Seus olhos eram cor de caramelo e seu rosto era firme, porém, demonstrava gentileza.
— A partir de hoje, sou Maria. Nada de capitão ou Lisboa. — Sua voz parecia a mesma, porém, a ausência do abafamento metálico mudava muito. Hikaru congelou no seu assento e não piscou por minutos. Maria Lisboa, como é seu verdadeiro nome, também estava nervosa e não soube reagir a sua falta de reação, então, esbofeteou-o na bochecha inesperadamente, derrubando-o da cadeira.
— P-Por que?! — Hikaru exclamou, caído no tapete.
— Por que não reage, droga?! - Mesmo envergonhada e sem seu elmo, ela ainda parecia intimidadora.
— Por que se esconder? Não ligo para o tapa... — Sua mão acariciava a área do impacto — Mas não entendo o porquê de usar uma máscara.
— Talvez você não entenda, mas eu precisava garantir que meus homens me respeitassem como capitão. Não poderia arriscar a confiança do meu rei naquela época.
— ... E por que agora?
— Porque não preciso ser capitão, não aqui. Além do mais, Geanini pediu que fossemos mais discretos.
— Oh... Geanini também sabe?
— Sinceramente, era só ele até agora. É bom que fique calado, homem sem memória, ou eu mesmo apago o que resta dela.
Maria mordeu uma maçã e pousou-a de volta na mesa. Começou a soltar sua armadura pesada e despiu-se de tudo, com exceção de vestes inferiores simples e um conjunto de faixas que pressionavam seus seios. Seu corpo era musculoso e nada delicado, com ombros largos e hematomas por toda a pele. De seus pertences, vestiu uma camiseta simplória e calças largas, assim como um cinto e botas de couro marrom.
— Vamos arranja outra espada para ti, veremos se agora você pode me atingir.
Partiu do quarto exalando confiança, como nunca havia acontecido dentro daquela armadura jogada no canto do quarto. Hikaru seguiu-a, mastigando a sua última maçã.
Durante seus treinos como o anterior, Lisboa ensinou Hikaru o manejo coreto da espada da maneira que lhe foi ensinada. Sua esgrima vinha da postura real dos Angeli, que mantinham o costume da prática com lâmina desde tempos longínquos. Usufruindo de sua agilidade, Hikaru adaptava suas novas técnicas ao seu reflexo veloz. Durante as aulas práticas no pátio de treino, o frio mal se manifestava em seus corpos e, durante a noite, muitas vezes se reuniam a lareira de seus aposentos para que Maria lhe ensinasse a ler e escrever. Seus ensinamentos eram rígidos, mas tudo agora parecia mais claro para ambos.
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Aquele com O Vento: Livro 1
FantasíaA queda de um misterioso homem do céu intriga os moradores dos grandes reinos. Este homem, sem memória de acontecimentos anteriores, busca respostas em uma épica jornada, contando com aliados, enfrentando inimigos, temendo criaturas e amando da form...