Capítulo 3 - Negócios de família

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Rose


As telas se iluminaram mostrando todos os cômodos da casa, o jogo havia começado.

- Estão todos na sala de jantar senhor. – A moça que observava o monitor três me informou. – Menos a sua filha mais nova.

A sala de monitoramento tinha muitas telas, cada uma mostrando uma área da mansão. Eu já tinha passado por outras temporadas cuidando do programa, estava acostumado com tudo aquilo e me sentia orgulhoso pelo bom trabalho que tinha feito até então.

Mas dessa vez era diferente.

- Monitore a câmera dela também.

Não só pelo fato de serem as minhas filhas as escolhidas pelo Grã-Mestre para essa edição, mas pelo risco que corríamos com aquele participante que poderia colocar tudo a perder. As garotas precisavam ser perfeitas, tudo dependia delas e eu não iria tolerar que falhassem.

O conselho dos nobres só esperava por qualquer falha minha ou da minha família para nos derrubar. Todos queriam ver a família Rose pelas costas, éramos os favoritos do Grã-Mestre e isso causava muito ciúmes.

- Teodoro? – Minha esposa entrou na sala. – Como elas estão?

- Até agora tudo bem. – Respondi encarando a tela três.

- Suas filhas ficam ótimas na tela senhora Rose. – A moça se virou para ela e disse de forma bem agradável. Eu tinha que concordar, elas tinham a aparência perfeita, todos as amavam, a audiência iria nas alturas e adoraria esfregar isso na cara do conselho.

Olhei para os participantes e senti a raiva passear pelas minhas entranhas. Cravei meus olhos naquele garoto odioso, adoraria vê-lo sofrer. Já tinha perdido muito na minha vida e a culpa girava em torno do que ele representava. Ia destruí-lo de todas as formas possíveis.

- É ele? – Minha esposa se colocou do meu lado e bateu o dedo indicador na tela.

- É.

Ela riu satisfeita. – O Grã-Mestre escolheu bem.

- Vou adorar vê-lo se contorcer no altar. – Murmurei com um tom prazeroso de antecipação. Três meses. Era tudo o que lhe restava de vida.

Tudo correria conforme o plano que havíamos traçado, as meninas sabiam os seus papéis. – Elas não vão me decepcionar. – Pensei em voz alta e Samanta me olhou, trocamos um olhar silencioso.

Se os planos que corriam agora não dessem certo, se nossas filhas não superassem as expectativas, tínhamos uma segunda escolha a fazer. Ela segurou minha mão.

Quando conheci Samanta, não era ninguém relevante nesse mundo, minha esposa não trazia nada de interessante, mas vi nela o potencial que eu precisava. A trouxe para o meu mundo, lhe dei o meu sangue e em troca recebi uma mulher leal à todas as minhas conquistas e planos, não tinha a mínima dúvida que ela mataria por mim, queimaria no sol com uma única ordem minha e era isso que eu precisava do meu lado.

Gente que matasse ou morresse por mim.

Olhei para Cornélia sentada na ponta da mesa de jantar, minha primogênita. Para todas as pessoas eu tinha que mostrar que minha filha era o meu orgulho, mas deixava claro para ela que queria um garoto como herdeiro, no entanto, nunca fui escolhido. Minha filha tinha seus atributos e admitia isso. Mas a maioria dos nobres tinha primogênitos para seguir suas linhagens e eu devia me contentar com ela, uma boa filha, mas fraca, não conseguia entender o que o Grã-Mestre via ou esperava tanto dela. Só me restava me gabar pela escolha do nosso líder vir para nossa família.

- Se eu tivesse que apostar em alguém, seria na Camile todas as minhas fichas.

Samanta riu. – Todos nós, querido.

Minha segunda filha era mais forte, só que muito mais difícil de se domar. Nossa moeda de troca perfeita. Já havia nos rendido bons acordos e retribuía de forma satisfatória.

Infelizmente era nossa segunda escolhida, nunca seria nossa herdeira principal, o melhor a ser feito por ela seria arranjar um bom casamento como tínhamos feito com a Euphia.

- Acha que Iago ficaria com ela?

Iago era um dos poucos nobres que me servia como aliado e que eu poderia usar a meu favor no conselho, ele mantinha boas relações com o Grã-Mestre e era muito útil no ritual do sol, talvez tornar Camile sua esposa nos rendesse algo vantajoso.

- Por que não ficaria? – Samanta deu de ombros. – Nós já a usamos com ele quando foi preciso, não é? Devia se preocupar com o que faremos com a Cornélia.

Minha esposa tinha razão. Eu sabia da grande afeição que a família Salazar nutria pela minha filha mais velha, especialmente o herdeiro deles, mas por alguma razão desconhecida Cornélia insistia em recusá-lo. – Talvez devêssemos falar com Franco Salazar e propor um acordo.

- Aceitaria a ideia de tornar nossa herança a deles? – Minha esposa carregava a original ganância dos Roses e não parecia satisfeita com a ideia de ver o que tínhamos conquistado indo parar nas mãos de outra família.

- Poderíamos fazer um bom acordo.

Não queria discutir esse assunto com Samanta aqui, com todos aqueles olhos nos observando, não sabíamos em quem nossa confiança poderia ser depositada, haviam olhos e ouvidos do conselho por todos os lados e a última coisa que precisava era de alguém atrapalhando meus planos.

Três meses, é tudo o que preciso. Repeti isso na minha cabeça encarando as telas novamente.

Em três meses eu conseguiria tudo o que vinha desejando minha vida inteira.

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⏰ Última atualização: Apr 26, 2019 ⏰

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