Prólogo

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A garoa caía levemente do outro lado da janela, o corpo fino e pequeno da menina estava escondido entre as cobertas, sua mão na sua boca roendo a unha, ela estava apenas esperando, quieta, sua nova missão.

Sim, missão.

— Deveria tentar dormir, Senhorita Davis.– um homem alto, esbelto e de cabelos negros, olhos azuis e feição seria, diz.

Ela sorri e continua olhando a chuva descer pela janela, o homem nega e das as costas. A única coisa que passa por sua cabeça.

Louca.

Ela ri alto pelos pensamentos dele, muitos a chamam de louca, psicótica.

Mas mal sabem, que ao chamarem ela disso, estão insultando os loucos e psicóticos.

Ela é pior que o diabo, praticamente filha dele.

Perto dela? Ele vira uma piada.

O som estridente do celular alcança seus ouvidos e sua cabeça vira observando o mesmo vibrando perto da ponta da mesa. Ela está a mais de dois quilômetros da mesa, o número é bem visível.

O número de seu comprador.

Sua graciosidade em se mexer, andar e falar, a tornam uma felina, feroz e com instintos de caça.

Ah! Ela ama uma boa caça. Uma caça que fuja enquanto ela anda calmamente atrás da mesma.

Seu hobby, matar.

Sua fome, sangue.

Seu prazer, a dor.

Ela é louca, até ela mesma sabe, mas isso é passado de família. Sua bisavô, a avó de sua avó e assim foi. Isso só passa para as mulheres de sua família.

Algumas foram sortudas por serem poupadas disso ao longo dos anos. Mas com os pulos de gerações, o poder foi se acumulando, a fome, o prazer, o instinto de matar. Isso só aumentou.

Isso a tornou oque ela é hoje.

Uma assassina, louca.

— Jacob Jenks. 35 anos, casado, dois filhos, candidato a prefeito, vai ganhar. O seu comprador o quer morto.– uma voz monótona, robótica lhe dá as instruções.

Sua voz não sai, ela não gosta de matar crianças, elas são puras, boas. O mundo ainda não as estragou. Mais vai.

Sempre foi. E sempre será, assim.

— Eu posso me arrepender...– sua voz rouca e divertida começa contida.— Mas como sua amiga, e você como meu amigo, eu lhe pergunto.

O silêncio do outro lado a fez temer. Ela não morre, isso é bem claro, mas nem a morte supera a dor de uma perda materna.

— Isso vai acarretar em punições Senhorita Davis.– sua voz alerta.

— Tudo bem.– murmura e se senta no sofá encarando a janela.— Me passe as instruções do local e do dia.

Ambos sabem, ambos desconfiam.

Essa seria sua nova e última missão. Pois os seus verdadeiros alvos eram Sam Winchester e Dean Winchester. Os irmãos.

Ela não teme a morte, não há como temer ela. A mesma é como uma amiga antiga, acolhedora e com um abraço quente.

Seu abraço está perto de chegar. Nada é imortal, muito menos ela. Mesmo que tenha esperanças, sua morte, seu ceifeiro, está perto. Tão perto que nem disfarça, abaixo de seu nariz, e ela ignora.

Ela sabe. Sempre soube. Seu fim iria chegar, sua morte, seu ceifador particular.

E ele estava mais próximo do que lhe havia sido dito.

A Libertadora Das TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora