Introdução

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Aquela era uma noite de festa na mansão Rose.

Não era algo atípico na vida da sociedade de São Paulo e os Roses faziam parte daquele 1% que jamais saberia o que significa passar alguma dificuldade financeira. Teodoro Rose, líder da família, era um empresário de sucesso que herdou os negócios das gerações passadas e apenas aumentou o patrimônio já bem grande dos Roses e todas as suas indústrias.

Mas a festa que acontecia não era para exibir o poderio econômico e sim a beleza das três herdeiras que eram destaque na família e na sociedade.

Teodoro se orgulhava de sua "prole" e de como sua família atraía o sucesso.

No entanto, enquanto o salão principal da mansão estava recebendo a alta sociedade, Teodoro estava na porta dos fundos esperando por um carro que contornava a entrada e seguia pelo caminho de carga e descarga até a entrada dos empregados. O líder da casa ficou tenso quando aquele carro escuro estacionou e o motorista contornou até a porta do passageiro e abriu.

O homem que saiu vestia um manto por cima do terno e cobria sua cabeça, impossibilitando de ver seu rosto.

- Boa noite, senhor. – Teodoro fez um leve aceno com a cabeça em sinal de respeito.

Ele se aproximou da entrada com passos leves. – É uma boa noite, sem dúvida. – Respondeu com uma voz rouca e passou pelo anfitrião indo para dentro da mansão.

Existiam muitas histórias ao redor do homem do capuz, ele era respeitado e temido no ciclo dos nobres, onde carregava a alcunha de "Grã Mestre", nunca mostrava o rosto, diziam que fazia isso para esconder todas as cicatrizes em seu rosto, resultado de inúmeras batalhas contra os caçadores de sua espécie, outros diziam que não queria mostrar o rosto porque poderia ser reconhecido pelos seus inimigos que buscavam vingança por tantas mortes.

De qualquer forma, quando ele apareceu com sua pose de líder e trouxe grandes oportunidades de sobrevivência para os vampiros, ninguém hesitou em segui-lo.

- Vai ficar na festa? – Teodoro perguntou o seguindo, os empregados que corriam agitados com bandejas de comida e taças de champanhe, se afastavam ao se deparar com os dois.

- Sabe que não gosto de festas. – A voz rouca respondeu. – Estou aqui apenas pelos últimos preparativos.

Os dois subiram por uma escada lateral para o andar de cima, evitando o salão principal onde a música e as conversas animadas chamavam a atenção. O segundo andar estava silencioso e escuro, mas o homem de capuz não pareceu se incomodar, desceu pelo corredor e parou na segunda porta à direita, como se conhecesse bem aquele lugar.

Haviam duas garotas na sala quando eles entraram, ambas com vestidos de festa. A mais nova parecia ter por volta dos dezesseis anos, podia-se dizer que estava na "flor da idade", era loira com as pontas de suas mechas num tom de azul intenso, tinha as feições delicadas como as de uma boneca de porcelana. Seus olhos claros eram tímidos e carregados de inocência. A outra já era considerada uma mulher, sua aparência mostrava por volta dos vinte e três, os cabelos negros presos num coque deixavam a mostra um pescoço fino e longo como o de um cisne, carregava uma sensualidade natural em seus olhos castanhos era o tipo de pessoa que chamaria a atenção na festa com aquele justo vestido vermelho.

As duas levantaram e fizeram uma leve revência ao ver os dois.

- Olá minhas rosas. – O homem de capuz disse com um tom mais amigável do que aquele que usava com Teodoro. Elas sorriram.

- Grãs Mestre, é um privilégio querer falar conosco. – A jovem mais velha disse, sua voz era tão suave e atraente como todo o resto. A mais nova manteve-se em silêncio alguns passos atrás.

- Elas estão animadas com o programa. – Teodoro disse orgulhoso. – Minhas filhas farão a audiência subir.

As duas jovens eram parte do orgulho da dinastia Rose, eram as futuras herdeiras das empresas e contas milionárias, conhecidas na sociedade, cada uma por sua característica e agora fariam parte de um plano muito maior do que apenas o sucesso de sua família na alta sociedade.

O "A escolha de uma milionária" era um programa bobo e simples que era transmitido por um canal de tv à cabo. Consistia em ter a filha de uma família rica e outros seis jovens por três meses numa mansão, no final ela teria que escolher um deles para receber uma gorda quantia em dinheiro.

Tudo na verdade era apenas fachada para esconder as famílias nobres de vampiros das mãos dos caçadores e dessa vez as coisas seriam diferentes, não seria um simples programa para afastar suspeitas. O Grãs Mestre tinha um plano muito maior e queria as três garotas Rose para colocá-lo em prática.

- Não devíamos chamar a Cornélia para essa conversa? – A jovem loira perguntou, ela soava como uma garotinha tímida, mantinha os ombros encolhidos, a voz baixa, quase num sussurro.

- Tenho outros planos para ela, minha queria Euphia. – O Grãs Mestre respondeu e Teodoro sorriu orgulhoso com aquelas palavras. Sua filha mais velha era muito bem vista entre as famílias nobres e o líder que os guiava. – Ela não conhece nossos rituais como vocês, então o assunto que tenho a tratar é apenas com vocês duas.

Os três esperaram que ele continuasse, houve um instante de silêncio e a expectativa deles preencheu o espaço, era emocionante que o líder quisesse algo deles pessoalmente. – Esse jogo será diferente, haverá um jovem perigoso que precisará ser vigiado.

- Um jovem perigoso? – A morena perguntou com certo interesse.

- Ele será o humano escolhido para o sacrifício do sol.

Aquelas palavras fizeram o silencio cair sobre a sala como uma tempestade inesperada. As garotas olharam para Teodoro assustadas, até ele ficou surpreso demais para responder algo de imediato. Eles sabiam sobre o sacrifício do sol como poucos nobres conheciam. Mas usar o programa para conseguir alguém? Por que agora?

Enquanto essa perguntas começavam a surgir naquela sala, no salão ninguém entendia o que aquela festa realmente significava e o que estava por vir.

O ciclo das RosasOnde histórias criam vida. Descubra agora