· Dark Paradise ·

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"And there’s no remedy for memory
Your face is like a melody
It won’t leave my head"

"And there’s no remedy for memoryYour face is like a melodyIt won’t leave my head"

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-...-

Segurou o buquê de girassóis entre os dedos com mais força que deveria, quase quebrando o caule das flores. Ele odiava girassóis mas eram as flores favoritas dela e mesmo os odiando, ele comprava para ela. Ignorou o barro que sujava as laterais de seu tênis, e a grama grudando também deixando o tênis encardido.

Ele odiava as sextas-feiras.

E esta particularmente. Chovia forte e sua camisa estava encharcada, grudando no peito e o deixando com sensação de sufoco. Queria tirar o tecido incômodo do corpo mas aquilo o faria ser expulso dali. E ele precisava estar ali.

Chegou então no local, encarando com raiva e dor o pedaço de mármore branco com entalhes dourados.

A data de nascimento dela e a de morte.

-Voce sabe que eu odeio girassóis - falou sentando na grama e pouco se importando se sujaria sua roupa - mas você adorava essas flores feias então eu comprei pra você. O canteiro lá de casa ainda não deu girassóis então fui obrigado a comprar as flores feias que você adora.

Se fechasse os olhos poderia lembrar dela defendendo o girassol.

-São flores lindas, Paulo! E rosas são superestimadas.

-Você faz muita falta aqui. - colocou as flores sobre a lápide, a garganta formando um bolo - ontem jogamos contra o Atlético, ganhamos. Cristiano fez um hat-trick mas logo logo eu faço seu gol. Eu vou ganhar a Champions pra você amor. Aquela taça vai ser toda dedicada à você. - falou.

Ele queria quebrar aquele mármore, jogar fogo em todo aquele cemitério. Paulo queria destruir tudo que lembrasse que ela não estava mais lá..

-Estou tentando ser forte, pela Sol. - sorriu - É Sn, o nome da sua filha é Soledad. Ela vai sair do hospital hoje. Eu tive que vir aqui te contar antes de ir buscar ela. A nossa garotinha parece contigo, infelizmente ela tem o seu nariz, mas graças a Deus herdou os meus olhos.

Ficou minutos calado sentindo o cheiro da grama molhada e a chuva fria.

-Está sendo um inferno aqui sem você, droga eu estava tão acostumado contigo. Odeio saber que ninguém vai mais implicar comigo, que você não vai mais dizer que Pelé é melhor que o Maradona. Odeio saber que nossa filha vai crescer somente com fotos e lembranças suas que darei a ela.  Você tinha que estar aqui.

Ele estava aos prantos.

-O que me deixa um pouco melhor é saber que tenho um pedaço de você sempre comigo agora. Pra sempre. Eu vou cuidar dela, dar o melhor para que ela seja uma mulher tão incrível quanto a mãe dela foi.

Ele levantou e deu uma última olhada na lápide - Eu vou amar você até que eu esqueça o meu próprio nome.

E foi embora, deixando uma parte do seu coração ali. A outra estava no hospital esperando por ele.

Ele falava com ela ao telefone, pelo alto falante do carro, se não estivesse no meio de um treino funcional na academia, ele iria pessoalmente levá-la ao médico. Mesmo que fosse encontrar ela lá, Paulo não gostava da ideia de ver a namorada dirigindo sozinha, ainda mais com a gravidez em um estágio tão avançado.

-Paulo relaxe, nós estamos bem. - ele sabia que por mais atenção que ela tivesse, o trânsito era imprevisível e a qualquer momento o pior poderia acontecer - Vamos chegar na clínica em poucos minutos... - ele ouviu o brecar do carro e um tumulto de vozes - podem levar, podem levar! - ela disse saindo do carro.

O rapaz já estava tenso com o vozerio, mas ficou pior quando ouviu o estalo de um tiro.

Largou aparelhos e tudo ali, saiu correndo da concentração trombando em Douglas no caminho.

-Me leva inferno! - o brasileiro gritou mas percebeu que o amigo não estava bem e foi atrás dele - O que foi?! - perguntou chegando perto de Paulo que procurava as chaves de seu carro - PAULO!

O argentino chorava xingando a chave que mal achava.

-Sn! Ela-ela levou um tiro!

Douglas arrancou a chave da mão dele, o puxando para o estacionamento, o celular no ouvido lhe dei a certeza que as pessoas em torno da confusão chamaram a polícia e a emergência. Ela tinha ido para o hospital central de Turim.

···

-Familiares de Sn S/S?

-Eu! - ele levantou - Como ela está doutor?

O homem tirou a touca cirúrgica, encarando o garoto com pesar.

-O projétil estilhaçou a última costela dela, perfurando o fígado. Quando ela deu entrada já tinha se instaurado hemorragia hepática grave. Tentamos estabilizar e tirar a bala mas ela não resistiu e veio a falecer no meio da operação. Conseguimos no entanto realizar o parto da criança que está bem, no momento a menina foi para o berçário.

Era uma menina então. Eles fariam o chá de revelação no domingo.

Era uma sexta-feira.

Paulo desabou no meio do hospital.

Ele odiava sextas-feiras.

···

No berçário, a menininha ainda sem nome dormia com o polegar na boca, a roupinha rosa cedida pelo hospital a deixava como um pequeno pacotinho rosado.

-Eu posso pegá-la? - indicou o bebê a enfermeira.

-Claro, vista isso e entre.. - entregou o jaleco para ele.

Paulo entrou manso na sala, ouvindo o balbuciar dos bebês, se concentrando na pequena com carinha de joelho que ele amava. Pegou a criança com cuidado, pondo-a apoiada no peito para que continuasse a dormir.

-Ela é linda.

-Sim - concordou.

-Como vai chamá-la?

-A mãe dela adorava girassóis.. E amava o sol. - falou baixinho - Ela vai se chamar Soledad. Vai ser meu pequeno e brilhante Sol.

Paulo prometeu a Sn que cuidaria do pequeno sol deles. Ele daria a vida por ela.

-Meu pequeno e brilhante Sol.

···

Tem um olho na minha lágrima. Sou dramática demais gente, desculpa. Adoro escrever drama e é o que eu escrevo de melhor.

Hoje eu tô inspirada então sepa eu posto mais alguns hoje.

billieblanco meu amô, seus imagines estão do teu agrado?

𝗠𝗜𝗟𝗘𝗬 𝗖𝗬𝗥𝗨𝗦 || 𝚏𝚞𝚝𝚎𝚋𝚘𝚕Onde histórias criam vida. Descubra agora