Antes de apresentar os dois, e apresentar minha ideia a eles, eu tinha que ver o Otávio, para compensar o fim de semana que nem conversei com ele.
No começo foi um pouco complicado, os dois ficavam falando que queriam me ver e eu acabava me irritando com eles.
Então decidimos que, eu ficaria um dia com o Matheus, um dia sozinha e um dia com o Otávio. Confesso que os dias que eu tinha para mim, era um verdadeiro sossego.
Mas eu gostava de passar um tempo com esses dois, mas acho que já passou da hora deles se conhecerem.
Depois das aulas fui para a casa do Otávio. Ao contrário do Matheus e eu, ele morava do outro lado da cidade, por isso ele sempre acorda tão cedo.
Cheguei já tinha passado um pouco da hora do almoço, o trânsito estava um caos. Ele tinha comprado comida e coloca em outras vasilhas pra fingir que tinha cozinhado, ele começou a fazer isso depois que eu disse que o Matheus cozinha bem.
— A comida esfriou.
— Trânsito estava ruim, mas tudo bem, não estou com muita fome.
— Como foi seu fim de semana?
Garoto, não faz uma pergunta dessa.
— Foi legal.
— Só legal?
— É, legal.
Comemos em silêncio e depois fomos assistir uma série. Na verdade ele via as séries e eu dormia. Muito chatas as séries que ele gostava.
Geralmente Matheus e eu víamos alguns episódios, ou um ou dois filmes. O Otávio via a temporada inteira. Ou seja, quando acabou e ele decidiu me acordar já era quase noite.
— Você quer comer o que no jantar Juh?
— Qualquer coisa, pode pedir um lanche mesmo, não estou com muita fome.
— Beleza.
— Vou tomar um banho e já volto.
Fui até o banheiro do quarto dele. Esse banheiro era lindo demais, tinha um espelho que ia do chão ao teto. Bom, era um espelho no banheiro, imaginem o que não dá pra fazer.
Mas quando comecei a tirar a minha roupa, comecei a xingar o Matheus mentalmente, e verbalmente também.
— Filho de uma puta.
Ele tinha levado muito a sério a questão de testar a teoria dele.
Mas isso já era demais, eu odeio marcas, e elas estavam por todo meu corpo.
Saí do banheiro enrolada em uma toalha, estava muito nervosa, e fui atrás da minha bolsa, peguei meu celular e liguei para ele, mesmo sabendo que ele estaria em aula.
Caiu na caixa postal como eu já esperava.
— Matheus seu filho da puta, eu vou te matar, não acredito que você fez isso seu desgraçado.
Ah que ódio dele, e que ódio de mim por estar gostando tanto e nem perceber o que aquele ordinário estava fazendo.
E eu sei bem porque ele fez isso. Porque ele sabe que o Otávio não gosta de marcas. Bom, nem eu gosto. Mas ele fez para provocar o Otávio, e eu vou matar ele.
— O que aconteceu que você está assim?
— Matheus.
— E o que tem ele.
Fui andando em direção ao banheiro e ele veio me seguindo, quando tirei a toalha ele entendeu, o motivo da minha raiva.
— Puta que pariu, passou o fim de semana com o Drácula?
— Otávio não faz piada, eu odeio isso, e eu vou matar aquele ordinário.
— Ele sempre tem que fazer algo do tipo não é? Sempre tem que me lembrar que você não é só minha.
— Otávio não começa.
— Mas você acha que ele fez isso por quê? Porque ele sabe que eu não gosto disso.
— Eu já entendi, e também não gosto, mas agora já está feito.
— Ele que me aguarde.
— Espera aí, vocês não vão ficar me usando pra provocar um ao outro não.
— Eu não disse isso.
— Eu não nasci ontem Otávio.
Ele voltou para a cozinha e eu finalmente pude tomar meu banho, eu realmente estou com muita raiva do Matheus, ele nunca tinha feito isso, pelo menos não assim de propósito. Às vezes a gente se empolgava e ficava uma marca ou outra, mas isso aqui já é demais, ele passou dos limites.
Depois de tomar um longo banho, coloquei uma calcinha e uma das camisetas do Otávio, eu me sentia mais confortável usando as roupas dele.
Ele estava sentado na cama com o notebook no colo, mas desligou assim que me sentei ao seu lado.
— Você ainda está nervosa.
— Não.
Eu me deitei de lado virada para ele, e ele repetiu minha ação.
— Então você está chateada.
— Também não.
— Linda, a gente já está junto tem um tempinho, eu sei quando você não está legal.
— Eu acho muita sacanagem ele me usar para atingir você, ainda mais com provocações idiotas.
— Deita aqui deita.
Ele me puxou para deitar sobre ele, e começou a fazer um carinho na minha nuca, assim eu durmo logo, logo.
— Eu posso passar uns dias aqui?
— Claro linda, vai ser ótimo ter você aqui por uns dias.
Como já previsto acabei dormindo. Um tempo depois Otávio me acordou e disse que o jantar estava pronto, e que o Matheus tinha ligado e pedido que eu retornasse.
Peguei meu celular e vi uma mensagem dele.
*Espero que seu namorado goste das marcas do nosso fim de semana.*
Muito filho da puta.
*Vou passar uns dias por aqui.*
Respondi e larguei o celular em cima da cama. Antes mesmo de sair do quarto já ouvi ele vibrando, indicando que alguém estava me ligando. Mesmo de longe vi a foto do Matheus. Resolvi não atender.
Depois de comer, Otávio e eu voltamos para o quarto. Conversamos sobre nossa infância, poesias, filmes que não gostávamos, sempre falávamos sobre os ruins. Fizemos amor e depois dormimos.
Na verdade ele dormiu, do mesmo jeito de sempre, de bruços, com o braço por cima da minha barriga.
Fiquei pensando, meu fim de semana foi incrivelmente incrível, mas sinceramente não sei o que deu no Matheus para fazer uma coisa dessas.
Pensando nisso acabei dormindo, ouvindo aquele barulho gostoso da respiração do Otávio.
