2❥Azul Citrino

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(Cinco anos antes)

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(Cinco anos antes)

A vida é uma coisa engraçada. Você acorda, escova os dentes, toma café, sai pra trabalhar, estudar, pega sempre o mesmo ônibus, com o mesmo cobrador, dá bom dia para as mesmas pessoas, aguarda ansiosamente o fim de semana, paga as contas, faz mais contas. Sufocado pela rotina, você pensa que precisa tomar alguma atitude drástica para mudar sua vida.

Mas são as pequenas decisões, algumas palavras ditas sem pensar, aquele único segundo que transformam as nossas vidas. Como pequenas fagulhas que causam incêndios com consequências devastadoras.

Era uma tarde típica de inverno em São Paulo, gelada e úmida. Tanto tempo depois e eu ainda guardo na memória a roupa que estava usando: calça skinny jeans e uma blusa de lã cinza cheia de corações, fina demais para a ocasião, mas que me fazia me sentir linda. Me sentir assim era uma coisa que não acontecia com tanta frequência e se é pra ser sincera, bastava que eu me sentisse aceitável.

Mas não naquele dia de agosto. Ali eu era quase a protagonista de um filme clichê, com trilha sonora fofa tocando ao fundo, maquiagem perfeita com cara de quem acorda linda, um cabelo fabuloso, e um quê de desajeitada e proporcionalmente encantadora, pronta para uma ida ao cinema.

Mariana ia encontrar seu então namorado, João Vitor e arrastou a mim e sua prima Alicia junto. Como nós duas apenas fingíamos nos suportar por consideração à Mariana, chamei minha vizinha Giselle pra ir conosco. Nos encontramos no metrô com João e, para minha surpresa, haviam dois amigos junto. Mariana abraçou todo mundo, do jeito efusivo típico dela, e fez as apresentações formais. Mas meus olhos não acompanharam.

Sabe aquele momento mágico em que duas pessoas se olham, e o tempo parece parar? O momento durou dois segundos. Tempo suficiente para meu coração acelerar loucamente e eu me perguntar se o dono daquele sorriso estava realmente me olhando como eu imaginei.

— Pronto, finalmente vocês se conheceram — Mariana interrompeu com a sutileza de um furacão e, sem delicadeza alguma, juntou as mãos de Davi e Alicia, interrompendo a nossa troca intensa de olhares.

Como assim, finalmente se conheceram? O que eu perdi?

Naquele instante eu percebi que aquilo era uma tentativa descarada de encontro às cegas, e por esse motivo a cara esquisita quando eu disse que havia extendido o convite para a Giselle. Dois amigos, duas amigas. Alguém ia ficar sem ninguém.

Por que ela escolheu esse cara maravilhoso pra Alicia? Será que ela achou que ele não ia gostar de mim? Será que ele viu nossas fotos e escolheu a Alicia porque ela é magra? Então por que esse homem está me olhando desse jeito que me deixa ser ar?

Enquanto andávamos, eu aproveitava pra espiar a evolução da conversa dos dois. A cada olhada que eu dava, Davi olhava pra mim e sorria.

— Nossa, gente! Ainda bem que nós temos um monte de meninos aqui, porque a Isa queria ver "Eclipse" no cinema. — Alicia disse em um tom jocoso.

Quase Clichê {Todas as Cores de Isadora}Onde histórias criam vida. Descubra agora