• Quarto capítulo

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Ghost town, 17 de junho de 2019
09:01 p.m

Harry P.o.v ~

Caminho vagarosamente por aquele trecho, estreito e totalmente vazio.
O silêncio presente era de enlouquecer qualquer um, tirando o volume alto dos meu fones, os grilos dominavam o som ambiente.

- Ãhhh... você tem certeza que estamos indo pelo caminho certo? - o ruivo pergunta desorientado

- Acredito que estamos...- seu colega responde aparentemente inseguro, sorriu um pouco, como era de se esperar eles já se perderam.

Uma vez um sábio disse para ter fé nas pessoas, de fato, eu poderia confiar neles e esperar que nada de ruim aconteça hoje a noite, mas isso é demais para mim.

Saio andando na frente, guiando eles. Na última vez que estive aqui a mata não estava tão densa, mas tenho a sensação de que não estávamos sozinhos, como se diversas almas estivessem perambulando por ali, tive uma sensação momentânea de que nós estávamos sendo observados.

- vocês ouviram isso? - um dos garotos esbraveja, sou obrigada a tirar um dos fones

- Que barulho? - questiono, fazendo todos ficarem em silêncio permitindo que escutássemos passos, entretanto não sabíamos em que direção ele vinha.

Resolvi esticar até o lago próximo, me sento no chão analisando a situação em que estamos presente, presumo que tenha uma saída lógica.
Nesse momento de distração posso escutar um pedido de socorro, os garotos estavam bastante amedrontados. Quando me dei conta do que estava acontecendo um barulho estridente nos chamou a atenção e do nosso lado havia um corpo de uma jovem? Não sei dizer, morta com um tiro certeiro na cabeça.
Agora que as coisas ficam interessantes por aqui, deveras alguém tinha se borrado, a minha experiência com esses tipos de coisa me ensinou que se tem um assassino no local, corra muito e foi o que os garotos fizeram me deixando para trás.

"Medrosos!" Penso

- Harry, nós deveríamos fazer o mesmo, eu não estou gostando do rumo da situação- a voz parece aflita, todavia algo estava me excitando para correr na direção oposta da saída, tinha um aroma adocicado, tirando o fato de ter um cadáver do meu lado.
Me levanto indo na direção em que aquela mulher havia vindo, me sentia incapaz de pensar, aquele odor me remete a minha infância roubada.
Por que me sinto tão atraída por isso?
Haviam olhos me observando, no meio daquelas árvores, existia alguém, um homem ou uma mulher, culpado pelo acontecido, mas se ele(a) morreu foi porque fez algo de errado, não?

Minha mente estava em completa desordem.
Todas as minhas memórias começaram a vir átona, meus pais, aquela maldita noite, o bullying, os diversos enterros de parentes, tudo parecia ser um grande erro.
Nada na minha vida fez sentido, agora eu estou aqui hipnotizada por algo que não sei o que é.
Eu continuei sentindo aquele olhar sobre meu corpo, minha intuição diz para continuar, a voz me pede para voltar, algo estava errado, certamente tem alguém me observando, tenho certeza.

O meu coração dispara, consigo ver algo se movimentando em meio as árvores, minha reação foi correr atrás do vulto o mais rápido que eu pude.
Foi o que eu pretendia fazer, se não ficasse cansada o suficiente para acabar desistindo, havia uma clareira ali onde parei, tudo naquele lugar era lindo, menos os meus pensamentos e sentimentos.
A cada momento eu tinha uma avalanche de memórias e sentimentos, aquilo estava me corroendo de tal forma que é totalmente inexplicável, uma guerra estava acontecendo na minha mente, a voz contra as minhas memórias.
Sinto a necessidade de me apoiar em umas das pedras presentes ali, a minha visão estava começando a falhar, tudo parecia estar ficando mais distante e escuro, eu queria gritar, mas a minha voz saia fraca o suficiente para tal feito.

"Nada disso é real, tudo é apenas um sonho ruim, está tudo bem..."

Tudo que aconteceu naquela noite veio átona, minha mãe estava assistindo o jornal enquanto eu brincava na sala, já era um costume nosso, meu pai chegava tarde do trabalho o que já fazia parte da nossa rotina diária.

Nesse dia não, ele chegou duas horas mais cedo, enfurecido, fedendo a álcool...
Ele bateu em minha mãe, ele a matou...
Eu me escondi debaixo da cama, então minutos depois escutei meu pai chorando, se questionando sobre o que havia feito e por fim um tiro, ele tirou sua própria vida e a vida de minha mãe.
Eu passei dias ignorando os corpos, eles estavam ali mortos, mas não conseguia aceitar isso.
A polícia bateu na porta um tempo depois, eu lhes contei sobre a voz, eles me olharam pasmos, não entendia na época.
A verdade é que ninguém nunca me contou o motivo de isso ter acontecido, todos me tratam como se eu ainda fosse aquela garotinha escondida debaixo da cama.
Fecho meus olhos e respiro fundo, antes de minha visão escurecer de vez, vejo uma forma que aparenta ser de um homem vindo em minha direção sorrindo.

(Continua...)

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