Após anoitecer e todos os meus familiares terem dormido, eu saí do meu quarto, ansioso para o que iria encontrar. Me lembro das vezes que vinha visitar meu avô quando pequeno, ele nunca me deixava entrar naquele laboratório, nunca mesmo. Acho que cresci com uma pequena curiosidade de saber o que há lá dentro.
Andei pelos corredores, a procura da escada baixa que levava a um único cômodo, o laboratório de meu avô.
Fiquei de frente ao mesmo, tirando uma das chaves para colocar na fechadura. Pelo que vi todas tinham cores diferentes, azul, amarelo, vermelho, lilás… As chaves tinham uma pequena mancha de tinta no cantinho, correspondente a fechadura.
Após abrir as nove fechaduras, fiz um grande esforço para empurrar a porta grosa de metal. Meu corpo gelou após escutar o barulho estrondoso da mesma enquanto a puxava, porém, era meio distante dos quartos, então não fiquei tão preocupado.
Peguei todas as chaves e coloquei para o lado de dentro da fechadura, assim, não teria o trabalho de recolocá-las. Tranquei a porta e comecei a vagar pelo laboratório.
As poucas câmaras com algum tipo de líquido me preocupavam. Era muito estranho. Alguns estudos sobre células do corpo humano, e outras coisas que também pareciam células, mas consistiam num tom azul e num formato muito diferente.
Vários quadros-holograma ligados, onde se mantinha a imagem de um corpo, mostrando frequência cardíaca, temperatura, status... Um monitorador. Aparentemente, um corpo feminino de 18 anos.
Desviei o olhar de lá, continuando a observar o lugar estranho. Aquela velho… Bem, já era de esperar esses tipos de experiência. Alguns blocos continham anotações de algum tipo de espécime, coisas pequenas.
"Zero Two anda se comportando mal ultimamente, depois que recebeu a notícia sobre meu câncer, e que ele não teria cura por volta das minhas partes mecânicas, ela se estressou ainda mais, tornando a se alto infringir"
"Mesmo depois de muito tempo, ela se nega sobre largar a idéia de que vou abandoná-la no laboratório após minha morte"
Aqueles pequenos blocos de anotações com a letra de meu avô me intrigavam. Quem é Zero Two? Ela que está sob monitoramento...? Mais uma vez, outra dúvida veio a minha cabeça quando encontrei algo estranho exposto no laboratório.
Em volta de si paredes de vidro, algo que se parecia um humano era exposto. Pele azul com listras escuras, num designer em que o preto servia como "roupa" para o corpo. Dentes extremamente afiados, olhos azuis e cabelos longos e brancos. Ao centro da cabeça, um gigante chifre azul se encontrava, brilhante. O que é isso?
Passando a vista sobre a vidraça, pude ver a placa de metal sobre o chão, designando o que era aquilo.
"Princesa Urrossauro, código 001. A única urro-humana encontrada durante a escavação arqueológica em 3764."
Dúvidas e mais dúvidas vinham para a minha cabeça, me perguntava se receberia respostas algum momento.
Próximo a parede, avistei um guarda-roupa e uma cama até que bagunçada, talvez fosse alí que meu avô dormia.
Curioso, na esperança de que algo secreto estivesse por aí — pois conhecendo meu avô, com certeza teria algo —, eu abri as portas do guarda-roupa, ficando mais confuso ainda.
Vários pares de roupa femininas se encontravam lá, em maioria, vestidos brancos de seda. Abro a gaveta escura, encontrando os vários pares de roupa íntima.
— De quem é isso?— Levantei uma calcinha rosa, esticando-a nos dedos, e a lançando para longe. Não me diga que vovô vestia isso...
Enquanto fechava a gaveta, notei mais uma carta no fundo da mesma. Animado, a abri, a procura das minhas respostas.
Hiro,
Dessa vez, você terá um pouco mais de trabalho. Se encontrou isso, significa que aquela garota mimada não rasgou a carta, por algum milagre.
Sobre o armário, terá uma caixa de papelão com alguns vídeo-hologramas para você, te ensinarão sobre a Zero Two.Conto com você para continuar minha pesquisa e chegar descobertas as quais eu nem imaginava.
Adeus, com o amor que me resta,
Vovô Franxx.Respirei fundo após ler sua última carta. Parecia que a "caça ao tesouro" tinha chegado ao fim, e isso me entristeceu. Mas eu ergui minha cabeça e olhei para cima, decidi ver os vídeos os quais ele havia me dito para aprender sobre Zero Two. Estava interessado sobre qual era esse projeto, apesar de dúvidoso.
Peguei a caixa e a coloquei sobre a mesa, tirando o pequeno gravador com o desenho de "um" gravado em si. Apertei seu botão o ligando, assim, mostrando a imagem de meu avô.
— Hiro…!— Ele chamou-me alegre — Como eu vou começar isso…?— Ele desviou o olhar, coçando o maxilar de ferro — Bom, essa é a minha introdução para o Projeto Código 002. — Ele juntou as duas mãos, confuso — Basicamente, 002 é meu projeto de ressucitação, um clone, por assim dizer. Ela foi criada a partir das células mortas da Princesa Urrossauro. Em base, ela carrega sangue de urrossauros. Estes são seres que encontrei durante uma escavação várias décadas atrás, eu ainda nem tinha seu pai!— Ele levou a mão para frente, fazendo um leve movimento — Urrossauros são "monstros", por assim dizer. Nos relatos antigos eles receberam esse nome por serem monstros gigantes que surgiam das gritando das profundezas da Terra!— Ele elevou suas mãos, fazendo uma posse maquiavélica — Descobrimos que esses seres eram tanto matéria orgânica quanto máquina. Esses indivíduos antigos, chamados urrossauros, se fundiram, aparentemente perdendo um dia sua consciência. A fêmea se fundiu a máquina, enquanto o macho virou uma espécie de núcleo que se encontrava no centro de ser. E a Princesa Urrossauro foi a única que conservou sua forma original!— Ele coçou a cabeça — Espero que isso tenha ajudado a entender sobre as origens da minha Zero Two. Cuide bem dela, mas cuidado, antes de deixá-la aí no laboratório, eu a fiz prometer que não te machucaria! Mas ela nem sempre cumpre suas promessas!— Ele disse se agachando e desligando a gravação, com uma risada.
Eu não estava sozinho naquele lugar...
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Bestial Girl
FanfictionMeu avô me deixou um presente. Só que, mais específicamente, ele queria que eu continuasse o estudo de sua criação mais trabalhosa e única. Best All Gilrs