Compassion

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Não se sabe ao certo o que se passava na cabeça de NamJoon na manhã que recebeu alta e rumou para o aeroporto. Esperando seu vôo, talvez estivesse ansioso demais ou inseguro. Seu calcanhar direito não parava de bater contra o piso e não parava de olhar as horas em seu rolex. Ainda ia demorar para embarcar. Também não sentia fome e nem sono. Talvez estivesse querendo ver alguém ou simplesmente voltar à atividade. Eram tantos "talvez" para uma única pessoa numa única situação, que a teoria também poderia ser aplicada para sua compaixão.

Moveu a mala várias vezes, fuçou o próprio celular várias vezes e ainda respondeu à uma mensagem de JungKook; aparentemente foi o último a saber daquilo: - "estou chegando na parte da noite. Me aguardem para depois conversarmos sobre essa tal urgência." - ele se pôs a pensar um pouco após o envio. Mordiscou a capa de plástico de seu celular por um momento e enviou então mais uma mensagem. - "YoonGi sugeriu uma reunião após o retorno de SeokJin, Taehyung e Hoseok da França. É o mais sensato a se fazer. Até onde sei, vão amanhã pela noite, certo?" - esperou. Depois recebeu afirmações de todos, e um bônus de seus colegas perguntando se estava tudo bem com sua saúde. NamJoon riu anasalado, os provocou e mandou um áudio afirmando. Então, os outros comemoraram como verdadeiras criancinhas, fazendo seu chefe Kim gargalhar.

Antes de guardar seu celular, ele foi até sua conversa com SeokJin. Estava um tanto vazia, passavam mais tempo pessoalmente do que através do celular. Isso era bom. Fez o policial sorrir de canto. O de cabelos verdes não hesitou em mandar mensagens questionando como estava. Como estava sua saúde física e mental. Se tinha se alimentado e se estava bem, coisas assim. No final, digitou um "eu te amo". Entretanto, ele hesitou, e ficou parado o suficiente para a tela do aparelho se desligar automaticamente.

Pendendo a cabeça para trás, suspendia o celular com a ponta dos dedos e entre as pernas. Caralho Kim NamJoon. O teu ego cresce até o limite num copo transbordante. Você simplesmente o bebe. Mas outra metade tua não quer ser assim. Logo, sente se dividindo em dois. Sentindo calafrios, era como se o dia fatídico tivesse chegado, é sufocante. Com olhos e ouvidos fechados tenta lutar, mas eventualmente a resposta é o amor. Pessoas vêm e pessoas vão. Eles pararam. Com emoções vazias, foram se acostumando, e então, percebendo; era um tiro diferenciado, cujo som do disparo não é tão alto e nem assusta. Era o tiro do amor. Não só como uma bala, mas também podia ser comparado à um shot de Tequila. Embriaga e alucina. É amargo, mas dependendo do paladar, é delicioso.

Respirando bem, bem fundo, prendendo o ar em seus pulmões por alguns segundos e soltando tudo por entre os lábios, apoiou os cotovelos nas pernas quando inclinou seu corpo para frente. Ficou assim por um período longo até sentir ser cutucado no ombro por uma mão bem pequena. Quando viu, era um garotinho de pelo menos seis anos, no máximo.

Era loirinho, de cabelos cacheados; tinha olhos azulados, pele pálida, e suas bochechas gordinhas lembravam as de Park Jimin. Parecia um príncipe. Também, usava roupas de inverno verdes, e um longo cachecol amarelo.

-Olá homem de cabelo verde! -Cumprimentou. Tinha um nítido sotaque inglês. Não americano. Inglês.

-Olá garoto. -Limpou a garganta. -O que foi?

-Eu pensei que estivesse triste. Vim te trazer uma rosa que peguei emprestado do buquê de minha mãezinha.

E então, o garoto que escondia sua mão direita atrás de si, estendeu-a e mostrou uma belíssima rosa vermelha que desabrochou recentemente, ao que aparentava.

-Pegou emprestado, é? -Riu anasalado, delicadamente tirando a flor do garoto.

-Sim. Mas foi por uma boa causa, viu? Já está até sorrindo! -O menino deu pulinhos mínimos. -Minha mãe tem muitos, com certeza ela não sentirá falta. Mas tome cuidado, ela tem espinhos. Acabei me furando, veja.

Like a Bandit CatOnde histórias criam vida. Descubra agora