimentos confusos, Elliott adormece. 

DAMN PLACE

Do alto da torre do Big-Beng, a jovem riu e voltou-se para ele, lá em baixo chamando-o.

- Ande Elliott! Devia ter me casado com um homem mais jovem! – O sorriso dela era mágico.

Ele tentou acompanhá-la, mas suas pernas já não eram tão fortes como antigamente.

- Espere – pediu. Por favor...

Enquanto avançava degrau por degrau sua visão começa a ficar embaçada. Em seus ouvidos ressoava um zumbido agonizante.

Preciso alcançá-la! Mas, quando leva o olhar em sua direção, a adorável jovem havia desaparecido. Em seu lugar estava Darach com sinais visíveis de decomposição, ainda com as marcas roxas em redor do pescoço; os olhos cinza esbranquiçado como se tivesse acabado de sair do túmulo. Ele então o encara, os lábios torcendo-se em uma careta diabólica tendo em seus braços o corpo sem vida da adorável jovem com flores brancas no lugar dos olhos. Elliott deixa escapar um grito de angústia e desespero que ecoa por toda engrenagem do relógio.

- Senhor! Preciso que saia do trem! Já estamos de partida – Berrou o comissário.

Elliott acorda sobressaltado do pesadelo que acabara de ter. Enfim chegara a Damn Place.

- Suas malas estão com o desembargador. – Por favor, saia!

O psiquiatra levanta meio tonto, e um tanto atordoado pela gritaria. Pega sua valise vermelha contendo seus aparatos pessoais e se dirige ao pavilhão central da pequena estação.

- Me ajude a levar essas malas até um cabriolé – dita a um carregador.

- Hotel King Haralds, rua C – Anuncia ao cocheiro depois de bem acomodado nas poltronas lisas e macias da companhia de transportes urbanos de Damn Place.

Cruzando uma e outra avenida, a carruagem segue para o endereço requerido. No decorrer do caminho observa a pequena cidade, que se encontra exatamente como da última vez em que estivera ali. Ruas lamacentas e casas sem vida construídas de tijolos com dois furos, lembravam os período medieval. Coberto apenas por um céu cinza e desbotado, o cenário não é dos mais belos. Pessoas indo e vindo cuidando de seus afazeres, porém, levando em seus semblantes a inegável sombra do medo da maldição que recaíra sobre eles.

- Chegamos! – Anuncia o cocheiro.

Finalmente a carruagem estaciona. Um jovem, trajando terno vermelho e calça branca, rosto rosado e enérgico, vem receber Elliott. Cordialmente lhe oferece um sorriso junto com uma saudação de boas vindas.

- Deixe-me pegar suas malas senhor. – Diz o rapaz. - Partindo imediatamente para a recepção.

- Quanto foi a corrida? – Pergunta ao cocheiro.

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