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Isaac

Benjamin tinha saído de meu quarto nao tinha nem dez minutos e logo Ítalo estava entrando em meu quarto, lógico, para me atormentar. Coisa que ele consegue fazer muito bem.

— Oi, Isaac. —  disse ele. A sua voz tem a capacidade de invadir a minha cabeça e ficar atormentando a minha mente por horas. — Tá escuro ai?

— Fala logo o que você quer, Ítalo.  — disse e ele pulou em cima de minhas pernas, causando uma dor. —  Minhas pernas, idiota.

— Perdão. Achei que você ia ver que eu estava indo pular. — ele disse e eu bufei, puxando a minha perna —  Vou logo ao assunto. Quem era aquele cara que eu vi saindo do seu quarto?

— Benjamin. — disse seco. Não era possível que Ítalo já estava interessado em Benjamin.

— Isso eu sei, né ceguinho. Eu quero é detalhes sobre ele. —  disse ele e eu já não aguentava mais a sua voz e muito menos o seu cheiro insuportável.

— É so isso que eu sei. Que o nome dele é Benjamin, que ele foi contratado pelo meu pai para vigiar a minha vida e ele é casado. — disse e ele ficou em silêncio.

— Como você sabe que o seu babá é casado? — ele perguntou.

— Eu sou canhoto.

— E o que isso tem a ver?

— Ah desculpa. Eu esqueci que você não tem cérebro o suficiente para raciocinar.  — disse e ele me jogou um travesseiro. —  Eu sou canhoto, uso a mão esquerda — disse levantando a mão esquerda — então quando eu cumprimento uma pessoa com a mão esquerda —  levantei a mão esquerda novamente — ela aperta com a mão esquerda também. Então eu senti a aliança grossa que ele tem em seu dedo anelar.

— Droga. — disse ele e eu não resisti e dei uma risada. — Tá rindo de que?

— Da sua decepção.  — disse e ele ficou calado.  — Como ele é?

— O Benjamin? — ele perguntou. Eu estava curioso para saber como ele é. Se é loiro ou moreno. Se é branco ou negro. Então eu afirmei com a cabeça. —  Use a sua imaginação, justiça.

Eu odeio com todas as minhas forças o Ítalo.  Ele usou o termo "justiça" para se referir a mim, porque "a justiça é cega". Ele tem um vocábulo extenso de apelidos referente à minha deficiência visual e faz questão de falar um a cada frase que dirige a mim, sem repetir nenhum em uma conversa. Ítalo é 4 anos mais velho que eu e me lembro de quando eu ainda tinha visão, de seus cachos loiros, que eu tinha inveja, pois ele puxou de minha mãe. Hoje em dia eu não sei como é o seu cabelo, como está o seu corpo, pois precisaria encostar nele para saber e isso estava longe de acontecer.

-

No dia seguinte, eu estava na escola, pois meu pai já tinha me deixado ali como semrpe fez. Eu estava andando com a Pepita em direção ao pátio, onde sempre encontro Lenita, quando um pé se colocou em minha frente e eu fui ao chão.

— Olha por onde anda, Isaac. — escutei a voz de Miquéias e de mais dois caras, que riam junto com ele.

— Está tudo bem, Isaac? — disse Lenita, chegando correndo atrás de mim e me ajudando levantar. —  TU ESTÁ MALUCO, GAROTO?

Isaac e os Olhos do Coração |Romance Gay|Onde histórias criam vida. Descubra agora