Isaac e os Olhos do Coração |Romance Gay|

7

Benjamin

Cheguei em casa exausto. Para defender Isaac, fui atacado por quatro adolescentes e acabei com o corpo cheio de tinta azul, vermelha, amarela e verde. Depois aconteceu o que aconteceu no banheiro com o garoto e me senti um lixo. Comecei a pensar que Tiago tinha total razão em me tratar do que jeito que me tratava.

Quando cheguei em casa, meu marido ainda não tinha chegado, então fui logo preparar algo para ele comer assim que chegasse. Como havia passado na padaria antes, preparei um molho de salsicha e enquanto ele fervia eu fui tomar outro banho. Quando sai do banheiro, fui para cozinha e encontrei Tiago. Ele havia acabado de chegar em casa e fui em sua direção.

— Oi, amor. — disse, me aproximando dele, tentando o abraçar, mas fui impedido.

— Não encosta em mim. — disse ele, praticamente com as mesmas palavras de Isaac.

— Por que? Aconteceu alguma coisa? Quer conversar? — perguntei.

— EU SÓ PEDI PARA TU NÃO ME ENCOSTAR. —  gritou ele, acertando o primeiro tapa em meu rosto. — TUDO QUE EU QUERIA ERA CHEGAR EM CASA E FICAR EM PAZ. MAS TO VENDO QUE ISSO NÃO VAI ACONTECER. 

Eu já estava no chão, com a mão no rosto e chorando. Tiago se aproximou de mim e me tirou do chão, me puxando pela camisa. Seus olhos estavam vermelhos de raiva e sua respiração ofegante demais.

— 5 anos juntos e tu continua a mesma merda de sempre. Continua intrometido. — disse ele com muito ódio e com o seu rosto muito próximo ao meu. — Vê se aprende que quando eu digo "não me encosta", é porque eu quero ficar em paz e não com você falando na minha cabeça.

Tiago me deu mais um dolorido tapa no rosto e me jogou no chão. Fiquei ali chorando um bom tempo e só me levantei quando senti o cheiro de queimado vindo da cozinha. Desliguei a panela e voltei para a sala. Fiquei deitado ali pensando no quanto eu era de fato um inútil e pensando em quanta merda eu faço e deveria pagar por isso. Talvez Tiago não seja de fato o errado da história.

Acabei adormecendo ali mesmo e só acordei no outro dia com o meu celular despertando, mostrando que estava na hora de levantar e preparar tudo para eu ir para o serviço. Era dia de folga de Tiago, então tinha mesmo que deixar mais coisas prontas para ele. Tentei fazer menos barulho possível para não acordar ele, mas era inevitável correr o risco, ja que tinha que pegar roupa para mim no quarto.

Peguei a roupa no maior silêncio, mas quando passei em frente ao espelho não teve como eu não dar um pequeno grito. Meu rosto estava com um roxo enorme no lado em que ele acertou os tapas. Mesmo com o grito, Tiago continuou dormindo.  Então troquei e roupa e fui pegar o ônibus para ir trabalhar. Cheguei no mesmo horário de sempre, mas doutor Ricardo ainda estava em casa. Fiquei com medo de Isaac ter falado sobre o meu assédio e ele estar ali apenas para me mandar embora. Então primeira coisa que fiz foi ir até seu escritório.

— Bom dia, doutor. — disse, entrando em seu escritório.

— Bom dia, senhor Benjamin. — disse ele, sem tirar seus olhos do que ele lia. — Se quiser voltar para casa, fique a vontade. Hoje estou em casa e Isaac não foi para a escola.

— Claro, mas o senhor se importaria se eu ficasse? — perguntei e ele me olhou, notando o roxo em meu rosto.

— O que aconteceu? — perguntou ele, se levantando e vindo até a mim. — O que é isso em seu rosto?