00 - Prólogo ✓

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Depois do funeral do meu avô, Werner Frank — mais conhecido pela sociedade científica por Dr. Fraxx—, foi lido seu testamento para toda a família. Que no caso, era somente eu, meus pais, e minha irmã gêmea. Nenhum de nós éramos parentes de sangue dele, pois meu pai foi adotado. Afinal, nenhuma mulher gostava de meu avô, já que era um imoral pragmático.

Para mim, foram deixados uma carta — com o papel meio amarelado e um celo de ceira vermelha — e uma chave, provavelmente de porta.

Minha irmã recebeu equipamentos de contrução e projetos que meu avô não pode terminar, para ela os fazer e aperfeiçoar — era uma grande gênia, não nego.

Já meus pais, receberam a fortuna e a casa de meu avô. Contanto que ninguém entrasse em seu "laboratório secreto".

Meu avô odiava tanto que alguém entrasse em seu laboratório, que ele colocou uma porta de ferro com 8 centímetros de espessura e nove fechaduras para trancar seu laboratório, era muito estranho!

Mas resolvemos respeitar o pedido do falecido e não entrar em seu tão querido cômodo, e ninguém sabia se ele poderia ter colocado algum tipo de armadilha lá...

Eu abri minha carta no mesmo dia do funeral do meu avô. Estava no meu quarto — o que ele havia feito para mim em sua casa —. Já havia tirado parte do terno e me deitado na cama, cansado. Apesar de amar meu avô, seu fim foi enjoativo. Somente minha família e outros cientistas apareceram em seu funeral, pois meu avô não tinha amigos. Foi extremamente chato ver aquelas pessoas falando "mais uma mente brilhante se foi" inúmeras vezes. Como se não quisessem roubar seu cargo…

Abri o papel amarelado, violando o celo vermelho com um "X" desenhado em várias linhas.

Hiro,

  Após minha partida, gostaria de deixar uma das coisas mais importantes de minha vida a você. Sei que irá me julgar, provavelmente vai me odiar.
  Mas como já sabe, sou um homem que não acredita em Deus nenhum, já que até para poder viver por mais tempo troquei partes do meu corpo por peças de metal… bem, isso não adiantou muito.
  A chave que acompanha a carta abre um baú escondido em meu quarto. A baú está localizado dentro de meu guarda-roupa, num fundo falso. Se não abrir, pode simplesmente quebrá-lo, eu não vou usar mesmo.

Faça seu melhor e mantenha segredo,
Vovô Franxx.

P.S.: Há outra carta dentro do baú.

Animado com tudo aquilo, me levantei e me sentei na cama. Perguntava o que seria "uma das coisas mais importantes" da vida de meu avô, já que ele não ligava lá para muita coisa. Porém, tinha a leve idéia de que seria um gigante barril de cerveja envelhecida...

Extremamente curioso, peguei a chave que soltei sobre minha cama e saí de meu quarto, indo em direção ao quarto de meu avô. Adentrei o local, tomando cuidado para que ninguém me visse e fechei a porta. Olhei para o cômodo empoeirado... Vovô quase nunca dormia em seu quarto, pois passava a noite trabalhando e graças e seu corpo meio-robô, ele precisa dormir menos.

Abri o guarda-roupa, com algumas poucas peças. Na maioria camisas e jalecos brancos. Retirei-as e soltei-as no chão, tentando retirar o fundo que meu avô dizia ser falso. Bem no cantinho, havia um leitor de digitais, colado na madeira. Aproximei meu polegar de lá, fazendo o fundo se abrir na mesma hora, como a porta de um alçapão. Quase bateu no meu rosto!

Lá, realmente havia um baú. Uma caixa de madeira bem simples, aparentando ser pesada. Retirei-a de lá dentro e a coloquei sobre a cama de meu avô, sentando ao seu lado e colando a chave na fechadura. Girei, feliz porquê faria uma grande descoberta.

Infelizmente, não foi bem assim... Haviam mais chaves dentro do baú, mais nove chaves. Maldição!

No fundo da caixa, mais uma carta com o celo em X. Peguei a mesma e a abri:

Hiro,

  Antes de tudo que lhe indicarei a fazer, quero que você primeiro guarde essa caixa em seu quarto.
Há alguns meses atrás, fiz duas instalações no seu guarda roupa — nunca deixe seus pais comprarem outro para você e trocá-lo —, com a sua digital, você vai abrir um alçapão secreto que instalei no mesmo, assim como havia no meu, e usá-lo para guardar a caixa com as chaves.
Use todas as nove chaves para abrir o meu laboratório, lá dentro, haverá uma penúltima carta, te indicando o que deverá fazer.

Seja rápido, ninguém gosta de esperar,
Vovô Franxx.

Coloquei o manuscrito dentro da caixa novamente e a tranquei com a chave que ganhei no testamento. Conferi se o alçapão estava fechado e saí do quarto, andando em direção ao meu.

— Hiro? Onde vai?— Escutei a voz de minha irmã.

Ichigo tinha cabelos azulados e olhos verdes, herdados de nossa mãe. Seus cabelos eram curtos e ela sempre usava um prendedor de cabelo que dei para ela no natal, quando éramos crianças. Minha irmã era mais velha que eu — uma hora que não fazia muita diferença — e nada parecida, já que somos gêmeos fraternos.

— Estou voltando para o meu quarto…— Me virei para a mesma, na esperança de que ela não desconfiasse de nada e me deixasse ir.

— E essa caixa?— Perguntou de cenho franzido.

— Ah, ela? Vovô deixou para mim. Disse na carta que ganhei que ela era minha.— Lhe contei, sem tempo para inventar desculpas.

— E o que tem dentro?— Se aproximou um pouco.

— Ainda não sei, quando abrir te conto…— Disse me retirando o mais rápido que podia, voltando meu caminho em direção ao quarto. Quase que ela me pega...!

Tranquei a porta, para assim evitar uma invasão feita por minha irmã. Guardei a caixa dentro do compartimento secreto de meu guarda-roupa — sem deixar de pensar como meu avô era engenhoso, sinceramente, um velho muito talentoso!.

Apesar de que meu avô me pediu para ser rápido, com um plano em mente, eu esperaria chegar o anoitecer para finalmente entrar no laboratório e achar o que meu avô tanto queria que eu achasse.

Por favor, que não sejam monstros mutantes!!!

Bestial GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora