A conversa

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Adrien encarava a assinatura da amiga no verso do cartão e, ao relembrar os momentos que passaram juntos, ele sorriu. Pegou o outro poema que a menina tinha escrito, com o título "depois daquela dança" e voltou no tempo ao resgatar aquela noite em que havia fugido de sua sessão de fotos para ir à festa de aniversário de Nino. Logo que chegou, encontrou Marinette, que o ajudou a falar com Nino e, mais tarde, a convidou para dançar. Ao ler os versos escritos por ela pela primeira vez, tinha ficado surpreso ao descobrir o quanto aquele momento tinha sido especial para a amiga, mas agora ele notava que aquela dança tinha sido realmente marcante. Com certeza, nunca esqueceria os longos minutos que ficou encarando a azulada em silêncio. Ela era tão linda e certamente teria roubado seu coração se Ladybug não tivesse feito isso antes.

A declaração de amor da menina por Chat Noir ainda o deixava surpreso. Não esperava que, após derrotar o Gigantitã mais uma vez com Ladybug, escutaria palavras que tanto desejava ouvir de sua parceira. "Eu sou apaixonada por você", disse Marinette e o abraçou rapidamente. Aquilo tinha surpreendido o loiro. Não apenas por ter sido a primeira vez que alguém dizia aquilo para ele, mas pela declaração ter sido feita para Chat Noir e não para Adrien, já que a azulada, naquela noite, não sabia sua identidade secreta.

Não podia negar que ficava diferente quando colocava a máscara. Ele se sentia diferente. Quando se transformava não ganhava apenas os poderes, mas a liberdade que tanto desejava. Com o disfarce, poderia ser quem era.

Adrien não estava preso apenas pelas paredes frias da mansão, mas pelo seu próprio nome. Ele era o filho de um dos designers de moda mais famosos da cidade e não poderia simplesmente fazer o que bem entendesse e falar o que desejasse. Estava preso ao "garoto perfeito" que as propagandas exibiam e que seu pai mostrava. O garoto das capas de revista e dos outdoors. Esse era Adrien, o modelo adolescente mais desejado da cidade. Porém, quando colocava a máscara, era Chat Noir, o herói que não perdia uma oportunidade de fazer piadas idiotas e de tentar conquistar sua lady.

Ele gostaria de ser Chat Noir para sempre. Não queria que existissem diferenças entre o garoto com e sem a máscara, mas era inevitável. Todos achariam estranho se Adrien Agreste começasse a fazer piadas de gato ou a falar o que pensa.

Percebeu que estava preso não só em sua própria casa, mas em sua personalidade. Deveria ser aquilo que seu pai e todos queriam: "perfeito".

***

Marinette esperava ansiosamente a resposta de seu amado para a mensagem que enviara há apenas alguns segundos.

— Por que ele está demorando tanto? — Pensou alto.

— Você já mandou? — Perguntou a kwami, preocupada. Tinha avisado que conversar sobre os poemas na internet não era uma boa ideia, mas a menina não tinha escutado.

— Relaxa, ainda não falei sobre as cartas. Vou esperá-lo responder. — Disse e voltou a atenção para o celular.

***

O loiro ainda estava pensando nas prisões em que vivia quando ouviu o barulho de notificações.

Oi, tudo bem?


"A Marinette me mandou uma mensagem?", ele ficou surpreso, tinha o contato dela, mas a amiga nunca havia falado nada. Foi então que um frio inexplicável tomou conta do modelo. "Os poemas! Não, não, não, não! Ela não vai querer falar sobre isso por mensagem né? É um assunto sério, que envolve identidade secreta e tudo mais. Se pegarem o meu celular, podem descobrir tudo. Ela não seria louca de fazer isso!", pensou, encarando a foto da menina. "Relaxa, Adrien, talvez ela só esteja querendo conversar", se acalmava mentalmente e resolveu que não deixaria a amiga sem resposta apenas por ter medo de uma simples conversa sobre poemas.

Depois Daquela CartaOnde histórias criam vida. Descubra agora