Meu corpo suava por alguns instantes, meus pais e minha irmã me encaravam curiosos, mas já preocupados pela minha falta de resposta.
Quando finalmente tomei coragem para me impor e falar, Zero Two tomou-me a frente, e chamando a atenção dos meus pais e de Ichigo, começou a dizer uma história convincente para eles:
— Hiro e eu nos conhecemos quando criança — Ela ficava na ponta de seus pés, caminhando de um lado para o outro num curto espaço —, o Professor me apresentou ele quando éramos mais novos. Eu me lembro dele ter me falado algo sobre ele ser filho do filho dele…— Ela parou por instantes, parecendo confusa — Ou algo assim.
— Então vocês já se conheciam?— Ichigo falou primeiro que nossos pais — Por que o vovô só falou de você pra' ele?— Ela perguntava irritada, parecia ter ciúmes, provavelmente de nosso avô.
— Isso não é comigo, é com seu avô. Mas ele tá' morto, então não tem como responder.— Todos na sala de sentiram um pouco desconfortável sobre o jeito indelicado que ela falava sobre a morte de meu avô, até mesmo eu — Mas que eu me lembre, ele sempre mandava Hiro ficar calado todas as vezes que nos encontrávamos. E ele obedecia como um cachorrinho!— Um riso tomou conta de seus lábios, enquanto meus pais a olhavam entretidos — Uma vez, nós dois fugimos da casa, tínhamos nove anos. Passamos várias e várias horas andando por aí e nos escondendo em prédios abandonados.
— Como você não contou essas coisas pra' gente?— Minha mãe me encarou, franzindo seu cenho e cruzando os braços numa expressão imatura.
Sem saber o que responder, pois ainda estava em "choque" e estava prestando atenção na grande mentira da rosada, entretido, dei de ombros para a mesma, que logo voltou a prestar atenção quando Zero Two voltou a falar.
— Na vez que fugimos, nós passamos longas e longas horas lá fora. Quando mais nova, eu tinha algumas dificuldades em falar, não conversava muito e nem entendia palavras. Mas, eu me lembro bem do que o Hiro me disse aquele dia: " Quando ficarmos mais velhos, nós vamos sumir daqui, e então, eu vou ser seu Darling!"— Minha mãe a olhava admirada, enquanto olhava para os arredores animadas, e até envergonhada — Nós estávamos com meu livro, e estava aberto em uma página que um homem pedia uma moça em casamento.— Ela deu um pulinho, virando para nós, sorridente.
A maneira que ela contava a história era tão real, que parecia que realmente havia acontecido. As emoções que demonstrava pareciam verdadeiras, e apesar de ter uma leve sensação de familiaridade, continuei a observando até que terminasse.
— E então, eu apontei para a página, eu até tentei, mas não consegui falar a palavra "casar" pra' ele. Saía meio esquisito, mas ele entendeu, Hiro é um garoto esperto!— Apontou seu dedo para cima, sorrindo após girar, extremamente envolvida na história que contava — Ele pegou as minhas mãos, olhou nos meus olhos e me disse: " É! Nós vamos nos casar e vamos ter muitos, muitos filhos!"— Acabou rindo após me encarar e ver meu rosto.
Aparentemente, eu estava extremamente avermelhado, pois de tão bem que ela mentia, acabei realmente acreditando que fiz isso. Então, me invergonhei por algo que nem sequer fiz!
Meus pais e minha irmã me encararam, minha mãe com um sorriso no rosto, meu pai... Ele parecia até orgulhoso. Já Ichigo, ela estava muito, muito brava. Mas eu não sabia o por quê.
— "...muitos, muitos filhos", Hiro? Ela é sua tia, garanhão!— Meu pai me olhou rindo.
— Vamos esquecer todo esse parentesco! Nem temos ligação de sangue mesmo!— Minha respiração falhou após sentir aos mãos da rosada sobre mim, vindas por trás. Nem sequer a havia visto chegar. Foi... Uma coisa estranha — Eu não me importo de jeito nenhum em casar com o Darling!— Comentou sorridente, fazendo meus pais rirem consigo.
— Com licença.— Nana chamou nossa atenção, eu havia até mesmo me esquecido dela é de Hachi — Agora que tudo foi esclarecido, nós vamos fazer as mudanças da Zero Two!— Ela disse sorridente.
— Mudanças?— Eu perguntei, um pouco desconfortável pelo extremo contato corporal com a rosada.
— Sim, ela ficará no quarto do seu avô. Ele disse que depois de falecido, Zero Two poderia ficar com seu quarto, já que ele não usava.— Concordei e ela se retirou, junto a Hachi, deixando-nos na cozinha.
Zero Two se soltou de mim, se dirigindo a mesa e tomando em mãos o pequeno vidro de mel, colocando ao lado de um prato, onde começou a pegar um pouco de quase tudo na mesa.
Balancei a cabeça desviando a atenção da garota, me focando em preparar a minha comida. Peguei algumas poucas coisas da mesa para comer, pois não tinha o hábito de tomar café da manhã. Minha mãe preparava a comida de meu pai e Ichigo já se encontrava na mesa, sentada e comendo.
Zero Two se sentou ao seu lado, e eu me sentei ao lado da rosada. Todos da mesa a encaramos enquanto a víamos misturar todo seu café com o mel do pequeno frasco que havia pego.
Meu pai, por alguns segundos, a encarou com um olhar estranho, porém, ela continuava desatenta às nossas encaradas.
Era um gosto peculiar o de misturar até mesmo comidas salgadas com mel, mas talvez, ela tenha realmente herdado o gosto estranho de nosso avô. Lembro de meu pai dizer que algumas vezes, ele comia chocolate com molho de tomate. Bom, pessoas inteligentes devem ter gostos estranhos…
Voltei a comer, em fim, percebendo que Nana e Hachi tinham um plano para tudo, e além disso, eles conheciam Zero Two, o experimento de meu avô...
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Bestial Girl
FanfictionMeu avô me deixou um presente. Só que, mais específicamente, ele queria que eu continuasse o estudo de sua criação mais trabalhosa e única. Best All Gilrs