Capítulo 2 - A primeira Rosa

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Cornélia


Ser uma Rose implicava muitas responsabilidades e por ser a filha mais velha esperava-se muito de mim. A maioria delas eu queria evitar.

Não que isso fosse possível.

Eu jamais poderia fugir de algo que precisava fazer e sempre existia alguma coisa a ser feita, foi isso que me trouxe para essa mansão junto com as minhas irmãs, para participar daquele estúpido programa.

- Tem câmeras e telas espalhados por toda a área comum. – Conhecíamos bem a mansão da família, mas ainda assim seguimos a supervisora por todo o lugar escutando tudo o que ela tinha para dizer. – Nos seus quartos e no dos participantes temos telas de comunicação, mas não câmeras transmitindo.

- Nada de câmeras nos quartos? – Camile soou chateada do meu lado. – Mas é onde a diversão acontece.

Revirei meus olhos.

Camile era minha irmã do meio e a segunda herdeira na família. Talvez por isso ela não se sentisse a pressão da forma que eu sentia e isso costumava me causar muitos problemas com a forma que ela agia, falava ou se vestia. Tudo parecia uma chance para provocações.

- Camile... – Chamei sua atenção e ela simplesmente riu.

- Visitas aos quartos dos participantes são proibidas. – A supervisora olhou para nós e minha irmã apenas deu de ombros.

- Temos que ficar o tempo todo com eles? – Minha irmã mais nova perguntou. Euphia parecia tão desconfortável quanto eu em estar ali.

A mulher se virou para nós com uma expressão séria. – Meninas, vocês sabem como o programa funciona, certo? A audiência vai depender da interação de vocês.

Aquele maldito programa.

Meses atrás nosso pai havia feito uma reunião conosco informando que o Grã-Mestre nos escolhera como as próximas participantes do programa que era organizado pelos nobres do conselho.

Vampiros.

Existiam muitas lendas e histórias que giravam em torno dessa palavra. Muitos livros e filmes que exploravam esse universo das mais variadas formas, algumas vezes sendo até muito exagerados. Mas era isso que nos mantinha em segurança. Enquanto as pessoas continuassem inventando histórias sobre esse assunto, mais longe estariam da realidade.

E mais seguros estaríamos nesse mundo.

Era por isso que fazíamos esse tipo de coisa, parecer três garotinhas ricas se divertindo numa mansão enorme era o disfarce perfeito para encobrir quem éramos de verdade.

Criaturas da noite que se alimentavam de sangue.

- Esse programa precisa manter as aparências. – A mulher disse nos guiando pelo salão que serviria de sala de jantar. – Então se precisarem de qualquer coisa, precisam pedir longe das câmeras.

Eu e Camile nos entreolhamos, Euphia continuou um pouco atrás de nós e não esboçou nenhuma reação, tinha minhas ressalvas quanto a participar desse programa e quando isso passava para minha irmã mais nova, era totalmente contra sua participação, mas o conselho fora bem direto sobre isso: nós três devíamos participar.

Euphia era uma garota frágil e com ela participando teríamos que tomar o dobro de cuidado.

- É por isso que os quartos estão fora do pacote, muito bem. – Camile disse com um sorriso para nossa irmã mais nova. – Muita bagunça, sem nenhuma prova de culpa.

Euphia riu, mas eu não consegui me tranquilizar.

Depois de nos apresentar tudo o que devíamos fazer, a supervisora nos dispensou para cuidar dos últimos preparativos antes dos convidados chegarem, fomos mandadas para os nossos quartos, onde tudo o que nos pertencia já estava no lugar, as instruções eram para que nos preparássemos. Suspirei imaginando como seriam as coisas depois que eles chegassem. Seriam três longos meses.

O ciclo das RosasOnde histórias criam vida. Descubra agora