Eu Ainda Pinto Flores Para Você

IV - Romance x Terror

Verde, vermelho, marrom, cada cor tem espaço para pintura. A flor que estava no paletó do Noah ganha vida em minha tela. Enquanto ele tenta fazer a janta que pelo que senti não está dando certo, já que um forte cheiro de queimado vem da cozinha. Noah não pode se quer desconfiar que algumas pinturas se refere a acontecimentos que envolve sua pessoa.

Quando o desenho ficou pronto e quase secou, em um movimento rápido, o coloco atrás do armário, quando ouço um barulho no corredor.

— Bella? — abre um pouco a porta —  O queimado já está pronto.

— Já estava pensando em chamar o corpo de bombeiros.

— Tentei fazer almôndegas, mas não deu certo — diz cabisbaixo.

— Como você tentou fazer? — indago.

— Promete que não vai rir?

— Não sei.

— Por um momento, fritei as almôndegas e elas se desmancharam totalmente — bate de leve com a mão na testa.

— Espera, você o quê? — solto gargalhadas.

— Você tinha prometido que não iria rir. E sim, não sei cozinhar muito bem — confessa.

— Você fritou a almôndega — gargalho vendo sua expressão de desaprovação — Tudo bem, parei.

— Obrigada mocinha. Vamos jantar — caminha por trás da cadeira e começa a empurrá-la.

— Vamos sim, senhor almôndegas — implico.

— Pelo visto arrumei algo para que você possa caçoar de mim — sorri.

— Tudo bem, agora falo sério, não irei dizer mais nada a respeito.

Chegamos a mesa de jantar e percebo que ela está perfeitamente arrumada, há duas velas no centro e duas taças nos dois lugares. O cheiro da comida exala aos quatro cantos dessa casa.

— Você não fez essa comida — afirmo.

— Não mesmo. Comprei no seu restaurante favorito — se senta a mesa, depois de ter me colocado a sua frente.

— Como sabe meu restaurante favorito? — pergunto.

— Tenho minhas fontes — solta um riso.

— E será que posso saber quem é essa fonte?

— Você por um acaso já viu detetives revelarem seus comparsas?

— É diferente.

— Segredos são partes ocultas que as pessoas guardam para si — explica.

— Sei como é isso, já perdi as contas de quantas coisas as pessoas esconderam de mim — suspiro.

— E você não se preocupou em conversar com elas para esclarecer as coisas?

— Nesses casos creio eu que diálogo não resolve.

— As pessoas perdem aquelas que elas amam por falta de diálogo.

— Se fosse fácil dialogar com elas quem sabe tudo seria diferente.

— Fácil todos nós sabemos que não é, mas se você não tentar, corre o risco de perder quem você ama para sempre — argumenta.

— Você tem razão. Vamos jantar se não vamos comer comida fria.

— Concordo com você — pega o guardanapo e coloca sobre seu colo.

Confesso que estou gostando de sua presença em minha casa. No começo, criei várias vírgulas no caminho pensando que não daria certo, mas na verdade era drama. Fiz uma promessa para meu pai de que seria eu mesma, não tentarei ser alguém para as outras pessoas aplaudir enquanto não estou satisfeita com aquilo.