CRÔNICAS DE UMA ADOLESCENTE SUICIDA

1 - Uma inocência quase suicida

A sua mãe colocava aquele bombom

embaixado de deu travesseiro

quando ele dormia

E seu pai lhe dava um beijo na testa

na hora de ir para a escolinha

O seu irmão lhe dava um cascudo

na cabeça na hora de entrar para a sala

E sua professora comia a maçã

que ganhou no lanche do intervalo

Naquele jantar ele ganhou sorvete

na sobremesa pois tinha

tirado 10 em matemática.

Seu irmão tomou bomba e

não tomou sorvete de casquinha.

O seu favorito.

E seu colega tirou 8 e ficou feliz, mas a professora não lhe deu parabéns

Seu pai lhe deu um beijo na testa, um

tapinha nas costas e um meio sorriso

dizendo parabéns!

Naquela noite sua mãe colocou

dois chocolate debaixo do seu travesseiro

Era uma fina chuva, em uma manhã

de outono seu vizinho faleceu e ele se perguntou quando isso Iria lhe acontecer, estranhamente isso não lhe incomodou

O seu pai não lhe dava mas beijo na testa

pois tava sempre atrasado

Seu irmão não lhe deu um cascudo

na cabeça na hora de entrar para a sala

porque tinha mudado de Colégio e tudo

tava mudadando também.

Sua vó mandou um casaquinho feito de tricô pra sua mãe no natal e panetones caseiros

para ele e seu irmão

E todos ajudaram a  montar a árvore de natal naquele feriado

Com o sol quente de um chato verão ao lembrar de seu falecido vizinho ele questionou a se mesmo, será que o pobre homem ouviu um eu te amo antes de tão triste partida?

E um sentimento de culpa escorreu

pelo seus olhos.

O menino era doce de

um jeito extremamente inocente

Seu novo professor não gostava tanto de maçã, e não lhe dava nota

máxima em aritmética e por consequência,

sua mãe não lhe

deu mas sorvete de chocolate

No inverno seu irmão entrou no time de futebol e

ganhou sorvete de morango

Seu amigo tirou ficou feliz porque tirou 10 e ganhou um parabéns do professor

Sua mãe não colocava mais chocolate

embaixo do seu travesseiro, mas

lhe dava beijos nas bochechas

Ele ficou animado por causa do passeio da escola na picina, foi o melhor fim de semana de todos

E com pequenas batidas folhas secas caim no chão avisando que a primavera tava chegando

Batidas aquelas que formavam uma pequena orquestra lhe lembrando a tão linda melodia de something inside

Naquele  momento ele perguntou ao mundo porque tudo passava

tão rapido a sua volta

Seu irmão saiu de casa, pra ir a faculdade

E sua mãe chorou por isso

Seu pai ficou furioso quando descobriu que ele era gay e sua mãe novamente chorou, mas não de felicidade como foi pelo seu irmão...

O moleque da esquina lhe ofereceu um cigarro, e a menina da escola riu do seu cabelo e o chamou de "bicha"

Seu pai não dar mas beijo na dua testa e nem tapinha nas costas, só o ingnora

E o doce e delicioso gosto do chocolate foi substituído por palavras vazias, sentimentos confusos lágrimas salgadas em noites mal dormidas e um psicólogo entediado

E tudo ia deixando hematomas em sua alma mutilações em seus braços, e a impressão que sua vida tornou-se um peso nulo no mundo

tudo isso junto a ritmo das pesadas

batidas de Rock'roll

Sensibilidade; sua característica mais profunda

Entretanto, maturidade era seu antônimo

mais notável

Seu amigo engravidou uma menina e abandonou o Colégio, mesmo com tantas notas ótimas

Com isso tudo ia desandando

Seus amigos se afastaram

Seus pais não olhavam mas pra ele

A sua vida não importava tanto

Algumas picadas em suas veias iam se tornado muitas, junto com gritos de dor abafados por mil sentimentos, o de abandono principalmente

Talvez um simples olhar de carinho ou compreensão, um simples jesto de cumplicidade e compaixão, não importava qual fosse o sentimento, apenas um humilde jesto de que alguém se importava com ele teria feito alguma relevante diferença

E tudo simplesmente não significava nada e esse nada machucava tanto, tudo que ele queria era matar sua dor

E nunca mas o menino foi o mesmo, pois descobriu que corta seus pulsos não fazeria sua mãe colocar bombom embaixo do seu travesseiro novamente